Crédito: CUT
Ao final do ato, os manifestantes aprovaram a realização de uma passeata para a próxima quarta-feira (3). Inicialmente, a marcha partirá da sede da Editora Abril e seguirá até a Rede Globo. Os detalhes serão definidos ao longo da próxima semana.
Ato afugenta FHC
Curiosamente, no mesmo local e horário da assembleia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançaria um livro. Porém, diante da manifestação popular, como em outros momentos de seu governo, o tucano preferiu evitar o contato.
Uma das primeiras a ocupar o palanque, a secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, destacou que o debate sobre o acesso, produção e distribuição de informação não tem ocupado o papel fundamental que deveria ter na agenda política nacional.
“Estar aqui no momento em que o povo toma as ruas e a democracia se fortalece é fundamental para garantir liberdade de expressão para todos. Precisamos de um novo marco regulatório, de quebrar com o monopólio das mídias para que a pauta seja estabelecida pelo povo e possa ir para todos. Mas isso só é possível com o acesso de todos a instrumentos. Uma nova legislação é fundamental para o desenvolvimento e a democracia”, apontou.
O professor Sérgio Amadeu alertou para a disputa que a direita tem feito pela consciência dos jovens que participam da manifestação e ressaltou que os setores progressistas devem entrar nessa batalha.
“Os movimentos sociais tem condições de fazer a disputa, resta saber se estão compreendendo o momento. Há muita confusão e os segmentos mais tradicionais estão perplexos. A menina que está na rua querendo mudar o Brasil para melhor é disputada pela direita, que quer controlar a internet, por exemplo. Porém, essa mesma meninada sabe que foi da internet livre que partiu a mobilização”, disse.
Novas vozes, novas formas
Representante do coletivo Intervozes, João Brant acredita que o momento é de discutir amplamente o país, aproveitando o espaço das redes sociais.
“Depois das manifestações, as pessoas tem muito a dizer e a trocar e essa assembleia temática foi a primeira que ajudará a dar corpo a esse desejo de transformação. Não foi preciso a ajuda dos meios de comunicação para botar 100 mil pessoas nas ruas de São Paulo e 300 mil no Rio de Janeiro e o desafio é dar vazão para as mídias que cobrem e são parceiras nessa pauta para conseguirmos mobilizar”, acredita.
Um dos coordenadores da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, destacou os três pontos que julga essenciais para transformar a comunicação no país: o trabalho cotidiano de conscientização de pessoas próximas, a regulamentação dos meios e a construção de mecanismos alternativos.
“Fazemos nossa mídia hoje, com a Rede Brasil Atual, a Revista do Brasil, a Rádio Brasil Atual, a TVT. Estamos procurando estabelecer espaços para dar voz às ruas e ao novíssimo Brasil que surgiu nos últimos tempos.”
Também do Intervozes, Pedro Ekman acredita que as últimas manifestações modificam o cenário de discussão com o governo em todos os aspectos.
“O governo terá de considerar a sociedade como interlocutora do debate da comunicação. Vamos ocupar a mídia e fazer uma reforma agrária do ar, lutar para aumentar a pluralidade e a diversidade. Na Argentina e no Uruguai também não ousavam isso, e conseguiram avançar.”
Fonte: Luiz Carvalho – CUT