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Para Boulos, fala de Sanders ajuda a inserir golpe no Brasil no contexto internacional

Para coordenador do MTST, denúncia de senador que disputou primárias com Hillary Clinton reforça as manifestações feitas no Brasil, durante a Olimpíada, quando o país está sob os holofotes do mundo

por Eduardo Maretti, da RBA – publicado 09/08/2016 15:47, última modificação 09/08/2016 15:57

Reprodução/Youtube

Guilherme Boulos

Para Boulos, denúncia de Sanders é significativa, pois é “uma voz importante no cenário internacional”

São Paulo – A denúncia do senador por Vermont Bernie Sanders, que disputou com Hillary Clinton a indicação do Partido Democrata para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro, é significativa e reforça as denúncias contra o golpe no Brasil num momento de Jogos Olímpicos em que o país está sob os holofotes do mundo. “São iniciativas importantes todas as que ajudem a denunciar o golpe internacionalmente e façam com que a comunidade internacional questione e não reconheça o governo ilegítimo do Brasil”, diz o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo sem medo, Guilherme Boulos.

“A declaração do Bernie Sanders vai nesse sentido, assim como as mobilizações feitas aqui no Brasil, durante as Olimpíadas, também têm a mesma finalidade”, diz.

Ontem (8), o ex-pré-candidato preferido da esquerda democrata, que tem a simpatia de um público jovem e esclarecido que exige mudanças no sistema político norte-americano, disse estar “profundamente preocupado com os atuais esforços para destituir a presidente democraticamente eleita do Brasil”.

Segundo ele, “para muitos brasileiros e observadores o controverso processo de impeachment mais parece um golpe de Estado”. O senador democrata denunciou o governo de Michel Temer dizendo: “Após suspender a primeira presidente mulher do Brasil com argumentos duvidosos, sem um mandato para governar, o novo governo interino extinguiu o ministério das mulheres, da igualdade racial e dos direitos humanos”.

Desde o início do processo de impeachment de Dilma Rousseff, Sanders foi a voz mais importante de seu país a se pronunciar contra a situação. O presidente Barack Obama não se manifestou a respeito, mas seu governo adota a posição de que os Estados Unidos não devem se intrometer nas questões brasileiras.

Na opinião do coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Luis Fernando Ayerbe, Sanders se cacifou muito no processo de escolha do candidato democrata, mesmo tendo perdido a indicação para Hillary. Com esse cacife, “ele está tomando atitudes as quais buscam forçar posições mais progressistas por parte da campanha democrata, e busca também forçar posições progressistas de Obama, que, segundo Sanders, deveria se posicionar contra o impeachment da Dilma”, diz. “Sanders está utilizando politicamente a importância do apoio da esquerda ao Partido Democrata com relação à eleição, para lançar propostas mais ousadas.”

Na opinião de Ayerbe, Obama não vai assumir a linha proposta por Sanders. “A posição que o presidente vai adotar, que já adotou, é que as instituições brasileiras resolvam suas questões. Não é porque Sanders pediu, que Obama vai acatar”, avalia. É duvidoso  mesmo que Hillary assuma a posição defendida pelo senador, diz, já que o Brasil não é um tema que polarize as opiniões do eleitorado norte-americano.

Para Boulos, independentemente de o senador democrata estar tentando atingir o eleitorado interno nos Estados Unidos, levando-o mais à esquerda, a importância da fala de Sanders continua grande. “Ele tem as razões dele para falar. A questão é o significado político que isso tem para nós. É uma voz importante no cenário internacional, caracterizando o processo no Brasil como um processo golpista. Isso nos ajuda a quebrar bloqueios”, afirma.

Leia também:

Notícia colhida no sítio http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2016/08/para-boulos-fala-de-sanders-coloca-golpe-no-brasil-no-contexto-internacional-3321.html

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Serra se alinha aos Estados Unidos e promove instabilidade na América do Sul

“Ideia atrasada e míope é a de retomar as posições dos países alinhados aos EUA, uma ideia dos anos 1990, ultraliberal, de um bloco dos pobres que vão receber ajuda dos ricos”, diz professora da UFRGS<

por Eduardo Maretti, da RBA – publicado 03/08/2016 19:30, última modificação 03/08/2016 19:36

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Analúcia_Danilevicz_Pereira.jpg

Analúcia: “curiosa” postura de abandonar a política externa dos governos petistas, que priorizava o multilateralismo

São Paulo – No momento em que o Brasil, principal força econômica regional, assume a postura de negar legitimidade à Venezuela para assumir a presidência do Mercosul, a interpretação possível é que o governo interino brasileiro aposta na instabilidade da América do Sul. “Só podemos pensar que, em vez de contribuir para a estabilidade, a atual política contribui justamente para a instabilidade da região”, diz a professora de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Analúcia Danilevicz Pereira.

“A ideia é retomar as posições dos países mais alinhados aos Estados Unidos, ideia dos anos 1990, ultraliberal. É a ideia de um bloco dos pobres que vão receber a ajuda dos ricos. Essa visão é extremamente atrasada e míope em relação às mudanças internacionais dos últimos anos”, acrescenta. “É um retorno ao que foi o ultraliberalismo dos anos 90.”

Depois do silêncio em que se manteve nas últimas semanas, sobre o impasse na transferência da presidência do Mercosul, do Uruguai para a Venezuela, o ministro interino das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, se manifestou na segunda-feira (1°), após Caracas comunicar que estava assumindo o comando do bloco. Serra informou que o país considera “vaga a presidência pro tempore do Mercosul”, o que consolida a postura de boicote de Brasil e Paraguai, principalmente, e da Argentina de Mauricio Macri, mais discretamente. O boicote vale tanto em relação ao governo de Nicolás Maduro quanto ao bloco regional.

Para Analúcia, é “curiosa” a postura do atual chanceler, de abandonar a política externa dos governos petistas, que priorizava o multilateralismo e “se definia pelo pragmatismo”, segundo ela. Outra característica desenvolvida pelo Itamaraty no período anterior, em sua opinião, era desenvolvida “no sentido de garantir a cooperação em detrimento do conflito”.

Com essa política de cooperação e procura de superação de conflitos nos últimos 13 anos, o Brasil desempenhou papel fundamental, por exemplo, no acordo entre Irã e Turquia sobre combustível nuclear, em 2010.

A situação de crise interna pela qual passa a Venezuela é um cenário que se adequaria à política de cooperação, o inverso da prática de Serra. “A Venezuela precisaria justamente de um apoio mais substantivo dos demais países para superar essa crise”, diz a professora. “Com Lula e Dilma, o Brasil foi acusado de ideologizar a política externa. É curioso isso. Agora vem um ministro que age com uma conduta extremamente ideológica, condenando, reprimindo, criticando e tentando excluir o país do conjunto regional, dos processos integrativos, principalmente o Mercosul.”

Em entrevista, ontem (2), à TVT, o jornalista Igor Fuser, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), manifesta opinião semelhante sobre a guinada e a contradição do Itamaraty sob o comando do chanceler interino. “Os mesmos que pouco tempo atrás diziam que a política externa (do governo Dilma) era ideológica, que não era regida por interesses de Estado, hoje jogam no lixo o interesse de Estado do Brasil, em função de uma questão partidária.” Para ele, a postura do governo interino brasileiro tem também o objetivo de “ajudar os partidos venezuelanos que são iguais” aos que participam do golpe parlamentar no Brasil.

Fuser diz que, por trás da posição brasileira, existe a “tentativa de interferir na política interna da Venezuela: eles querem prejudicar um governo de esquerda, criar uma situação vexatória para favorecer a direita dentro da Venezuela”.

Regra é clara

Paraguai e Brasil argumentam que a Venezuela não incorporou cláusulas e protocolos econômicos e relativos aos direitos humanos e, portanto, não é membro pleno do bloco. Para Igor Fuser, tal posição é um “pretexto”. “A regra é muito clara: o mandato de cada país dura seis meses e ao final desses seis meses entra o próximo país na ordem alfabética. A mudança é automática. Não depende de uma decisão dos países membros. A regra é cumprida há 25 anos.”

Diante do impasse que se manteve durante todo o mês de julho, o Uruguai declarou encerrada sua gestão na sexta-feira (29) e, imediatamente, a Venezuela anunciou que assumia a presidência do bloco.

Em artigo na revista Carta Capital, o ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim, afirma que “o Mercosul passa pela maior crise desde a sua criação, em 1991”.

Nele, Amorim diz que “privar a Venezuela da presidência do Mercosul em nada contribuiria para melhorar a situação no país vizinho”. Segundo ele, “a psicologia do ‘cerco’ nunca produziu bons resultados”. “A menos que o objetivo seja outro: o de contribuir para uma desestabilização maior da Venezuela, sem atentar para as terríveis consequências que isso acarretaria.”

Confira reportagem da TVT

Notícia colhida no sítio http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2016/08/politica-de-serra-se-alinha-aos-eua-e-promove-instabilidade-na-america-do-sul-5136.html
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