Sindicato aguarda decisão do Cade sobre venda do HSBC

Apesar do Banco Central (BC) já ter aprovado a venda das operações do HSBC Brasil para o Bradesco, segundo notícias divulgadas nesta terça-feira (05), a conclusão da aquisição ainda depende de parecer do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e também da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Desde o final de novembro de 2015, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região participa como terceira parte interessada no processo que tramita no Cade, tendo acesso às informações e podendo se manifestar a respeito.

A partir do recebimento do pedido de análise, em 27 de outubro, o Conselho Administrativo passou a consultar diversas instituições levantando informações sobre o mercado financeiro e a concentração bancária. O Sindicato também requereu, em dezembro, a não aprovação da venda, argumentando que tal fato representa um risco para a eficiência global e, sobretudo, para os bancários que trabalham no banco inglês. Na segunda-feira, 04 de janeiro, a Fetec-CUT-PR complementou ainda a argumentação contra a conclusão da venda, com dados do Paraná.

O Cade tem prazo de 240 dias, a partir da data do requerimento, para analisar o processo.

Defesa do emprego
A principal luta travada pelo Sindicato, desde o anúncio da saída do HSBC do Brasil, é pela manutenção dos empregos dos 21 mil bancários que atualmente trabalham no banco inglês – 6 mil deles somente em Curitiba e região. Diversas ações já foram feitas para que os trabalhadores tenham garantia de que não serão demitidos massivamente.

Ainda conforme as notícias divulgadas ontem (05), o BC condicionou que o Bradesco assine um Acordo em Controle de Concentração (ACC) em que se comprometa a manter a continuidade de serviços, patamar de tarifas e de determinadas agências do HSBC. O termo será acordado entre o BC e o banco comprador nos próximos dias e divulgado oportunamente.

“Se há uma preocupação por parte do BC com os clientes do HSBC no processo, é justo que haja também, minimamente, um cuidado com os trabalhadores do banco. Nossa luta é para que 21 mil bancários – isso sem contar os quase 100 mil empregados do Bradesco – não percam seus empregos em uma transação que vai render milhares de dólares para os acionistas do mercado financeiro”, afirma Cristiane Zacarias, coordenadora nacional da COE/HSBC.

Impunidade
Junto com o parecer favorável à venda, foi divulgado que o BC também aprovou a transformação da HSBC Leasing (empresa não adquirida pelo Bradesco) em banco de investimento, garantindo que o grupo HSBC Internacional continue operando no Brasil, com foco em atacado. “Nos causa grande estranheza o BC autorizar que o HSBC permaneça no país, atendendo grandes investidores, mesmo com todas as investigações de lavagem de dinheiro”, conclui Cristiane.