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Palestra sobre suicídio tem participação do Sindicato

Considerados temas tabus, a morte, um estudo sobre o suicídio e, ainda, as relações de trabalho que podem chegar nesse contexto, foram temas expostos pelo professor Netto Berenchtein num seminário promovido na última quinta-feira, 17 de outubro, pela Procuradoria Regional do Trabalho, com o apoio do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

 

O presidente do Sindicato, Otávio Dias, falou na abertura do evento sobre os recentes casos de suicídio ou mortes no local de trabalho ocorridos neste ano entre bancários da base. “O adoecimento mudou o perfil do bancário. Nesta campanha salarial a luta com os banqueiros foi árdua, mas conseguimos o compromisso dos bancos em priorizar ações que busquem a promoção da saúde e a melhoria das condições de trabalho no setor bancário”, destacou. Em 2013 foram registrados três suicídios de bancários no país, sendo um em Curitiba. A Secretaria de Saúde também registrou cinco mortes de bancários da ativa, que estavam se tratando com medicamentos para tratamento psicológico.

 

 

Histórico – O professor Netto Berenchtein iniciou sua exposição contextualizando o termo suicídio da história, para esclarecer de onde vem o tabu (como por exemplo, o porquê não é costume falar ou divulgar casos de suicídio) e como lidar com ele.

 

 

Ele cita a possibilidade de mobilidade da condição social como fator determinante do suicídio no modo de produção capitalista. Você ver que o outro pode, como “consequência”, se você não consegue é porque seria “incompetente”. É a responsabilização da vítima. Netto citou vários filósofos e notórios autores, como Marx e Engels, por exemplo, para embasar seu estudo.

 

Mas o professor também destaca, ao longo da história, o suicídio como “morte voluntária”, e que ainda existe muito estigma e preconceito contra quem tenta ou contra os sobreviventes, que seriam as pessoas que convivem com o suicida.

 

Problemas psíquicos – Foi na Idade Média que tirar a própria vida começou a ser conceituado como crime, doença ou pecado. Atualmente, muitos dados ainda apuram que as causas de até 97% dos casos de suicídio estariam ligados a transtornos mentais, como a depressão, ou com o uso abusivo de medicamentos psicoativos.

 

Contudo, o palestrante discorda dessa avaliação, pois não consideram o ambiente em que a pessoa se encontra, como o local de trabalho, por exemplo, e sim seu individualismo. “O problema dessa avaliação é que não considera os fatores determinantes múltiplos e de interação complexa. Resume-se ao possível transtorno mental. À culpa do indivíduo”, defende.

 

Dados – A partir de 1980 o Brasil começa a produzir dados sobre o suicídio e ocupa a 9ª posição no ranking mundial considerando somente o número de mortes. Mas não tem índices alarmantes considerando o número de mortes voluntárias a cada 100 mil habitantes, e passa a ocupar o 71º lugar no ranking mundial nesse contexto.

 

A partir de 1999 a Organização Mundial de Saúde começou a publicar cartilhas de prevenção de suicídio.

 

Bancários – O professor citou que os bancários estão entre as profissões com a taxa acima da média e recomendou a leitura do livro “Um minuto de silêncio”, publicado por Ernani Xavier, sobre os casos registrados no Banco do Brasil quando houve a realização de um plano de demissão voluntária.

 

O uso abusivo de medicamentos também é criticado pelo palestrante (o professor destaca a diferença entre fazer um tratamento e pedir o remédio que seu colega toma). Ele diz que sentimentos passaram a ser patologizados e que com a medicação, a realidade não muda, o que muda é a química orgânica da pessoa. “Nós queremos que reduzam o número de suicídios, mas ninguém pensa em alterar a ordem da sociedade”. Netto também defende a coletividade como forma de mudança da realidade. “Sozinho, piora a sua condição”.

 

Procure ajuda – A Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários pede aos trabalhadores que apresentem sintomas que procurem auxílio médico e orientações no Sindicato. A Secretaria está localizada na Sede Administrativa (Av Vicente Machado, 18, 8º andar).


Por: Paula Padilha
SEEB Curitiba

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