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Por 17:31 HSBC

Audiência Pública em defesa dos trabalhadores do HSBC

Evento contou com a presença de representantes dos mais diversos setores da sociedade.

Audiência Pública em defesa dos trabalhadores do HSBC

Foto: Joka Madruga/SEEB Curitiba

A luta pelos trabalhadores do HSBC continua como prioridade para o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, para a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR) e para a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Na manhã desta quarta-feira, 3 de junho, foi realizada, no plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), uma audiência pública para debater os rumos da venda do banco inglês e os impactos que isso trará aos bancários e aos trabalhadores do entorno das agências bancárias e centros administrativos. O debate contou com a presença de diversas pessoas e representantes sindicais de outros estados.

De acordo com o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), que presidiu a sessão, a saída da sede do HSBC é um motivo de grande preocupação para todos. “A sociedade paranaense está apreensiva com essa venda, uma vez que a possibilidade de haver muitas demissões é grande”, revela.

O parlamentar diz que o objetivo principal destes trabalhos que vêm sendo feitos pelo Sindicato é o de garantir os empregos dos funcionários e que é preciso mobilizar mais a coletividade. “Nosso foco é que o trabalhador não seja prejudicado com essa mudança de comando. Mas, é preciso que haja mais envolvimento, pois estamos falando de quase 8 mil empregos somente em Curitiba. É preciso, por exemplo, que o Governo do Estado participe desta luta, porque, até o momento, não se manifestou”, comenta.

Encaminhamentos
– Criação de um Fórum paranaense em defesa do emprego;
– Estados realizarem o mesmo debate ampliando apoio da sociedade e parlamentar;
– Acompanhamento da CPI e seus desdobramentos;
– Promover debate acerca da federalização do HSBC;
– Demais entidades protocolar pedido de intervenção ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) enquanto terceiro interessado;
– Campanha: Seja qual for a solução dada, a sede do banco não pode ser mudada;

Cenário difícil
Para o vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Odone Fortes Martins, a situação tenderá a ficar complicada caso algum banco de bandeira nacional assuma as operações do grupo financeiro inglês. “Estamos preocupados caso o Bradesco ou o Santander compre o HSBC, pois sabemos que isso afetará todo o comércio que atende aos bancários. A ACP se solidariza por esta causa e que vai se mobilizar para garantir que tanto os trabalhadores do banco, como os do comércio, não sejam prejudicados”, garante.

“Queima de arquivo”
O presidente da Fetec-CUT-PR, Junior Cesar Dias, mostrou muita indignação com a situação atual do HSBC no Brasil. Ele pôs o “dedo na ferida” ao questionar o presente momento do estabelecimento financeiro. “Não posso concordar com a maneira sorrateira com que o HSBC vem tentando deixar o país. Parece aqueles casos típicos de ‘queima de arquivo’. Não podemos, de forma alguma, aceitar estas circunstâncias”, reclama.

Dias lembra ainda que o banco deveria tratar este assunto com mais seriedade e que muitas pessoas serão prejudicadas. “A administração do HSBC não conversa com a gente de forma séria e parece fazer pouco caso das medidas sociais. Estamos falando de mais de 21 mil famílias, que serão afetadas pela venda do banco. Esta questão deixou de ser ligada apenas aos movimentos sindicais. Ela agora é um assunto para toda a sociedade debater”, desabafa.

Saída é o debate racional
Segundo o presidente da Federação dos Bancários (Feeb) e diretor-executivo da Confederação Nacional dos Bancários (Contec), Gladir Basso, a melhor saída é a de apelar para a razão e mostrar como uma fusão do HSBC com outro grande banco brasileiro seria prejudicial. “Já acompanhei fusões de outros bancos e posso garantir que quem saiu perdendo foram os trabalhadores. Acredito que a melhor maneira é a de conduzir debates racionais, para que o HSBC não acabe indo para outro banco nacional de grande porte. Agindo assim, vamos contribuir para preservar os postos de trabalho e também a economia de Curitiba e do Paraná”, opina.

Sindicato trabalhando forte
“Não temos dúvidas de que o HSBC será vendido. Resta saber quem irá comprar. Independente disso, o Sindicato está tomando medidas para proteger o bancário”, afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Elias Jordão. Ele citou tudo o que vem sendo feito pela entidade, como, as reuniões com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Banco Central (BC) em Brasília (DF), o encontro com o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), e com a vice-prefeita, Miriam Gonçalves (PT), a audiência com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e, agora, na Alep.

O presidente do Sindicato defende a ideia de que a saída do banco é um problema de todos, e não apenas dos bancários. “Teremos diversos impactos na nossa economia com a saída do HSBC. É preciso trabalharmos juntos para tentar minimizar ao máximo o impacto que será gerado na nossa sociedade”.

Jordão disse também que a vinda do HSBC para o Brasil, em 1997, sempre esteve envolvida em polêmicas, e que isso não pode ficar assim. “A compra do Bamerindus pelo HSBC foi de uma grande controvérsia. Agora, eles querem dar as costas para a gente. Isso não é aceitável. Eles devem um retorno para a sociedade”, afirma.

Impacto na economia de Curitiba
A cidade de Curitiba será bem afetada com a saída da sede do HSBC. Além de receber do banco inglês cerca de R$ 80 milhões por ano de Impostos Sobre Serviços (ISS), o resultado de uma demissão em massa vai ter um impacto com a questão do seguro-desemprego. A vice-prefeita da capital e secretária do trabalho, Miriam Gonçalves, afirma que a sociedade curitibana vai sofrer um duro golpe. “Estou preocupada com a economia da cidade e com o grande número de pessoas que podem ficar sem emprego caso algum banco já estabelecido no Brasil adquira o HSBC. Acredito que o Cade, o Ministério da Fazenda, e o Ministério do Trabalho deveriam intervir nesta história. Seria mais interessante para Curitiba se o comprador fosse um banco estrangeiro”, opina.

Cobrança
Para a coordenadora nacional da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do HSBC, Cristiane Zacarias, é preciso refletir sobre as responsabilidades sociais envolvidas neste processo de venda das operações do grupo inglês. “Não podemos falar apenas nos trabalhadores diretos que serão afetados, mas, também, nos indiretos. Temos que atender essa questão social. Devemos nos unir para impedir que seja feita uma negociação que prejudique a todos”, avalia.

A coordenadora também foi enfática ao cobrar que o HSBC seja investigado. “Se um banco orienta os seus clientes a burlar o imposto de renda, imagina então o que faz por si? Eles precisam responder por atividades ilícitas que estejam envolvidos. Nós temos que ir além da questão de empregos e verbas para Curitiba. Não podemos aceitar que vão embora e fique por isso mesmo. Tem muita história do banco que precisa ser investigada”, dispara.

Banestado como exemplo
O vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR), Marcio Killer, disse temer que a saída do HSBC cause um impacto semelhante ao do Banestado. “Muita gente sofreu após o fechamento do Conglomerado Banestado. Isso gerou um enorme impacto na região em que estava instalado. Felizmente, contamos com o apoio do movimento sindical do Brasil, que está na luta pelos trabalhadores diretos e indiretos do HSBC”, comenta.

Trabalhador não pode ser penalizado
“O trabalhador do HSBC não pode ser penalizado pela incompetência administrativa. O bancário cumpriu metas, muitas delas abusivas. Isso sem falar nos memorandos de que eles não poderiam levar clipes embora ou mesmo orientando a tomar banho todos os dias”, lembra o presidente da Contraf-CUT, Roberto Von Der Osten.

Além de mostrar preocupação com a questão do emprego e de temas sociais, Osten disse que quer alternativas que não penalizem os bancários. “Não podem simplesmente fechar as portas e ficar por isso mesmo. Não vamos pagar a conta dos banqueiros”, afirma.

“Manutenção do emprego é de interesse nosso”
O deputado estadual Requião Filho (PMDB) revelou que tem interesse em participar desta “briga” pelos trabalhadores. Segundo ele, não se pode virar as costas para um número significativo de empregos. “Se tiver que levar essa luta para Brasília, nós iremos. Acredito que o governo federal deve interceder nesta venda. A transação bancária é um problema do BC e do sistema regulador, mas, a questão dos empregos é nossa”, comenta.

HSBC ficou apenas como um banco médio
Último a falar na audiência pública, o assessor econômico Cid Cordeiro mostrou aos presentes números que comprovam o encolhimento do HSBC, que, atualmente, está menor de quando assumiu as operações do Bamerindus. “O curioso é que o HSBC veio com a intenção de ser um dos maiores bancos do Brasil. Mas, 18 anos mais tarde, eles são apenas um banco de médio porte, culpa da falta de visão de sua administração. Na época do Bamerindus, nos anos 90, o grupo financeiro chegou a ter quase 10% dos trabalhadores em banco. Hoje em dia, esse número é de pouco mais de 5%”, revela.

Uma saída apontada pelo economista é a de “ir para cima” do BC neste caso. “O Banco Central não pode ser apenas um órgão regulador. É preciso também avaliar as questões sociais envolvidas nesta situação e pressionar”, disse. Ele concluiu ao comparar o que aconteceria se Bradesco ou Santander adquirisse a operação do HSBC. “Para o Santander, significaria um aumento no número de agências, passando a ser um banco de médio para cima. Já para o Bradesco, a fusão iria deixa-lo apenas a 6% dos ativos do Itaú, acirrando a briga pela primeira colocação”, revela.

Autor: Flávio Augusto Laginski

Fonte: Especial HSBC/SEEB Curitiba

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