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Mais de 800 bancários demitidos entre janeiro e junho em Curitiba e Região

As instituições bancárias demitiram mais de 800 funcionários entre janeiro e junho deste ano em Curitiba e região, de acordo com dados do Sindicato dos Bancários. Entre os motivos apontados pela entidade para o grande número de desligamentos estão o uso crescente de computadores e celulares para operações bancárias, além da alta rotatividade de trabalhadores, que objetiva a redução de salários.

Só o Itaú demitiu mais de 30 mil e teve lucro de R$ 62 bilhões

 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Otávio Dias, apesar do alto lucro dos bancos, da década de 90 para cá o número de bancários no Brasil diminuiu de forma drástica. Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que em 12 anos houve redução de 30% no número de bancários, eram 732 mil em 1990 e no ano passado foram registradas 508 mil vagas no setor bancário.

 

Dados do Sindicato de Bancários revelam que no ano passado 1.714 pessoas foram demitidas nos bancos de Curitiba e região, incluindo justa causa, sem justa causa e a pedido. Até junho já foram 863 demissões. De acordo com Otávio, as demissões acontecem principalmente nos bancos privados. “O bancário hoje, ao chegar aos 20, 25 anos de carreira, após dedicar a vida inteira à empresa, é substituído por novo funcionário, contratado com salário reduzido em torno de 33%”, explica.

 

Sem benefícios – Mais preocupante que a rotatividade, segundo o sindicato, é a exclusão de postos de trabalho. “O Itaú, por exemplo, nos três últimos anos lucrou R$ 62 bilhões e demitiu mais de 30 mil funcionários”, revela o presidente. A terceirização de trabalhadores e o aumento do número de correspondentes bancários pelas instituições financeiras também são criticados. “É um processo fraudulento, pois esses funcionários não são contemplados pela convenção coletiva dos bancários, mas trabalham como se fossem, sem receber os benefícios”, afirma Dias.

 

Problemas são psicossomáticos, diz Otávio

Procon recebe reclamações – “O setor bancário é um dos segmentos que mais adoece trabalhadores no País”, destaca o presidente do sindicato Otávio Dias. Segundo o sindicalista, a alta rotatividade contribui para o problema antes os bancários costumavam ter lesões por esforço repetitivo (LER), hoje sofrem com problemas psicossomáticos. “Existem metas abusivas e assédio moral, junta isso com a redução de trabalhadores nas unidades, gera aborrecimento”, comenta.

 

“O próprio Ministério Público do Trabalho está interferindo em relação ao tempo de espera nas filas e a falta de investimento na segurança. Teve investimentos em tecnologia, mas as pessoas continuam sendo mal atendidas nas agências bancárias”, afirma Otávio. “A sociedade paga também com juros abusivos e tarifas exorbitantes”, complementa.

 

Queixas – Em 2012, as instituições bancárias lideraram o ranking dos assuntos mais reclamados no Procon-PR, com 9.002 atendimentos. Até terça-feira passada já foram 4.563 reclamações. As principais queixas dos consumidores são: cobrança indevida, cálculo de prestação/taxa de juros, filas nos bancos e contrato (alteração, transferência, irregularidade, entre outros).

 

Em maio deste ano o Procon-PR multou os bancos Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Banco do Brasil, HSBC e Santander em R$ 4.033.929,60. O motivo foi o tempo de espera por atendimento superior a 20 minutos em dias normais e até 30 minutos em véspera ou após feriados prolongados, infringindo a legislação. De acordo com o Procon-PR, “a conduta dos bancos contraria as disposições do Código de Defesa do Consumidor e da lei estadual, por desrespeitar vários direitos ali previstos, entre os quais, submeter o consumidor a tempo de espera em filas que ultrapassa uma hora”.

 

Negociações até mês que vem. Pauta é extensa.

 

Campanha está na rua – A saúde, as condições de trabalho e o emprego entraram na pauta da Campanha Nacional dos Bancários de 2013. As reivindicações envolvem também o reajuste de 11,93% (inflação projetada do período mais aumento real de 5%) e elevação do piso salarial ao valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$ 2.860,21). O presidente do sindicato afirma que as negociações com os banqueiros devem se estender até o início do mês que vem e “caso não venha a acontecer, haverá grande mobilização nacional”, ressalta.

 

Procurada pelo Paraná Online, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que não comenta as demissões de bancários. O HSBC, banco que teve maior número de demissões em Curitiba e região no ano passado e no primeiro semestre deste ano, também foi contatado, mas não enviou resposta até o fechamento da edição.
Por: Leilane Benetta
Paraná Online

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