Para ele, somente a organização da categoria será capaz de superar a conjuntura desfavorável.
Reajuste real, além da reposição da inflação. Essa foi defendida a proposta pelo presidente do Contraf-CUT , Roberto Antônio Von der Osten, que participou da 18ª Conferência Estadual dos Bancários, realizada nos dias 1,2 e 3 de julho, em Toledo. Ele fez uma avaliação da campanha salarial do ano passado e chamou atenção para as diversas ameaças aos direitos trabalhistas, em especial dos bancários.
De acordo com o Von der Osten, as direções dos bancos já planejam aproveitar o ciclo econômico desfavorável, somado às medidas de ajuste fiscal implementadas pelo governo interino de Michel Temer, para oferecer uma reposição salarial menor que a inflação, limitando-a a um abono para os funcionários dos bancos privados, entre outras possíveis retiradas de direitos.
Não há benefícios, mas conquistas
O presidente da Contraf-CUT também destacou que os bancários não podem permitir que os banqueiros chamem de ‘benefícios’ as conquistas dos trabalhadores, fruto de muita luta da categoria (tais como vale-alimentação e refeição, PLR, plano de saúde, etc.). Para ele, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) é uma conquista, assim como a negociação em mesa unificada e a organização nacional da categoria.
“Todos os dias, temos que lembrar que não há benefícios, mas conquistas! Vamos lembrar que bancários já trabalharam seis dias por semana, oito horas por dia e hora extra não era remunerada, era obrigação. Foram a nossa organização e mobilização que conseguiram garantir direitos, valorização salarial e mais saúde para os trabalhadores!”, afirmou.
Luta de classes
Osten afirmou que vivemos um ataque ao retrocesso civilizatório. “Querem nos retroceder ao início do século XX quando começou a se falar em algum direito trabalhista. Nós não somos a favor desse ou outro partido. Somos radicais contra o golpe, contra o retrocesso”, frisou.
O dirigente sindical enumerou as entidades que se uniram para chegar ao poder de forma ilegítima e implantar interesses que vão solapar os direitos dos trabalhadores. As principais seriam a FIESP, Associação Comercial de São Paulo, Fenaben, mídia, judiciário partidarizado e engajado e ricos indignados que trazem de volta um projeto liberal já derrotado nas urnas quatro vezes e trouxeram de volta o fascismo, implantando o ódio para o meio sindical. “Não é à toa que as associações comerciais exibem um impostômetro, para dizer quanto o Estado arrecada, mas não têm coragem de colocar o sonegômetro”, provocou.
Conjuntura desfavorável
Com base em levantamentos feitos pelo Dieese e Diap, o dirigente sindical expôs o excepcional lucro dos bancos nos últimos doze meses, que já somam bilhões. Apesar da rentabilidade, só nos primeiros cinco meses do ano foram fechadas mais de 6 mil vagas de trabalho. Além do crescente desemprego, ele também falou sobre os 55 projetos que ameaçam os direitos da classe trabalhadora e que tramitam no Congresso Nacional, em regime de urgência.
Osten também denunciou a tentativa de criminalização dos movimentos sindicais alertando que está em curso a criação de uma CPI no Congresso contra o movimento sindical sob a acusação de uso do dinheiro público supostamente utilizado por alguns sindicatos para patrocinarem as marchas contra o golpe. Ele ressaltou que grande mídia está usando exemplos de maus sindicatos para influenciar a opinião pública.
“Diante dessa conjuntura desfavorável, nós temos como missão influenciar a política. A nossa unidade nacional vai fazer a diferença, pois temos certeza de que se mantermos a organização e a mobilização histórica, que foi o que nos trouxe até aqui, conseguiremos vencer mais esta campanha salarial e, ao final, poderemos dizer que golpistas e fascistas não passarão!”, finalizou Roberto von der Osten.
Autor: Cinthia Alves/Renata Ortega
Fonte: FETEC-CUT/PR / SEEB Curitiba
Foto: Marcelo Camboim