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Presença da mulher no mercado de trabalho é maior, mas os salários continuam menores

Escrito por: Marisa Stedile

26/09/2012

Os dados divulgados pela Prefeitura de Curitiba dão conta do crescimento do emprego formal da mulher, elas ocuparam 659 das 778 vagas oferecidas no mês de julho. A maioria das vagas ocupadas por mulheres se deu no setor de serviços, enquanto que a maioria das vagas ocupadas por homens se deu na construção civil.

As mulheres representam 51,4% da população brasileira, mas no mercado de trabalho representam apenas 42,2% dos brasileiros ocupados.

No entanto, apesar da vigência da convenção 100 da Organização Internacional do Trabalho, a remuneração dos homens é em média 29,6% maior que a das mulheres. Em alguns setores da economia chega a ser quase 55% maior, dependendo do grau de instrução. É o caso do comércio, por exemplo, onde mulheres com curso superior completo ganham pouco mais que a metade do que os homens, na mesma função.

Na região sul, os dados da PNAD/IBGE – 2011 mostram que as mulheres ganharam em média R$ 1.030,00 enquanto os homens ganharam R$ 1.595,00. Ou seja, as mulheres ocupadas (não estamos falando do emprego formal) ganham cerca de 35% a menos  que a remuneração paga aos homens.

Em Curitiba não tivemos acesso ainda aos dados estratificados sobre a remuneração segundo as ocupações e sexo do PNAD (mostra por domicílios – IBGE), porém os dados  da RAIS/MTE sobre empregos formais  mostram que a mulher ganha em média 23,01% a menos que os homens.

É importante observar os 12,5% dos homens estão na faixa das pessoas ocupadas que ganham até 01 Salário Mínimo e nesta mesma faixa estão 21,8% das mulheres ocupadas. Já para a faixa de quem ganha entre 10 e 20 Salários Mínimos estão  2,5% dos homens ocupados contra apenas 1,3% das mulheres ocupadas. Daí a importância da luta pela adoção da política de valorização do Salário Mínimo atrelada ao crescimento do PIB.

Para a mulher continua sendo um desafio enfrentar as desigualdades do mercado de trabalho e a longa jornada de afazeres domésticos. No Brasil os homens gastam em média 9,7 horas semanais com trabalhos domésticos enquanto as mulheres gastam 23,9 horas.

Em Curitiba e região metropolitana as mulheres gastam em média 22 horas semanais nas tarefas domésticas e os homens 9 horas apenas.

Além da dupla jornada, temos ainda baixa representação sindical o que pode acarretar no “esquecimento” das pautas feministas na hora da negociação coletiva.   A política de cotas ainda é um instrumento para ampliar a participação da mulher na vida sindical. Vamos comemorar sim o aumento da presença da mulher no mercado de trabalho, mas vãos continuar lutando por sua valorização e igualdade de tratamento.

Marisa Stedile é trabalhadora bancária e secretária da Mulher da CUT-PR.

Artigo colhido no sítio http://www.cutpr.org.br/ponto-de-vista/artigos/121/presenca-da-mulher-no-mercado-de-trabalho-e-maior-mas-os-salarios-continuam-menores

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