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Diretor de Seguridade da Previ fala sobre a crise e gestão do fundo

Marcel Barros, diretor de Seguridade da Previ, durante apresentação do relatório de 2015 em Londrina

Marcel Barros, diretor de Seguridade da Previ, durante apresentação do relatório de 2015 em Londrina

SEGUNDA-FEIRA, 28/03/2016

Em sua passagem por Londrina na quarta-feira (22/03), Marcel Barros, diretor de Seguridade da Previ (fundo de previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil), concedeu entrevista ao Vida Bancária na qual comenta como a crise financeira mundial afeta as finanças da entidade e orienta os cerca de 180 mil participantes a terem tranquilidade em relação ao futuro.

Marcel afirmou que o Plano 1 tem recursos suficientes para garantir o pagamento dos benefícios até 2023 e disse que o Previ Futuro ainda está formando suas reservas, mas já tem R$ 7 bilhões de patrimônio. Ele falou ainda das propostas para ampliar benefícios dos associados que foram propostas pela Diretoria de Seguridade e que aguardam aprovação da diretoria e do Conselho Deliberativo da Previ.

Leia a seguir a entrevista com Marcel Barros:

Vida Bancária – Marcel, como está a situação da Previ frente à atual conjuntura econômica e política do país e mundial?

Marcel Barros – A Previ é um fundo de pensão que tem por objetivo pagar benefícios aos seus associados. Pra cumprir esta missão ela tem um patrimônio formado ao longo do tempo e, logicamente, que um dos meios que ela utiliza para isso são os investimentos, tanto no mercado acionário, como no de renda fixa. Tendo um investimento da magnitude que tem a Previ, no valor de 150 bilhões de reais, e estando inserida neste mercado, não tem como não sentir os efeitos de uma crise econômica mundial, que não se trata de uma prerrogativa apenas do Brasil. Por isso, no ano de 2015, especialmente por conta da depreciação do valor dos ativos de renda variável, principalmente da Vale do Rio Doce, o sistema financeiro como um todo, incluindo Itaú, Bradesco, que nós temos ações, e um pouco da Petrobras também, teve um déficit significativo de 16,1 bilhões de reais. Logicamente, este déficit, na nossa avaliação, é conjuntural e tão logo a economia se reaqueça em nível mundial nós sofremos um impacto positivo. Então, neste momento o impacto é negativo, mas a tendência é de que logo que a economia reaja, principalmente a Vale do Rio Doce, que está muito inserida no mercado chinês. Com a reação destes mercados, também estes ativos se recuperam e a Previ volta a ser superavitária.

Vida Bancária –Em relação ao exercício anterior, qual foi a diferença?

Marcel Barros – Nós saímos de 2014 com um superávit de cerca de R$ 12 bilhões e fechamos com um déficit de R$ 16 bilhões. Então, o impacto no ano foi de R$ 28 bilhões, aproximadamente. Isso foi decorrente de uma depreciação da ordem de quase R$ 14 bilhões da renda variável, principalmente, e por um aumento do nosso passivo, da reserva matemática, da ordem de quase R$ 14 bilhões. Quando você junta a diminuição do ativo com o aumento do passivo dá esse resultado, que consumiu toda a reserva de contingência e ainda ficou negativo em R$ 16 bilhões.

Vida Bancária – E este resultado vai exigir que seja feito um plano de equalização ou ainda dá para segurar algum tempo?

Marcel Barros – Segundo as normas, em especial à Resolução nº 22, que trata disso, nós ficamos R$ 2,9 bilhões acima do limite estabelecido. Então, nós temos que preparar ao longo de 2016 um plano de equalização de R$ 2,9 bilhões para ser implantado e aplicado por até 18 anos. Não seria um impacto grande, caso seja necessário implantar, mas vai depender do resultado deste ano e ao final de 2016, se o resultado for superavitário ou se ficar deficitário, mas abaixo do limite determinado pela Resolução, não será preciso implantar nenhum plano de equalização. Se tiver que equalizar, será no valor de R$ 2,9 bilhões, dividido meio a meio com o banco, portanto, de cerca de R$ 1,450 bilhões para os associados e diluído em 18 anos.

Vida Bancária – O que você tem a dizer aos participantes em relação ao futuro. Está tranquilo ou será necessário adotar alguma medida para segurar os investimentos?

Marcel Barros – A mudança dos investimentos é algo que vai ser necessário de qualquer forma. O Plano 1, especificamente, é um plano maduro, que já tem quase 90 mil aposentados e pensionistas e cerca de 19 mil pessoas que ainda estão na ativa. É um plano que a gente tem que caminhar para equilibrar o ativo e o passivo dele, e isso se faz, principalmente, tendo a renda fixa como um balizador. Nós já temos em nossa política de investimentos um caminho para a renda fixa, que é sair da renda variável. Mas isso se dá de forma lenta e gradual. Não dá pra fazer isso de uma só tacada, até porque o mercado de ações no Brasil não comportaria isso. Então, nós temos ao longo do tempo feito alguns movimentos no sentido de casar nosso passivo com renda física. Este movimento vai acontecer no período de longo a médio prazo. Temos também o Plano Previ Futuro, que tem cerca de 86 mil participantes. Este plano está tranquilo, porque é de contribuição definida. Temos quase R$ 7 bilhões de patrimônio e está em fase de crescimento para formação de reservas. É um plano que a gente, de acordo com o perfil de investimentos dos associados, aloca parte dos recursos em renda fixa e outra em renda variável.

Vida Bancária – O banco está planejando fazer alguma mudança na Previ?

Marcel Barros – O banco trocou recentemente o diretor de Investimentos, que tomou posse no final do ano passado, salvo engano meu. O banco também trocou o presidente em 2015 e o diretor de Participações, porque o primeiro se aposentou e o outro saiu do banco, pediu para se desligar, e o diretor de Investimentos foi para outra área do banco. Sempre tem algum movimento. No âmbito dos eleitos, este ano nós teremos processo eletivo e poderemos ter alguma mudança, dependendo do resultado.

Vida Bancária – O que você tem a falar mais para os participantes em relação à situação da Previ?

Marcel Barros – Acho que uma coisa importante, até para trazer tranquilidade aos nossos associados do Plano 1, que são muito bombardeados com muita contrainformação ou desinformação das Redes Sociais, é que o Plano 1 continua saudável e tem recursos para honrar os seus compromissos por um longo tempo ainda. Nós temos um fluxo de caixa que nos permite pagar os benefícios de forma tranquila pelo menos até 2022 ou 2023. Não há por que se desesperar. Tem gente querendo se aproveitar do momento pra pregar um terrorismo que não existe. A mensagem que a gente tem para os associados do Plano 1 é para que fiquem tranquilos, o plano continua saudável e estamos gerindo com todo cuidado necessário, até porque nós também somos associados e estamos olhando para o nosso próprio patrimônio. Para o pessoal do Previ Futuro tenho a dizer que olhem para o seu plano. Pela forma como ele foi constituído, a participação do associado é necessária para definir o seu perfil de investimentos, acompanhar a sua contribuição 2B, ver se é preciso fazer preservação do salário. A gente olha muito isso, e pede para que os associados do Previ Futuro acompanhem mais o seu plano.

Vida Bancária –  Sobre a CPI dos Fundos de Pensão, como está a Previ?

Marcel Barros – Nós já fomos chamados e o presidente da Previ, que já havia sido convocado, foi novamente este mês à CPI. As perguntas se repetem muitas vezes e no que diz respeito aos investimentos da Previ, a gente tem muita serenidade em falar disso, porque existe todo um modelo de governança que não permite que a gente possa fazer negócios equivocados. A gente tem uma política de investimentos que é seguida à risca e são os próprios associados da Previ, funcionários do banco que cuidam dos investimentos. É o próprio associado cuidando do seu patrimônio. Isto tem dado muita solidez e segurança a nós da Previ.

Vida Bancária – A CPI dos fundos de pensão é mais política? É uma investigação que está meio parada, quieta. O que você tem a falar sobre isso?

Marcel Barros – Em relação à Previ, não há do que se falar. Nós temos como justificar todos os investimentos, não temos investimentos que possam ser classificados como malfeitos e temos, logicamente, como todo ente que faz investimentos, como é a Previ, você pode ter perda em algum lugar, mas não há que se falar em gestão temerária ou gestão equivocada. Isto não acontece na Previ. Outros fundos têm outras situações, gestões terceirizadas e eu vou bater nesta tecla: é importante na Previ o fato da gestão ser feita inteiramente por funcionários do Banco do Brasil, que também são associados do plano, diferentemente de outros planos que também estão sendo inquiridos na Comissão de Inquérito, justamente por que terceirizaram suas gestões e alguns investimentos estão mal explicados.

Vida Bancária – E na sua pasta, a Diretoria de Seguridade, tem alguma novidade a caminho?

Marcel Barros – A gente tem buscado sempre aprimorar os benefícios para os associados. Fizemos algumas alterações no financiamento imobiliário, aumentando o prazo para até 420 meses, tentando melhorar as condições para pagamento, de forma que a prestação inicial seja menor e o associado possa ter um maior valor de financiamento. No plano Previ Futuro a gente também tem feito algumas melhorias no que diz respeito ao empréstimo simples, aumentando valores e prazos, e isso depende sempre do patrimônio, e como ele tem sido crescente, a gente tem conseguido fazer isso. Também, no que diz respeito ao Regulamento do Plano Previ Futuro, nós apresentamos, agora, no final do ano, um Regulamento que foi aprovado na diretoria e no Conselho Deliberativo, que agora vai para o Banco do Brasil e, posteriormente, para o órgão regulamentador, para aprovação. Ele contempla diversas questões importantes para os associados, entre elas a possibilidade da devolução da parte patronal, dentre outras.  Também, no que diz respeito ao Plano 1, no final do ano, a Diretoria de Seguridade apresentou a proposta de instituição de um teto de benefícios, igual ao INRS especial Esta nota foi para o Conselho Deliberativo e aguardamos posicionamento a respeito disso.

Por Armando Duarte Jr.

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