fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 09:42 Sem categoria

Sindicato produz documentário sobre Vito Giannotti

Quem TV está colhendo depoimentos no Rio de Janeiro para preservar vida e obra do comunicador.

“Ele fazia ginástica às 6h da manhã, roubava flores na rua, vinha pra casa fazer o café, botava as flores na mesa, aí ele ia me acordar, nós tomávamos café da manhã juntos e às 8h eu ia pra ginástica”, relembra Cláudia Santiago Giannotti, companheira de Vito, ressaltando que ele não precisava mais cumprir essa rotina. “Mas ele era muito cartesiano, Ele não aceitava mudar. Viver pra ele era viver daquela maneira, de outra forma não interessava”.

Para resguardar essa entre outras lembranças, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, em parceria com a produtora Quem TV, está produzindo um documentário sobre Vito Giannotti, principal nome da comunicação popular e do jornalismo sindical, que faleceu em 24 de julho deste ano, entre idas e vindas entre Rio de Janeiro e Curitiba, para palestrar e contribuir na formação de dirigentes sindicais.

Em entrevista exclusiva ao Sindicato, Claudia relatou alguns momentos de saudade mas também de certeza que o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), idealizado pelo casal, vai continuar.

“O velório foi num domingo, na segunda o NPC ficou fechado e eu falei: terça-feira o Núcleo vai funcionar normalmente. Vocês têm um dia para descansar. Terça voltamos e até ontem estava todo mundo chorando, cada hora cada um caiu doente. Mas em momento nenhum tivemos dúvidas. Nós não deixamos de cumprir um compromisso, eu fui a tudo, a todas as viagens. Eu fui pegando tudo dele e continuando, porque eu tenho uma vontade que ele continue vivo muito grande”.

Doença apareceu em 2014
Claudia contou que em maio de 2014 eles descobriram um aneurisma cerebral e que não sabiam as consequências. “Os cirurgiões disseram que tinha que operar. Fizeram uma embolização, encheram o tumor de molas. Diziam pra gente que ele estaria curado após o procedimento, recebeu alta e voltou a trabalhar em cinco dias”, contou.

“Mas ele começou a sentir dormência na perna direita e corremos para o hospital. Descobrimos que ele teve nesse dia dois AVCs. A gente nunca soube se o procedimento desencadeou o AVC e as sequelas que ele ficou (a mão direita tremia, ele não escrevia mais, a perna direita incomodava ele, ele tropeçava muito)”.

Claudia relatou que depois que Vito morreu, arrumando as coisas dele, encontrou um exame de 2012 que nunca foi aberto. Ele sentia tonturas e foi ao médico, mas não voltou para conferir o resultado do exame. “Naquele exame já aparecia o aneurisma de 7mm na época, ele já havia tido um AVC, pelo que depois avaliou o médico”.

Vito também começou a tomar uma combinação de remédios muito fortes. “Quando eu soube do problema e dos remédios do Vito eu tive uma síndrome de pânico, passei cinco noites sem dormir. Mas ao mesmo tempo isso me preparou. Uns dois meses antes, levantei de madrugada e falei pra mim mesma: agora estou pronta”.

Claudia atribui à paixão entre eles a outra motivação para continuar. “As últimas palavras que eu disse pra ele foram no aeroporto. Ele me levou no aeroporto, eu botei a mão no rosto dele e disse ‘como é que eu vou viver quatro dias sem você?’”. Cláudia não estava no Rio no dia 24 de julho. “O Núcleo Piratininga é muito maior do que parece e vocês são muito importantes para decidir tudo”, finalizou.

Documentário
Entre os dias 18 e 22 de novembro, Leonardo Silva, diretor da Quem TV, esteve no Rio de Janeiro para acompanhar o 21º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação e fazer as entrevistas para o documentário, que se chamará “Vermelho Vito”.

A produção falará sobre o NPC, a militância de Vito, que toda quinta-feira distribuía o jornal Brasil de Fato na praça Saens Pena, na estação do metrô. De seus locais preferidos como a favela Santa Marta e os botecos de Copacabana, além da Feira de São Cristóvão.

“Vito Giannotti era um comunicador com uma visão e personalidades inconfundíveis. Características que causavam sempre uma reação em quem o conhecia, um jeito único de ser um revolucionário de esquerda. Um jeito único de ser vermelho. Um vermelho só dele. O Vermelho Vito”, afirma Leonardo Silva, diretor da produtora Quem TV.

Ele explica que o documentário mostrará “aqueles que tiveram a oportunidade de conhecer esse grande pensador, mostrar quais eram as características desta tinta, o Vermelho Vito, como ela tem pintado a vida de tantos comunicadores, sindicalistas e militantes. Que aprenderam com o Vito a manusear as armas na luta por uma sociedade mais igualitária”, aposta.

Leo Silva já produziu outros dois vídeos com Vito Giannotti: uma entrevista para o quadro “Movimente-se: Mentes que movimentam”, e o “Vermelho Vito”, uma homenagem póstuma.

Confira:

Paula PadilhaSEEB Curitiba

Close