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Contra a visão domesticada, afirmamos uma política externa altiva e ativa

Para o ministro da Defesa, a partir de Lula o Brasil começou a exercer protagonismo na construção de uma nova ordem mundial

Escrito por: Leonardo Severo

Celso Amorim, ministro da Defesa e ex-ministro das Relações Exteriores

Celso Amorim, ministro da Defesa e ex-ministro das Relações Exteriores

“Uma política externa altiva e ativa. Foram essas palavras que me ocorreram depois de ter a confirmação do presidente Lula da minha indicação como ministro das Relações Exteriores. Foram palavras para definir uma diferença de atitude, da consciência do povo brasileiro de mudar o seu destino”.Com esta avaliação o atual ministro da Defesa, Celso Amorim, abriu sua conferência “Início de uma Política Externa Altiva e Ativa”, terça-feira à noite, na Universidade Federal do ABC. Diante das centenas de participantes que tomaram o recém-inaugurado auditório San Tiago Dantas, o ministro pontuou o significado da política externa que começava a ser descortinada em 2003: “Altiva porque não deveríamos nos submeter aos ditames de outras potências, ainda que mais poderosas, pois tínhamos condições de defender os nossos pontos de vista. Ativa como refutação de uma concepção anterior que costumava dizer que o Brasil não podia ter papel protagônico para não desencadear algum tipo de retaliação”. Foi em contraposição a essa “visão domesticada da política externa”, frisou, que o governo Lula começou a “reagir e influenciar a agenda internacional”. Acima de tudo, “o Brasil queria contribuir – como contribuiu – para uma nova ordem mundial”.

– Confira aqui a transmissão ao vivo do evento

Entre as inúmeras atuações certeiras do período, Amorim recordou a luta contra o locaute petroleiro na Venezuela – com o qual a oposição de direita queria depor o presidente Hugo Chávez e retroceder os avanços econômicos e sociais do país bolivariano – e o projeto imperialista da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), com o qual os Estados Unidos planejava impor sua hegemonia em inúmeros setores, “como o de serviços, investimentos e propriedade intelectual”. “Com diplomacia, conseguimos impedir o retrocesso”, declarou.

Amorim lembrou da “imensa pressão da mídia” contra os interesses nacionais e seu alinhamento à pauta neoliberal, bastante vinculada às pretensões hegemônicas dos EUA. Além disso, recordou da firme oposição brasileira à guerra do Iraque, da solidariedade à Palestina, e de como o governo Lula bloqueou o acordo na Organização Mundial do Comércio, “que seria extremamente prejudicial aos nossos interesses”.  “Na OMC, colocamos o pé na porta e ela não pôde ser fechada na nossa cara”, contou orgulhoso.

DEFESA DA NAÇÃO

“Nós vivemos num mundo de Estados-nação e ataques, dos mais variados, continuarão a ocorrer”, alertou, frisando que a melhor maneira do país garantir a sua independência e manter a paz é estar preparado para a guerra. “E estar capacitados a defender nossas estruturas críticas significa fazer pesados investimentos em ciência e tecnologia nacional”, acrescentou o ministro, citando a recente espionagem cibernética feita pelo governo dos Estados Unidos e denunciada pelo ex-agente da CIA, Edward Snowden. Amorim destacou também o papel das parcerias regionais com a Argentina – no caso do projeto do novo avião cargueiro, que substituirá o Hércules -, e do navio patrulha, com a Colômbia e o Peru.

“Em nosso país temos recursos altamente cobiçados e cada vez mais escassos como alimentos, energia e água. Precisamos estar preparados para nos defender. Não com as armas dos séculos 19 e 20, mas com as armas e escudos do século 21. Este é um longo caminho que precisará ser percorrido”, concluiu Amorim, sob extensos aplausos.

Notícia colhida no sítio http://www.cut.org.br/destaques/23493/celso-amorim-contra-a-visao-domesticada-afirmamos-uma-politica-externa-altiva-e-ativa

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Reação dos EUA ao declínio deve aumentar pressão. Integração regional e multipolar é a melhor resposta

16/07/2013

Tema foi destaque na tarde desta terça na Conferência de Política Externa

Escrito por: Isaías Dalle

Os Estados Unidos compareceram ao debate “Avanços, Impasses e Desafios da Integração”, realizado no início da tarde desta terça-feira, dia 16, dentro da Conferência Nacional “2003-2013: Uma Nova Política Externa”.
Compareceram no sentido figurado. Embora não tenham sido o único tema nem tampouco o objetivo original do encontro, os EUA trazidos pelas perguntas do auditório e pelas intervenções dos palestrantes.

– Confira aqui a transmissão ao vivo do evento

Auditório mais uma vez lotado

Auditório mais uma vez lotado

A conclusão mais evidente sobre é que o país do Hemisfério Norte vive um declínio “relativo” ou, ao menos, sofre com um “deslocamento geopolítico”, em função da crise econômica que os atingiu fortemente e devido ao surgimento de novos atores – blocos, como os que são construídos nesse momento pelos países da América do Sul, por exemplo, ou países, sendo a China o exemplo mais sonoro.

O que se pode esperar dos EUA, nesse cenário? “Eles estão desesperadamente reverter o declínio, e para isso contam com seu brutal arsenal militar. Isso os torna a maior ameaça ao equilíbrio mundial”, nas palavras de um dos debatedores da mesa, Valter Pomar, secretário executivo do Foro de São Paulo (grupo de partidos progressistas do continente que desde 1990 mantém intercâmbio de propostas e experiências) e integrante do Diretório Nacional do PT.
Para a professora de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Maria Regina Soares de Lima, “a pressão vai aumentar”. Sintomas dessa reação estadunidense, cita ela, são os instrumentos de bisbilhotagem recentemente revelados e que não servem apenas à política de segurança nacional, mas igualmente às disputas comerciais internacionais. Os grampos e a espionagem generalizados, lembra a professora, dão aos grupos privados daquele país e ao próprio governo informações privilegiadas para uma espécie de sabotagem dos negócios comerciais alheios.
Outro debatedor da mesa, o assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia, que frisou não apreciar exercícios de “futurologia”, lembrou que a disputa dos Estados Unidos por superar o momento de crise econômica se dá especialmente no plano interno, com uma disputa entre um modelo que pretende imprimir maior presença do Estado e o outro mais tradicional. “E não me parece que eles estejam muito dispostos a resolver esse problema”, disse. “Historicamente, toda a vez que os Estados Unidos alteraram significativamente sua relação com os demais países, respondiam a algum conflito externo, como quando saíram do Vietnã. Portanto, é difícil fazer previsões”.

Maria Regina, Marco Aurélio, Valter Pomar e Renato Martins

Maria Regina, Marco Aurélio, Valter Pomar e Renato Martins
Os três concordam que uma estratégia para o Brasil se posicionar diante desse quadro e das prováveis consequências é aprofundar os esforços de integração regional, no caso da América Latina, e multipolar, como o governo brasileiro tem procurado fazer nos últimos 10 anos.
O mediador, Renato Martins, professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), recdordou episódios dessa integração, como o processo de consolidação da Unasul, entidade capaz, recentemente, de opor-se diplomaticamente e com peso político a episódios como o golpe no Paraguai ou ao fechamento do espaço aéreo europeu ao presidente boliviano Evo Morales.
“Estamos chegando a um mundo multipolar. A questão é: queremos comparacer com nossos vizinhos ou sozinhos?”, provocou Marco Aurélio. “Devemos fazer os Estados Unidos restringirem sua influência para cima do Rio Grande”, afirmou Pomar, em referência ao rio tornado mítico pelos filmes de faroeste e que demarca a fronteira dos EUA a partir do México.
De qualquer maneira, Marco Aurélio garcia continua apostando na força da negociação para avançar na política externa. Lembrou o barão do Rio Branco: “Ele deixou uma herança indelével na nossa diplomacia. Ele comandou a definição de nossas fronteiras, sem nenhum confronto. Fez essa obra sem deixar pra trás nenhum passivo com nossos vizinhos”.
Por outro lado, ao comentar o porquê de tantas críticas à política externa adotada a partir do primeiro mandato de Lula, por parte da imprensa e dos analistas conservadores, lembrou outro diplomata brasileiro, Santiago Dantas (que dá nome ao auditório da UFABC onde se deu o debate): “Ele foi duramente criticado, e ao mer ver por causa de uma posição que ele proclamava: a de que a política externa deve estar vinculada a uma política interna que procurasse alçar os trabalhadores ao seu merecido lugar”. Citando outro diplomata, Afonso Arinos, completou: “Sempre sofreu críticas por parte daqueles que não queriam que as mudanças no plano interno chegassem à Casa de Rio Branco”.
Notícia colhida no sítio http://www.cut.org.br/destaques/23492/reacao-dos-eua-ao-declinio-deve-aumentar-pressao-integracao-regional-e-multipolar-e-a-melhor-resposta
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“Democratização da mídia é prioritária para a defesa da soberania”, afirma Samuel Pinheiro Guimarães

16/07/2013

Embaixador alerta para riscos decorrentes do atual “controle dos meios de comunicação pelas classes hegemônicas mundiais”

Escrito por: Leonardo Wexell Severo

Debate mediado pela ex-ministra Matilde Ribeiro contou com a participação de Samuel Pinheiro Guimarães e o professor Paulo Fagundes Vizentini

Debate mediado pela ex-ministra Matilde Ribeiro contou com a participação de Samuel Pinheiro Guimarães e o professor Paulo Fagundes Vizentini

“O controle dos meios de comunicação é essencial para o domínio da classe hegemônica mundial. Como esses meios são formuladores ideológicos, servem para a elaboração de conceitos, para levar sua posição e visão de mundo. Daí a razão da democratização da mídia ser uma questão prioritária”, afirmou o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães no debate “O Brasil frente aos grandes desafios mundiais”, realizado nesta terça-feira na Universidade Federal do ABC.Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (2009-2010) e secretário geral do Itamaraty (2003-2009) no governo do presidente Lula, o embaixador defendeu a campanha do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) por um novo marco regulatório para o setor. Segundo ele, uma relevante contribuição à democracia e à própria soberania nacional, diante da intensa disputa política e ideológica numa “economia profundamente penetrada pelo capital internacional”.

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Entre as iniciativas para garantir o surgimento e estabelecimento de novas mídias, apontou, está a “distribuição das verbas publicitárias do governo”, desconcentrando os recursos públicos e repartindo de forma justa e plural. “O critério de audiência, que vem sendo utilizado, privilegia o monopólio e o oligopólio”, sublinhou.

O embaixador também condenou o fato de que um mesmo grupo possa deter emissoras de rádio e televisão, jornais e revistas – a chamada propriedade cruzada. Conforme Samuel, esta concentração acaba concedendo um poder completamente desmedido para alguns poucos divulgarem as suas opiniões como verdade absoluta. “Quando estados como a Argentina, o Equador e a Venezuela aprovam leis para democratizar a comunicação, a mídia responde com uma campanha extraordinária, como se isso fosse censura à imprensa”, lembrou.

MANIPULAÇÃO

Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães

Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães

Em função dos interesses da classe dominante, alertou o embaixador, a mídia hegemônica pode, sem qualquer conexão com a realidade, “demonstrar que um regime político da maioria é uma ditadura e realizar campanhas sistemáticas que permitam uma intervenção externa, com o argumento que determinado governo oprime os direitos humanos”. “Podem inclusive se aproveitar de manifestações pacíficas para infiltrar agentes provocadores que estimulem o confronto”, alertou.Uma vez criado o caldo de cultura, soma-se à campanha de difamação e manipulação das consciências a intervenção militar, como aconteceu contra o governo de Muamar Kadafi. “Na Líbia houve a derrubada de um governo que lhes era contrário, não foi ação defensiva dos direitos humanos em hipótese nenhuma”, frisou. Na avaliação de Samuel, “os Estados Unidos têm um projeto muito claro de manter o seu controle militar e informativo”, que utilizam de forma alternada e complementar. “Contra os governos que contrariam frontalmente os seus interesses, os EUA têm um uma política declarada de ‘mudança de regime’. Para isso, sem grandes embaraços, qualquer movimento pode ser instrumentalizado”, assinalou.

Entre os muitos exemplos de manipulação citados pelo embaixador está o “esforço da política neoliberal para reduzir direitos”, utilizando-se da campanha pelo “aumento da competitividade”. ”O receituário que defendem é o de reduzir programas sociais, controle orçamentário e reduzir os benefícios da legislação trabalhista. Para isso disseminam ideias como a de que as empresas nacionais não são produtivas”, destacou Samuel.

Também condenando a manipulação da informação e o papel desempenhado por setores da mídia, o professor Paulo Fagundes Vizentini, coordenador do Núcleo de Estratégia e Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, considerou inadmissível que “os mesmos que bombardeiam e ocupam militarmente países soberanos venham agora dar lições de direitos humanos”.

“Antes era feio não ter opinião, hoje é ideológico, que mais se parece com fisiológico”, disse Vizentini, defendendo a afirmação do interesse público e da soberania nacional, e combatendo “os que querem que o país fique na segunda divisão, desde que sejam o capitão do time”.

O professor sublinhou o papel estratégico e singular proporcionado pela descoberta do pré-sal, tanto do ponto de vista energético, como geopolítico, e alertou para a necessidade de que o Brasil tenha os elementos de dissuasão para impedir que esse imenso patrimônio venha a ser apropriado militarmente pelos estrangeiros. “Para isso temos de enfrentar os espíritos fracos e colonizados. O colonialismo é o mais difícil de combater, porque está dentro da nossa cabeça”, frisou.

Para o secretário de Relações Internacionais do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Pedro Bocca, “o fortalecimento dos espaços de mídia dos movimentos sociais, como a TeleSur, a Alba TV e a TVT, com sua divulgação em canal aberto, são uma necessidade do momento para o avanço da própria integração”. “Nesse momento, o investimento do governo é essencial para combater a desinformação e garantir a efetiva democratização da comunicação e do país”, concluiu.

Acompanhe ao vivo e veja fotos e resumos dos debates pelo

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www.facebook.com/umanovapolíticaexterna

Notícia colhida no sítio http://www.cut.org.br/acontece/23490/democratizacao-da-midia-e-prioritaria-para-a-defesa-da-soberania-afirma-samuel-pinheiro-guimaraes

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