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A luta por um projeto de desenvolvimento nacional soberano e inclusivo

A CMS e a luta por um projeto de desenvolvimento nacional soberano e inclusivo

Membro da direção operativa da Coordenação dos Movimentos Sociais, Rosane Bertotti destaca papel da unidade e da mobilização para barrar retrocessos e avançar nas conquistas

Escrito por: Rosane Bertotti

Na afirmação de um projeto nacional e popular de desenvolvimento soberano, as diversas entidades que compõem a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) têm levado às ruas bandeiras que dialogam com o fortalecimento do protagonismo e do papel público do Estado, com maiores investimentos nas áreas sociais, valorização do trabalho, redistribuição de renda, garantia e ampliação de direitos. Esta é a nossa receita contra a crise que assola os países capitalistas centrais, onde o sistema financeiro faz a festa com o desmantelamento do Estado e o escárnio de milhões de desempregados, desabrigados e famintos.

Como bem apontou a Assembleia dos Movimentos Sociais realizada durante o Fórum Social Mundial de Dakar, em 2011, temos quatro eixos comuns: Lutar contra as transnacionais; lutar pela justiça climática e pela soberania alimentar; lutar para banir a violência contra a mulher; lutar pela paz e contra a guerra, o colonialismo, as ocupações e a militarização de nossos territórios. A realização da Rio+20 e da Cúpula dos Povos, no mês de junho, no Rio de Janeiro, passadas duas décadas da ECO 92, será uma grande oportunidade para ampliar o diálogo com o conjunto da população sobre a necessidade da construção de alternativas à crise. Por isso desde já, todos e todas estamos convocados a somar no dia 5 de junho, numa grande jornada de mobilização global contra o imperialismo e em defesa da justiça ambiental e social.

Em nosso país, duas grandes batalhas neste comecinho estendido de ano, a luta dos servidores federais por aumento real de salário e dos trabalhadores em educação pelo Piso Salarial Nacional do Magistério ganham destaque, estampando qual a direção e sentido das ações empreendidas coletivamente por nossas entidades e o posicionamento das diferentes autoridades públicas.

As premissas de justiça e inclusão social colocadas na plataforma de reivindicações unitárias aprovadas pelas distintas entidades que compõem nossa Coordenação foram essenciais para demarcar – e aglutinar – um campo de organização e mobilização. Forças que têm se demonstrado essenciais para fazer avançar as mudanças em nosso país e sem as quais muito do conquistado não passaria de letra morta, sem maiores resultados práticos na vida de milhões de pessoas. Nunca é demais destacar a relevância desta unidade e de seu significado estratégico para a ruptura com a camisa de força da dependência, da alienação, do machismo, do racismo e de toda forma de preconceito. Neste momento em que muitos dos avanços se veem em xeque diante de atropelos e descaminhos adotados como política no último período pelo governo, a existência e proeminência da Coordenação dos Movimentos Sociais torna-se cada vez mais essencial para o bom combate.

A CMS alerta para o descompasso presente para acertar o rumo futuro, com a responsabilidade de quem teve papel chave na derrota da criminosa política demotucana nas ruas e nas urnas, e reivindica reformas estruturais que avancem e consolidem conquistas.

Comprometidos com a construção de melhores dias para nossa gente, nos contrapomos à agenda dos derrotados, pautada cotidianamente pelo sistema financeiro, pelas transnacionais e pela sua mídia, que disputam palmo a palmo cada centavo do Orçamento, empenhados na manutenção de uma lógica excludente e parasitária que sangra as riquezas do país e corta recursos imprescindíveis para garantir saúde, educação e habitação de qualidade à população.

Avessos à democracia e à liberdade de expressão, os grandes conglomerados de comunicação se empenham em manter a submissão política e ideológica aos seus ditames, para que tudo continue como antes no quartel de Abrantes. Em ano eleitoral, tais armações e manipulações tendem a se aprofundar, fabricando “consensos” e ditando contra-sensos. De que outra forma explicar que o Santander tenha lucrado no Brasil 28% da montanha de dinheiro que amealhou em todo o mundo, senão pelas altíssimas taxas de juros que inviabilizam a produção, alavancam o desemprego e ampliam a superexploração da nossa mão de obra? Apesar da propaganda banqueirista, transformada em êxito pelo marketing publicitário, tais recursos saíram em profusão do nosso suor, custaram o nosso emprego, a nossa saúde, comprimiram os nossos salários. E para quê?

Qual a lógica de cortar R$ 55 bilhões do Orçamento para ampliar o superávit primário, drenado ao sistema financeiro? Qual o sentido que tem privatizar aeroportos, numa alienação patrimonial turbinada com recursos públicos do BNDES? E de exportar minério de ferro e importar trilhos? E de exportar algodão e importar têxteis? E de importar até livros didáticos? Foi nesta toada desafinada que o setor industrial, que desde a década de 30 tem sido a locomotiva do desenvolvimento econômico do Brasil, e que havia crescido 10,5% em 2010, desabou para irrisórios 0,3% no ano passado. Infelizmente, com a manutenção das maiores taxas de juros do mundo e de um câmbio altamente daninho ao setor produtivo, desindustrialização e desnacionalização são uma sombra cada vez mais assustadora a atemorizar a classe trabalhadora e a sociedade brasileira.

Muito diferente disso, temos enfatizado o papel do mercado interno para dinamizar a economia e incluir os milhões de brasileiros e brasileiras que continuam relegados a ser párias em seu próprio país, mantidos completamente à margem dos frutos do crescimento. Com a responsabilidade de quem combateu e derrotou a tragédia demotucana, reelegendo um programa de enfrentamento ao escárnio de nosso povo e ao austericídio fiscal, demarcamos campo com os apóstolos do retrocesso neoliberal, com sua política de privatizações, arrocho salarial e corte de direitos.

A construção de um Brasil soberano, justo, democrático e desenvolvido passa, necessariamente, pelo fortalecimento dos movimentos sociais, que reafirmam, junto com cada um de seus alertas e preocupações, a sua disposição para o diálogo. Antes que seja tarde. A hora é agora.

* Rosane Bertotti é secretária nacional de Comunicação da CUT e membro da direção operativa da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS)

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.cut.org.br

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