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A importância de representar os desejos da classe trabalhadora brasileira

Pauta da CUT é aprovada em todos os segmentos da sociedade

Pesquisa CUT/Vox Populi mostra que é amplo o apoio de todos os segmentos da sociedade brasileira às pautas históricas, às bandeiras e às propostas da Central para o Brasil voltar a se desenvolver.

Escrito por: Marize Muniz • Publicado em: 22/01/2016 – 16:05 • Última modificação: 22/01/2016 – 16:25

Arquivo/CUT

É amplo o apoio de todos os segmentos da sociedade brasileira às pautas históricas, às bandeiras e às propostas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) para o Brasil.

As propostas da CUT para o país sair da agenda da crise e entrar na pauta do desenvolvimento econômico e social, com mais justiça, inclusão e geração de emprego, como ampliação da oferta de crédito, programas para ajudar pequenas e médias empresas e para dificultar demissões, são amplamente apoiadas por todos os setores da sociedade, de trabalhadores a empresários, passando por donas de casa e aposentados.

É isso que mostra a estratificação social da pesquisa CUT/Vox Populi, realizada em dezembro do ano passado, entre os dias 11 e 14 de dezembro, em todos os segmentos demográficos e socioeconômicos – trabalhadores da iniciativa privada, autônomos, empresários (pequenos, médios e grandes), funcionários públicos, profissionais liberais, donas de casa, estudantes, desempregados e aposentados – da sociedade.

Essa aprovação, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas, mostra que estamos em sintonia com o desejo da sociedade que quer sair da pauta da crise e ver o Brasil voltar a se desenvolver. É preciso melhorar o cenário econômico e, para isso, “é preciso quebrar resistências, unir toda a sociedade para a construção de consensos em torno de propostas como as que a CUT vem fazendo nos últimos anos”.

As propostas da CUT para o Brasil retomar a pauta do desenvolvimento obtiveram aprovação quase unânime em todos os segmentos sociais. Entre elas, a pergunta se ajudaria o país a sair da crise criar um programa para ajudar pequenas e medidas empresas, obteve percentuais positivos de 86% entre os trabalhadores/privados, 88% autônomos, 92% empresários, 95% funcionários públicos, 91% profissionais liberais,  82% donas de casa, 84% estudantes, 86% desempregados e 81% aposentados.

Outra proposta da CUT com o mesmo objetivo, a de aumentar a oferta de crédito para fortalecer o mercado consumidor, também é vista pela sociedade como uma forma de ajudar o país. Responderam positivamente a essa pergunta 64% dos trabalhadores/privados, 68% dos autônomos, 69% dos empresários, 63% dos funcionários públicos, 65% dos liberais, 61% das donas de casa, 58% dos estudantes, 66% dos desempregados e dos aposentados.

Pautas como a redução da taxa de juros para geração de mais emprego e renda também são apoiadas pela maioria da sociedade. Os percentuais ultrapassam 93% – ver material anexo.

Já bandeiras históricas da Central, como a cobrança de impostos sobre grandes fortunas, um item pouco debatido na mídia nacional, que bate na eterna pauta do impostômetro, divide a população – metade é a favor e metade é contra, em todos os estratos sociais. A surpresa da pesquisa é que  o maior percentual de aprovação foi entre os empresários. Para 55% deles, a medida ajudaria o país. Entre os trabalhadores da iniciativa privada o percentual dos que concordam que a medida ajudaria caiu para 51%.

Alguns itens obtiveram percentuais favoráveis a pauta da classe trabalhadora  acima de 80% em todos os estratos sociais, inclusive entre o empresariado, como é o caso da aposentadoria. Acreditam que o governo NÃO deveria mexer nas regras da aposentadoria 90% dos trabalhadores do setor privado, 88% dos trabalhadores autônomos, 84% dos empresários, 86% dos funcionários públicos, 92% dos profissionais liberais, 86% das donas de casa, 85% dos estudantes, 90% dos desempregados e 81% dos aposentados.

Clique aqui e veja outros dados da pesquisa no resumo feito pela Vox Populi.

A pesquisa CUT-Vox Populi foi realizada no Distrito Federal e em todos os estados brasileiros (exceto Roraima), em áreas urbanas e rurais. Foram entrevistadas duas mil pessoas, com mais de 16 anos, de todos os estratos sociais.

Cada questão (proposta, bandeira ou pauta) apresentada aos entrevistados vinha seguida de uma pergunta, com quatro alternativas de resposta: você acha que isso: a) ajudaria o país; b) prejudicaria o país; c) nem prejudicaria nem ajudaria; e, d) NS – não sabe ou NR – não respondeu.

A margem de erro, para o total do estudo, é de 2,2%, estimada em um intervalo de confiança de 95%.

Notícia colhida no sítio http://www.cut.org.br/noticias/pauta-da-cut-e-aprovada-em-todos-os-segmentos-da-sociedade-5795/

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Qual é o papel dos sindicatos em 2016?

É preciso sair de um horizonte estreito e compreender que o momento é de discussão de projetos para o Brasil.

21/01/2016

Por Pedro Carrano

Com frequência, a organização sindical recebe rótulos do monopólio da mídia, que associa o sindicalismo ao burocratismo, ao prejuízo à “vida do cidadão” e ao “risco de inflação” presente no aumento salarial. Tudo isso, em um constante exercício de desgaste.

Mas é preciso reafirmar os sindicatos como espaços de referência, organização e definição de um patamar de direitos dos trabalhadores.

Entre os anos de 2003 a 2013, os trabalhadores vivenciaram no Brasil um período de aumento de greves, aumento do salário mínimo, retomada de lutas, inclusive na esfera privada, e obtenção de ganhos salariais. Em resumo, um melhor terreno para a luta econômica.

Mas é fato que o período favorável e o aumento da capacidade reivindicatória não representam em si mesmos uma caminhada sem pedras no caminho. Ainda mais porque a organização do trabalho se manteve sujeita à ataques e à tentativa de redução de direitos iniciada na década de 1990.

Trata-se de um momento complicado entre avanços e recuos? Pode ser. Por isso, o momento atual exige um esforço redobrado dos sindicatos para, de fato, convencer os trabalhadores e limpar o terreno sobre qual é o programa de medidas que a maioria da população necessita.

Embora com ganhos que modificaram suas condições de vida, os trabalhadores continuaram sujeitos ao assédio de um programa neoliberal, que ganha força nesse momento de desgaste do governo.

Agora, os primeiros impactos da queda da economia alcançam os trabalhadores antes mesmo que houvesse um salto na sua organização, politização e definição de um programa sobre suas principais demandas. Se, em 2012, 93% das negociações salariais tiveram aumento real, acima da inflação, em 2015 este número passou para 63% (dados do Dieese). O que coloca em desgaste inclusive a composição de interesses, entre empresariado e trabalhadores, que tem marcado o governo de frente política nesses 14 anos.

Ao longo desse período, duas questões ficaram em aberto e são cruciais para a esquerda. Para citar as duas reformas mais urgentes: não houve avanços na reforma política e na mudança do marco regulatório das comunicações, mantendo os trabalhadores apartados das decisões políticas (nas campanhas prevalece o financiamento empresarial) e também da própria voz (os meios de comunicação são concentrados nas mãos de algumas famílias).

Um 2015 que continua

Um balanço do ano de 2015 reforça a entrada em cena dos professores, ao lado da movimentação dos estudantes. Os movimentos de luta do magistério conseguem, de certa forma, tencionar o cerco conservador da mídia, congresso e judiciário pelo fato de os professores terem forte apoio e respeito da comunidade.

Importantes mobilizações foram vistas: dos professores do Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás e Minas Gerais, junto ao restante do funcionalismo público.

Em meio a um 2015 no qual o governo foi acuado pela pressão da oposição neoliberal e não aplicou políticas de acordo com a base social que o elegeu, um fator importante foi a posição crítica de algumas centrais sindicais, caso da CUT, que participou da organização de lutas nacionais ao lado dos movimentos nos dias 13 de março, 7 de abril, 20 de agosto, 3 de outubro, 16 de dezembro, entre outros, com as pautas contra o impeachment, mas também em defesa de outra política econômica.

De 2015, o ano que não termina, muitos projetos tendem a voltar à pauta e exigir mobilização. É o caso das terceirizações, dos ataques à Previdência, das demissões em massa, da velha tentativa de fazer valer o negociado prevalecer sobre o legislado, entre outras questões que exigem capacidade de comunicar à população o que está em jogo.

Desafios

Para essa interlocução e convencimento dos trabalhadores, esbarramos também em outros problemas: a necessidade de discutir de forma ampla as amarras da estrutura sindical no Brasil; a inexistência na prática de Organização por Local de Trabalho (OLT), devido à intensa rotatividade nos postos de trabalho. A dificuldade desta forma de organização de base exige uma prática diferente do “tarefismo” e do “eventismo” tão comuns na prática sindical, pois requer um trabalho de eixo mais longo e paciente.

Por outro lado, voltar-se apenas para o local de trabalho é fundamental na organização, mas isso deve estar conjugado com a participação nos espaços mais amplos, como é o caso do debate da Frente Brasil Popular (FBP). Qual sindicato tem feito esses dois caminhos, do trabalho de base ao debate de como participar na FBP?

Ficam as provocações. Não há respostas prontas e 2016 tende a ser novamente um ano turbulento na economia e na política. O método de organização, formação e lutas se faz cada vez mais urgente para os sindicatos, apontando a solidariedade de classe e o fortalecimento dos vínculos entre movimento sindical e social, saindo de um horizonte estreito e compreendendo que o momento é de discussão de projetos. E o sindicato é um espaço fundamental para isso.

Por Pedro Carrano, que é diretor do Sindicato de Jornalistas do Paraná e integrante do Fórum de Lutas 29 de Abril.

Artigo colhido no sítio http://www.brasildefato.com.br/node/33968

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