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Sensação de insegurança para trabalhadores e clientes bancários precisa ser levada a sério

Ataques a bancos crescem 50,48% no 1º semestre de 2012, mostra pesquisa nacional

Levantamento da CNTV e Contraf-CUT, com apoio do Dieese, aponta 1261 ocorrências, sendo 377 assaltos, incluindo sequestro de bancários e vigilantes, e 884 arrombamentos

Crédito: Marcela – Sindicato dos Vigilantes de Curitiba
Números foram apresentados em coletiva à imprensa, em Curitiba

Os ataques a bancos cresceram 50,48% no primeiro semestre de 2012 e atingiram 1.261 ocorrências em todo país, uma média assustadora de 6,92 por dia. Desses casos, 377 foram assaltos (inclusive com sequestro de bancários e vigilantes), consumados ou não, e 884 arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos. No mesmo período do ano passado, foram registrados 838 casos, sendo 301 assaltos e 537 arrombamentos.

Os dados são da 3ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Contraf-CUT, com apoio técnico do Dieese, a partir de notícias da imprensa, estatísticas de Secretarias de Segurança Pública (SSP) e os levantamentos de sindicatos e federações de vigilantes e bancários.

A pesquisa foi lançada nesta segunda-feira-feira (20), durante entrevista coletiva, em Curitiba. Os números também superam os dados do segundo semestre de 2011, quando foram verificados 753 ataques, dos quais 331 assaltos e 422 arrombamentos.

São Paulo é o estado que lidera o ranking, com 289 ataques. Em segundo lugar aparece Minas Gerais, com 165, em terceiro Santa Catarina, com 126, em quarto Paraná, com 109, e em quinto Bahia, com 91.

O levantamento foi coordenado pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, com o apoio do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, da Federação dos Vigilantes do Paraná e da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT/PR). O número de casos pode ter sido ainda maior devido à dificuldade de levantar informações em alguns estados e pelo fato de que nem todas as ocorrências são divulgadas pela imprensa.

“Essa radiografia é resultado de um esforço conjunto das entidades sindicais dos vigilantes e bancários, a fim de revelar dados concretos sobre a violência nos bancos, que tanto assusta os trabalhadores e a população, e buscar soluções para proteger a vida das pessoas”, afirma o presidente da CNTV, José Boaventura Santos.

“Esses dados são muito importantes para o debate com os bancos, as empresas de segurança e a sociedade, bem como para a construção do projeto de lei de estatuto de segurança privada, que se encontra em andamento no Ministério da Justiça”, destaca.

“Trata-se de mais um retrato preocupante da insegurança nos bancos, que mostra a necessidade de medidas preventivas contra assaltos e sequestros, pois esses ataques deixaram um rastro de mortes, feridos e traumatizados”, aponta o diretor da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.

“Esperamos que esses dados mostrem aos banqueiros a importância de apresentar propostas de segurança na terceira rodada de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que ocorre nesta terça-feira (21), em São Paulo”, completa o dirigente da Contraf-CUT.

“O aumento de ataques a bancos, sobretudo de arrombamentos, no primeiro semestre deste ano tem a ver com a onda de explosões de caixas eletrônicos, muitos instalados em locais inseguros e desprovidos de equipamentos de segurança”, explica o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, João Soares. “O Exército precisa melhorar a fiscalização e o controle do transporte, armazenagem e comércio de dinamite”, aponta.

“Os bancos não podem continuar tratando os arrombamentos como problema de segurança pública, na medida em que ocorrem por causa das instalações vulneráveis de seus estabelecimentos e trazem uma sensação de insegurança para trabalhadores e clientes”, alerta o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Otávio Dias.

Ataques a bancos por estado

(1º semestre)

 

UF

2011

2012

Variação %

SP

283

289

2,12

MG

18

165

816,67

SC

34

126

270,59

PR

56

109

94,64

BA

61

91

49,18

CE

13

48

269,23

RS

47

51

8,51

PE

29

42

44,83

MT

48

48

0,00

MA

23

36

56,52

AL

23

34

47,83

PB

54

32

-40,74

RJ

18

24

33,33

GO

14

22

57,14

RO

6

21

250,00

PA

21

19

-9,52

MS

10

17

70,00

RN

12

12

0,00

SE

7

10

42,86

TO

4

10

150,00

DF

3

8

166,67

PI

17

8

-52,94

AM

0

6

AP

5

6

20,00

ES

27

25

-7,41

AC

3

1

-66,67

RR

2

1

-50,00

Total

838

1.261

50,48

 

Fonte: Notícias da imprensa, SSPs e Sindicatos

Elaboração: CNTV e Contraf-CUT

Apoio Técnico: DIEESE – Subseção Contraf-CUT

 

Arrombamentos em bancos, por estado

(1ºsemestre)

 

2011

2012

Variação(%)

SP

179

190

6,1

MG

5

151

2.920,0

PR

32

93

190,6

BA

27

54

100,0

SC

30

121

303,3

CE

8

22

175,0

RS

35

40

14,3

PE

24

24

0,0

MT

40

32

-20,0

MA

19

28

47,4

AL

18

20

11,1

PB

49

15

-69,4

RJ

5

14

180,0

GO

10

16

60,0

RO

3

10

233,3

PA

6

6

0,0

MS

10

14

40,0

RN

12

0

-100,0

SE

6

6

0,0

TO

0

7

DF

3

4

33,3

PI

11

5

-54,5

AM

0

0

AP

0

0

ES

0

11

AC

3

0

-100,0

RR

2

1

-50,0

Total

537

884

64,6

Fonte: Notícias da imprensa, SSPs e Sindicatos

Elaboração: CNTV e Contraf-CUT

Apoio Técnico:DIEESE – Subseção Contraf-CUT

> Clique aqui para acessar o gráfico.

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   Assaltos a bancos, por estado

 (1º semestre)

UF

2011

2012

Variação(%)

SP

104

99

-4,8

MG

13

14

7,7

PR

24

16

-33,3

BA

34

37

8,8

SC

4

5

25,0

CE

5

26

420,0

RS

12

11

-8,3

PE

5

18

260,0

MT

8

16

100,0

MA

4

8

100,0

AL

5

14

180,0

PB

5

17

240,0

RJ

13

10

-23,1

GO

4

6

50,0

RO

3

11

266,7

PA

15

13

-13,3

MS

0

3

RN

0

12

SE

1

4

300,0

TO

4

3

-25,0

DF

0

4

PI

6

3

-50,0

AM

0

6

AP

5

6

20,0

ES

27

14

-48,1

AC

0

1

RR

0

0

Total

301

377

25,2

Fonte: Notícias da imprensa, SSPs e Sindicatos

Elaboração: CNTV e Contraf-CUT

Apoio Técnico: DIEESE -Subseção Contraf-CUT
> Clique aqui para acessar o gráfico.

Carência de investimentos dos bancos

Conforme estudo feito pelo Dieese, com base nos balanços publicados do primeiro semestre de 2012, os cinco maiores bancos lucraram R$ 24,6 bilhões e aplicaram R$ 1,5 bilhão em despesas com segurança e vigilância, o que representa uma média de 6,05% na comparação entre os lucros e os gastos com segurança.

“Esse dado desmascara tecnicamente o truque da segurança. Os bancos dizem que estão preocupados com a segurança, mas gastam muito pouco diante de seus lucros gigantescos”, salienta Ademir.

Lucros x Despesas com Segurança e Vigilância

(1º semestre de 2012)

Banco

Lucro Líquido

 

Despesas com Segurança

%

Bradesco

5,7 bilhões

205 milhões

3,59

Itaú Unibanco

7,2 bilhões

263 milhões

3,69

Banco do Brasil

5,7 bilhões

400 milhões

7,03

Santander

3,2 bilhões

275 milhões

8,51

Caixa

2,8 bilhões

345 milhões

12,13

Total

24, 6 bilhões

1,5 bilhão

6,05

Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos.

Elaboração: DIEESE – Subseção Contraf-CUT.

 

Despesas com Segurança e Vigilância

(1º semestre)

Despesas com Segurança e Vigilância

% do LL 2011

% do LL 2012

Bancos

2011

2012

Bradesco

156 milhões

205 milhões

2,80

3,59

Itaú

240 milhões

263 milhões

3,45

3,69

Banco do Brasil

365 milhões

400 milhões

5,94

7,03

Santander

253 milhões

275 milhões

7,50

8,51

Caixa

276 milhões

345 milhões

12,12

12,13

Total

1,3 bilhões

1,5 bilhão

5,31

6,05

 

Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos.

Elaboração: DIEESE – Subseção Contraf-CUT.

Lucro líquido dos cinco bancos: R$ 24,3 bilhões em 2011; R$ 24,6 bilhões, em 2012.

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“Está na hora de os bancos deixarem de olhar as despesas de segurança e vigilância como custos, mas sim como investimentos que precisam ser aumentados. A vida das pessoas tem que ser colocada em primeiro lugar, pois é o patrimônio mais valioso que existe na face da terra”, aponta Boaventura.

“Os estabelecimentos não podem continuar vulneráveis, expondo ao risco a vida de trabalhadores e clientes, que acabam sendo vítimas de assaltantes cada vez mais ousados, aparelhados e explosivos”, enfatiza o diretor da Fetec-CUT/PR, Carlos Copi.

Números de assaltos superam estatística da Febraban

Os números da pesquisa superam a estatística nacional da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que é restrita a assaltos, consumados ou não. Enquanto a pesquisa da CNTV e Contraf-CUT aponta 377 assaltos no primeiro semestre deste ano, a Febraban apurou 200 no mesmo período, uma diferença de 177 casos.

“A Febraban deveria refazer as contas, pois é uma diferença considerável. Pode ser que ainda existam agências e postos que não providenciam a emissão do Boletim de Ocorrência na polícia”, afirma o presidente da Fetec-CUT/PR, Elias Jordão. “Nós reivindicamos na Campanha Nacional dos Bancários que cópia do BO seja enviada para a Cipa, o sindicato local e a Contraf-CUT”, defende.

“Lamentamos que a Febraban não faça estatística dos arrombamentos, pois, mesmo que ocorram geralmente sem a presença de bancários e vigilantes, revelam que as instalações dos estabelecimentos são vulneráveis e geram insegurança, sendo que várias vezes acabem em tiroteios e até mortes de policiais e transeuntes”, destaca Boaventura.

Mas o que a estatística da Febraban comprova é a importância das portas giratórias com detectores de metais, instaladas no final dos anos 90 após a pressão dos trabalhadores e a aprovação de leis municipais. A experiência revela que elas têm sido eficientes na redução dos assaltos. Em 2000 a estatística apontou 1.903 ocorrências. Em 2010, o número caiu para 369, uma queda de 80,16%.

Já em 2011, ano em que o Itaú retirou portas giratórias na reforma de muitas agências e o Bradesco inaugurou unidades por conta do fim do convênio do banco postal com os Correios, foram apurados 422 assaltos, um crescimento de 14,36%.

“É fundamental garantir a instalação de portas giratórias, por meio da aprovação de leis municipais e estaduais”, salienta Ademir. “Também queremos que esse equipamento seja item obrigatório no projeto de lei de estatuto de segurança privada, que está sendo elaborado pelo Ministério da Justiça para atualizar a lei federal nº 7.102/83”, ressalta Boaventura.

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Pesquisa nacional sobre mortes em assaltos envolvendo bancos

Outro diagnóstico da violência nos bancos é a pesquisa nacional sobre mortes em assaltos envolvendo bancos, elaborada pela Contraf-CUT e CNTV a partir de notícias da imprensa, com apoio técnico do Dieese.

No primeiro semestre de 2012, o levantamento apurou a ocorrência de 27 assassinatos, média de quatro vítimas fatais por mês, um aumento de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 23 mortes.

São Paulo (6), Rio de Janeiro (4) e Bahia (4) foram os estados com o maior número de casos. A principal ocorrência foi o crime de “saidinha de banco”, que provocou 14 mortes. Já a maioria das vítimas foram clientes (15), seguido de vigilantes (5), transeuntes (3), policiais (3) e bancário (1).

“Entra ano, sai ano, e muitas pessoas continuam morrendo em assaltos envolvendo bancos, o que é inaceitável no setor mais lucrativo do país. Isso comprova o enorme descaso e a escassez de investimentos dos bancos na proteção da vida de trabalhadores e clientes, bem como revela a fragilidade da segurança pública diante da falta de mais policiais e viaturas nas ruas e de ações de inteligência para evitar ações criminosas”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

“Esses números são assustadores e reforçam a necessidade de atualizar a lei federal nº 7.102/83, que se encontra defasada diante do crescimento da violência e da criminalidade. Precisamos de um estatuto de segurança privada com medidas eficazes e equipamentos adequados de prevenção para garantir a proteção da vida, eliminar riscos e oferecer segurança para trabalhadores e clientes”, salienta Boaventura.
Mortes em assaltos envolvendo bancos

1º semestre de 2012

UF

%

SP

6

22,22%

BA

4

14,81%

RJ

4

14,81%

AL

3

11,11%

CE

2

7,41%

PE

2

7,41%

DF

1

3,70%

ES

1

3,70%

MG

1

3,70%

MT

1

3,70%

PA

1

3,70%

RS

1

3,70%

Total

27

100,00%

Fonte: Notícias da imprensa
Elaboração: Contraf-CUT e CNTV
Apoio Técnico: DIEESE/Subseção Contraf-CUT

Trabalhadores querem prioridade para segurança

“Esses ataques refletem, sobretudo, a carência de investimentos dos bancos para prevenir assaltos e sequestros”, aponta Soares. “Os bancos precisam fazer a sua parte, colocando mais equipamentos de prevenção nas suas unidades, assim como os estados precisam melhorar a segurança pública, com mais policiais e viaturas nas ruas e ações de inteligência, dentre outras medidas”, salienta Otávio.

“Os bancos cuidam mais da imagem, do marketing e da estética das unidades, enquanto tratam com descaso a segurança dos estabelecimentos”, critica Elias. Isso pode ser comprovado com as multas aplicadas pela Polícia Federal nas reuniões da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP) da Polícia Federal (PF).

Em 2011, os bancos foram multados em mais de R$ 6 milhões por descumprimento da lei federal 7.102/83 e de normas de segurança. As principais infrações dos bancos foram a ausência de plano de segurança aprovado pela PF, número insuficiente de vigilantes e alarme inoperante, dentre outros itens.

Propostas dos vigilantes e bancários

– Porta giratória com detector de metais antes da sala de autoatendimento com recuo em relação à calçada onde deve ser colocado um guarda-volumes com espaços chaveados e individualizados;

– Vidros blindados nas fachadas;

– Câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, bem como nas calçadas e áreas de estacionamento, com monitoramento em tempo real e com imagens de boa qualidade para auxiliar na identificação de suspeitos;

– Biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas, com o reposicionamento do vigilante para observar também esse espaço junto com a colocação de uma câmera de vídeo, o que elimina o risco do chamado ponto cego;

– Divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos;

– Ampliação do número de vigilantes visando garantir o cumprimento integral da lei 7.102/83 durante todo horário de funcionamento das agências e postos de atendimento;

– Fim da guarda das chaves de cofres e das unidades por bancários e vigilantes, ficando as chaves na sede das empresas de segurança;

– Proibição do transporte de valores por bancários; operações de embarque e desembarque de carros fortes somente em locais exclusivos e seguros; e fim do manuseio e contagem de numerário por vigilantes no abastecimento de caixas eletrônicos;

– Atendimento médico e psicológico para trabalhadores e clientes vítimas de assaltos, sequestros e extorsões;

– Escudos e assentos no interior das agências e postos de atendimento para os vigilantes;

– Instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros;

– Maior controle e fiscalização do Exército no transporte, armazenagem e comércio de explosivos.

Isenção de tarifas de transferência de recursos

Os trabalhadores ainda defendem a isenção das tarifas de transferência de recursos (DOC, TED, ordens de pagamento, etc) como forma de desestimular os saques que muitos clientes efetuam para não pagarem tarifas.

“Essa medida, se implantada, reduzirá a circulação de dinheiro na praça e evitará que clientes sejam alvos de assaltantes e vítimas da ‘saidinha de banco’ – o crime que provoca o maior número de mortes em assaltos envolvendo bancos”, salienta Ademir.
Essa proposta foi levada há mais de um ano pela Contraf-CUT para discussão com a federação dos bancos, mas não foi adotada por nenhum banco até agora.

Fonte: Contraf-CUT com CNTV

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.contrafcut.org.br

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