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Um mês do dia 29 de abril – Lembrar sempre! Para que não se esqueça, para que não mais aconteça!

Os acontecimentos políticos desse início do ano no Estado do Paraná, a greve dos professores e servidores do estado e a tentativa do estado de se apoderar da previdência de todos servidores. Milhares de policiais de todos os cantos do Paraná, desguarnecendo a segurança pública em diversas cidades do Estado. Compunham os elementos de uma tragédia anunciada.

Todos esses elementos somados a necessidade imperativa do governador do Estado do Paraná, o senhor Beto (Dias) Richa de votar o projeto de entrega da previdência dos Servidores do Estado fizeram se comprovar o que o clima político já indicava, um confronto entre a polícia e os manifestantes que foram a Praça Nossa Senhora de Salete. Um confronto de proporções inimagináveis.

E de fato foi o que aconteceu. A Sandice política do Governador de colocar o projeto para votar a todo custo. Que já havia tido uma derrota fragorosa por parte do executivo que teve que recuar da tentativa de colocar a votação com um esquema conservador e antidemocrático na assembleia legislativa que era o regime de urgência, conservador por que impedia o tramite correto do processo legislativo da casa, invertendo a lógica da discussão política pela lógica da formação de maioria, e antidemocrático por que excluía todos os processos usais das comissões, do Plenário e das votações. Num primeiro momento os servidores e professores estaduais tiveram uma vitória momentânea, que lhes garantiu que o uso do regime de urgência não seria mais utilizado pela direção legislativa da Assembleia.

Apesar da derrota política que o governo sofreu, voltou à carga com a tentativa de colocar o projeto de 252/2015 que mexia na composição e na forma de pagamento dos benefícios da previdência. Mas os servidores, professores e funcionários de escola retomaram a greve que havia sido interrompida há pouco mais de um mês. Por que o Governo insistiu na tentativa da flexibilizar os direitos dos trabalhadores. E a tragédia anunciada aconteceu e hoje 29 de maio completa um mês do criminoso massacre aos professores, estudantes, seus direitos, desarmados, ou melhor armados de boas intenções e muita disposição de luta. Disposição de lutar em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a tentativa do governo de se apropriar indevidamente dos recursos da previdência dos servidores e dos professores dos estado

Depois do acontecido no dia 29 de abril existe a intenção e que todos os movimentos sociais do Estado do Paraná concordam unanimemente em mudar o nome da Praça de Nossa Senhora de Salete para “Praça 29 de abril”, para servir de referência da luta política que foi travada nesse dia histórico que deixou mais de 200 feridos em uma batalha campal que se estendeu por mais de duas horas onde os trabalhadores sob fogo cerrado das bombas de gás lacrimogênio, bombas de gás pimenta, bombas de efeito moral, balas de borracha que foram desferidas contra os servidores, professores, funcionários de escola, estudantes, lideranças sindicais de diversas categoria que estavam solidários a luta contra a entrega dos direitos dos trabalhadores.

Depois um mês ainda vivemos dias a greve dos professores e de algumas categoria dos servidores públicos. Greve que não se findou por diversos motivos e pelo que se desenha, ainda levará algum tempo ainda para se resolver, isto se resolver. Mas entre os motivo é o principal deles é a inabilidade política e administrativa do governo do estado e o seu chefe maior, o governador Beto (Dias) Richa. Que sofre pela ausência de liderança política que o deixou refém de grupos políticos organizados nos outros poderes e também grupos empresariais que tem outros interesses e prioridades que não são os de resolver os problemas econômicos do funcionalismo e do professorado do Estado. O dia 29 de abril tem diversas características que devem ser considerada numa avaliação política, entre as questões mais importantes a retomada do vigor do movimento sindical que vivia numa apatia sem precedentes, mas com o episódio fascista e autoritário protagonizado pelo governo do Estado e pelo sua secretária de segurança, fez com que o movimento sindical abrisse um canal de comunicação com a sociedade que até então estava fechado, ou pelo menos sem ressonância até os episódios do final de abril.

O dia 1º primeiro maio – dia dos trabalhadores, por exemplo, um dia que há tempos havia perdido seu intento reflexivo das lutas políticas e sobre sua situação da classe trabalhadora, teve também uma grande manifestação que reuniu bem mais de 10 mil pessoas, numa caminhada que foi até a Praça 29 de abril (Nossa Senhora de Salete) que tinha entre os seus objetivos políticos denunciar as atrocidades e a violência deferida contra os professores, servidores, estudantes, lideranças sindicais. Depois tivemos o dia 05 de maio, dia de luta em defesa da Educação e contra a violência e que reuniu em nosso estado lideranças políticas nacionais, que vieram se expressar e trazer a solidariedade de classe dos trabalhadores de outros estado, outra grande manifestação que reuniu cerca de 20 mil pessoas. Isso sem enumerar a enorme quantidades atividades regionais que aconteceram em muitas cidades do estado, como por exemplo, na cidade de Londrina, que teve o calçadão do centro da cidade totalmente tomado em solidariedade a vítimas do 29 de abril. Outro fator importante é que a popularidade do governador despencou e, em diversos lugares tivemos relatos importantes dessa descida vertiginosa da popularidade do governador, inclusive com lugares gritando alto em bom som, as palavras de ordem que se tornaram as palavras oficiais do movimento de resistência que foi “Fora Beto, Richa! Fora Beto Richa!”, que ouvimos pelos quatro cantos do estado, em restaurantes, em praça de alimentação de shopping center, como aconteceu no Shopping Muller. Também como na Jantar de posse do Sindicato dos Bancários de Apucarana dentre outros lugares onde esse coro foi puxado várias vezes.

Outro grito de guerra que expressa a força política do movimento e o: “Eu tô na luta!” Esse foi assimilado por milhares de pessoas e se transformou na referência dos movimentos para expressar a resistência dos professores e servidores públicos. Trouxe conjunto e deu unidade a voz dos trabalhadores e estudantes que foram as ruas em diversos dias deste ano e, que no dia 29 de abril foram duramente reprimidos pela polícia militar, pela tropa de choque do governador Beto (Dias) Richa, que além de violento, foi mentiroso, dizendo que somente estava cumprindo uma ordem da justiça. Oras, ordem da justiça que alguém impetrou, afinal todos sabemos que a justiça tem que agir sob provocação. Assim, os únicos e exclusivos responsáveis pela praça de guerra em que foi transformado o Centro Cívico no dia 29 de abril, são, como dissemos o governador Beto (Dias) Richa e seu secretário de segurança pública à época e o presidente da Assembleia Legislativa, que solicitou junto com o governo o bloqueio do acesso dos trabalhadores a Assembleia legislativa.

Enfim. Completou um mês da barbárie repleta e da violência gratuita por parte do aparelho repressivo do estado. O que evidencia que a luta de classes ainda é que rege a sociedade, é que ainda dá o tom da lutas sociais. Pois o governo, como dizia o velho Marx, não passa de um comitê executivo para gerir os negócios de uma classe dominante! E o estado do Paraná é a leitura clássica do Estado descrita pelo pensador Alemão, pois coloca acima dos interesse públicos os interesses de grupos. Privilegia os amigos e financiadores campanha do governo e deixa as demandas do povo em último plano, não resolve, empurra com a barriga, como faz com a questão do professores. Tenta usar os recursos da previdência para tentar tampar o rombo de outras áreas do governo, ao mesmo tempo que não mexe nos privilégios dos juízes, dos funcionários do alto escalão, dos deputados e dos próprios privilégios do executivo estadual, como o aumento de salário que deu a ele próprio, o governador do Estado e a vice governadora, nas verbas milionárias de publicidade do governo. Ou seja, não tem condições morais e administrativas de resolver os problemas do funcionalismo e do professores e educadores do Estado, deixando milhões de estudantes sem aula, e milhões de pessoas sem acesso aos serviços públicos há mais de dois meses.

Portanto o dia 29 de abril entrou para história política do Paraná! O Governador Beto (Dias) Richa conseguiu superar o algoz do professores com maestria e crueldade, pois Álvaro Dias que era anualmente lembrado no dia 30 agosto, por ter agredido os professores do estado com cavalos e bombas de efeito moral, há 27 anos. Isso em tempos que não existia a febre da redes sociais e da própria internet. Assim o Governador Beto (Dias) Richa, decretou sua morte política, pois ficará com a pecha de autoritário e violento para sempre. Mesmo que tente, não conseguirá fugir dela, pois os professores e servidores que tem a marca da violência nos, olhos o gás de pimenta, na pele das bombas de efeito moral e das balas de borracha. Os servidores e professores não deixaram nunca que esse dia 29 de abril caia no esquecimento. Principalmente por que foram lutadoras e lutadores que não se entregaram sem resistir a entrega dos seus direitos. Foram heróis e heroínas que conclamaram a sociedade a lutar a seu lado, e foram atendidos por mais de uma vez, com grandes manifestações que reuniram, mais de meia centena de milhares em protesto contra a retirada dos direitos dos trabalhadores paranaenses, por várias vezes.

Esse dia 29 de abril é um dia que não podemos esquecer. Precisamos continuar divulgando os acontecimentos desse dia, Lembrando desse dia. Para não se esqueça, para que nunca mais aconteça.

Marcio Kieller
Vice Presidente da CUT/Pr e mestre em Sociologia Política pela UFPR

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