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Bancários do Rio lembram a brava luta das mulheres contra a ditadura

Para fechar o mês das mulheres, a edição especial do Jornal Bancário lembrou como a ditadura militar atingiu centenas de brasileiras que estavam à frente da luta pelo fim do regime autoritário e pela volta da democracia no país. Muitas foram mortas em circunstâncias até hoje não esclarecidas totalmente.

Para o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, as mulheres tiveram papel decisivo na resistência ao golpe. Atuaram no movimento estudantil, nos sindicatos, nas Igrejas e estiveram nas passeatas. Muitas, com o risco da própria vida, integraram grupos guerrilheiros, participando de ações armadas em confronto com militares.

Estão catalogadas mais de 50 bravas mulheres mortas em combate e outras tantas torturadas, assassinadas e enterradas em locais ignorados. Militaram em praticamente todas as organizações de contestação ao regime, como a ALN, PCdoB, MR-8, Var-Palmares, VPR, Polop, Colina e PCBR.

Centenas foram torturadas, mas sobreviveram para contar a história, como a presidenta Dilma Rousseff, que integrou a Var-Palmares, e Fernanda Carísio, militante do Movimento de Emancipação do Proletariado (MEP), ex-presidente do Sindicato e da Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), antecessora da Contraf-CUT.

O Sindicato recorda algumas mulheres assassinadas pela ditadura:

Sônia Maria de Moraes Angel Jones – Da Aliança Libertadora Nacional (ALN), foi casada com Stuart Angel (militante do MR-8, morto sob tortura e procurado incansavelmente pela mãe Zuzu Angel). Foi presa, levada para uma casa na Zona Sul de São Paulo e torturada, sendo morta em 30 de novembro de 1973, com tiros no tórax, cabeça e ouvido.

Ranúsia Alves Rodrigues – Estudante de enfermagem, militante do PCBR, foi executada no Rio de Janeiro, em 27 de outubro de 1973, pelos órgãos de segurança do regime militar, com quatro tiros no rosto e peito.

Maria Augusta Thomaz – Membro do Movimento de Libertação Popular (Molipo), foi morta a tiros numa emboscada em maio de 1973, a 240 km de Goiânia.

Anatália de Souza Melo Alves – Militante do PCBR, foi torturada e morta depois de atearem fogo ao seu corpo, no cárcere, em Recife, em 1973. A versão oficial foi suicídio.

Pauline Reichstul e Soledad Barret Viedma – Integrantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), foram torturadas e executadas com mais seis companheiros no Massacre da Chácara São Bento, entre 7 e 9 de janeiro de 1973, em Paulista (hoje, Abreu e Lima), na grande Recife. A versão oficial foi de que houve troca de tiros.

Lourdes Maria Wanderley Pontes – Executada com tiros na cabeça e no tórax em 29 de dezembro de 1972, por integrantes dos órgãos de segurança, com mais seis militantes do PCBR, provavelmente na sede do DOI-Codi, na Rua Barão de Mesquita.

Aurora Maria Nascimento Furtado – Ex-funcionária do Banco do Brasil e membro da ALN, foi submetida a pau de arara, sessões de choques elétricos, espancamentos, afogamentos e queimaduras, na Delegacia de Invernada de Olaria. Aplicaram-lhe também “a coroa de Cristo”, fita de aço que vai sendo apertada gradativamente e aos poucos esmaga o crânio. Morreu em 10 de novembro de 1972. Seu corpo, crivado de balas, foi jogado na Rua Magalhães Couto, no Méier. A versão foi de troca de tiros.

Lígia Maria e Maria Regina – Executadas em 29 de março de 1972 no episódio conhecido como “Chacina de Quintino”, juntamente com outros militantes da Vanguarda Revolucionária Palmares (Var-Palmares).

Ísis Dias de Oliveira – Presa em janeiro de 1972, levada para o DOI-Codi/RJ, a militante da ALN, foi torturada e morta.

Gastone Lúcia Carvalho Beltrão – Localizada e executada em São Paulo, em 1972, pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Presa e torturada. Seu cadáver mostrava 34 lesões, na maioria tiros, mas também facadas, marcas de disparo à queima-roupa, fraturas, ferimentos e equimoses.

Nilda Carvalho Cunha – Bancária, começou a militar no MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Março) com 17 anos. Presa na madrugada de 20 de agosto de 1971 e levada para a Base Aérea de Salvador. Foi liberada em novembro, mas morreu em consequência das torturas.

Iara Iavelberg – Presa em Salvador, em 20 de agosto de 1971. Militante do MR-8, a mais procurada pelos órgãos da repressão por sua relação com Carlos Lamarca, inimigo número 1 do regime. A versão do regime é de que se suicidou em um pequeno banheiro com um tiro no peito para evitar as torturas. Mas até hoje nada ficou esclarecido.

Heleny Ferreira Telles Guariba – Torturada na Operação Bandeirante (DOI-Codi/SP) pelos capitães Albernaz e Homero. Solta em abril de 1971, em 12 de julho foi presa no Rio de Janeiro por agentes do DOI-Codi/RJ. Levada para a “Casa da Morte” naquele mês, foi torturada durante três dias, inclusive com choques elétricos na vagina e morta.

Marilena Villas Boas Pinto – Estudante de Psicologia da Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro (RJ), e membro do MR-8, foi levada para a “Casa da Morte”. Foi torturada e executada a tiros em novembro de 1971.

Alceri Maria Gomes da Silva – Metalúrgica e militante da VPR. Presa por agentes da Operação Bandeirante (Oban), chefiados pelo capitão Maurício Lopes Lima, foi morta com tiros no peito, nos braços e nas costas.

Fonte: Seeb Rio de Janeiro

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