fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 23:31 Sem categoria

Banco Central acena com mais cortes de juro e cobra debate sobre taxa real

Em novo relatório de inflação, Banco Central incorpora pessimismo sobre rumos da economia global e piora previsões para inflação e PIB em 2011, mas vê perspectiva mais favorável em 2012. Para BC, crise mundial permite atingir meta de inflação no ano que vem com ‘ajustes moderados’ no juro. Segundo diretor de Política Monetária, chegou a hora de debater taxa real no Brasil.

BRASÍLIA – O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira (29) mais um relatório trimestral de inflação, seu documento analítico mais importante, em qua traça um cenário pior para 2011 tanto na variação de preços (maior) quanto no crescimento (menor). Para 2012, fonte de maior preocupação do BC, contudo, a situação ficou ligeiramente melhor – ao menos no caso da inflação -, por causa da crise econômica global.

Para o BC, a alta probabilidade de a economia mundial continuar patinando ajudará a conter os preços no Brasil. Ao mesmo tempo, permitirá ao banco manter a política de corte da taxa de juros. Num cenário assim, sem perspectiva de reversão no curto ou médio prazos, o BC entende que já é hora de o país começar a discutir qual deve ser o juro real – descontado da inflação – “normal” da economia brasileira.

Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Carlos Hamilton de Souza, hoje, “o Brasil se sobressai com a maior taxa de juros real” do mundo, algo em torno de 5%. Ao divulgar o relatório, o diretor apresentou um quadro comparativo com outros 14 países. O juro que mais se aproxima do Brasil é o chileno, na casa de 2%. Estados Unidos, Reino Unido, Nova Zelândia e Suécia praticam juros reais negativos. China, Índia, Rússia, África do Sul praticam algo perto e zero.

“No BC, nós refletimos continuamente sobre juro real de equilíbrio. É um conceito chave para a inflação”, disse Hamilton de Souza, para quem este é “debate importante” que costuma ser “esquecido” pelos analistas. “Raramente leio uma newsletter de um analista colocando sua posição”, afirmou. Segundo ele, o BC tem, mas não divulga, sua estimativa de juro equilíbrio.

A discussão do assunto torna-se cada vez mais necessária, na medida em que o BC dá claros sinais de que seguirá com sua política de redução da taxa básica de juros iniciada em agosto, apesar de críticas do “mercado”.

Ao divulgar o relatório de inflação em entrevista nesta quinta, o BC distribuiu à imprensa uma apresentação “power point” com um recado bem claro – inexistente no documento principal – sobre qual é a visão de seu Comitê de Política Monetária a respeito do futuro da taxa Selic.

“O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, ajustes moderados no nível da taxa básica são consistentes com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012”, diz a apresentação.

Fator externo
O “ambiente global” mencionado pelo BC foi o principal fator de variação entre os quadros descritos pelo relatório de inflação de junho e o desta quinta-feira. “O cenário internacional piorou demais. Só a partir de agosto, isso tornou-se mais visível”, disse Hamilton de Souza.

De um relatório para o outro, caíram as previsões de crescimento, em 2011 e 2012, de países com economias importantes, como os Estados Unidos, Japão, os europeus, China e Índia. E o BC acredita que, até o fim do ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deverá rebaixar mais um pouco estas estimativas.

Com a economia global desacelerando, há menos espaço para inflação dentro do Brasil por duas razões. A primeira é que o preço de produtos com cotações internacionais, como as commodities (petróleo, alimentos, minério de ferro), tem poucas chances de subir num cenário assim, e o Brasil não terá de importar essa inflação de fora.

A outra é que a própria economia brasileira vai crescer menos porque, embora tenha condições de sair bem com base no mercado interno, não é imune à influência do negativismo externo, que afeta as exportações, por exemplo.

“O mundo está se desinflacionando”, afirmou o diretor, repetindo o que havia dito o presidente do BC, Alexandre Tombini, em audiência pública no Senado dois dias antes. “Há expectativa de que haja desinflação de 2011 para 2012 não só no Brasil, mas no mundo”, disse o diretor.

Desinflação, no caso, significa inflação mais baixa, e não queda de preços. Para 2011, a nova previsão do BC é de uma taxa de 6,4%, quase no limite máximo autoimposto pelo governo (6,5%) – no relatório de junho, a estimativa era melhor (5,8%). Mas, para 2012, a estimativa ficou mais favorável, recuando de 4,8% para 4,7%.

Já no caso do crescimento econômico, a previsão do BC caiu de 4% para 3,5%.

Por André Barrocal.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cartamaior.com.br

Close