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Por 16:39 HSBC

Com fim de interdito do HSBC, Paraná segue na greve com 76% das agências fechadas

São nove centros administrativos paralisados  em Curitiba e banqueiros continuam ignorando reivindicações

A greve nacional dos bancários completou 28 dias, nesta segunda-feira (03). Nos Sindicatos filiados á Fetec/Cut-Pr (Apucarana, Arapoti, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba, Guarapuava, Londrina, Paranavaí, Toledo, Umuarama e suas respectivas regiões), 75% das agências bancárias permanecem fechadas, além de mais nove centros administrativos, incluindo quatro do HSBC. A greve também abrange cinco financeiras. Os dados são da Federação dos Trabalhadores das Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR) que representa quase 85% da categoria no estado.

Os banqueiros seguem ignorando as reivindicações dos trabalhadores e se recusam a sequer recompor as perdas salariais. Na última negociação, que aconteceu no dia 28 de setembro, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) manteve pela terceira vez consecutiva a proposta de 7% de reajuste para este ano, mais abono de R$ 3.500, e ofertou 0,5% de aumento real para 2017. O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta em mesa, por representar perdas aos trabalhadores. Mesmo com um lucro de cerca de R$30 bilhões no primeiro semestre, os bancos não se dispuseram a repor sequer a inflação do período (9,62%).

Bancários são as maiores vítimas de adoecimento e suicídio

Pesquisas realizadas por diversas entidades, utilizando os mesmos critérios de doença adotados pela Organização Mundial da Saúde da ONU, mostraram que os acidentes de trabalho causados por doenças ocupacionais é de 30% entre os bancários, enquanto nas demais categorias profissionais, fica em 2%. Os dados foram obtidos por meio de consultas ao INSS.

Em artigo científico, intitulado: O Trabalho Penoso dos bancários: Adoecimento, Gravosidade e Desequilíbrio nas Relações Laborais, os pesquisadores José Ricardo Ceatano Costa e Liane Francisca Hüning Birnfeld, mostram que que as doenças psíquicas são as que mais acometem trabalhadores bancários. São eles que estão submetidos diretamente à exploração das instituições financeiras que sustentam o capital.

As pesquisas citadas no referido artigo apontam para a existência de novas patologias associadas às diversas síndromes até então desconhecidas ou pouco estudadas, tais como a de burnout, do pânico, entre outras. O assédio moral no trabalho, por sua vez, ganha proporções até então desconhecidas.

A exigência das metas, bem como o assalto crescente às agências bancárias, agrava esse quadro. Registre-se que as metas deixaram de ser cobradas somente às agências para, além delas, serem cobradas de forma individual, gerando uma competição interna que viola os mínimos princípios da solidariedade e da vivência em grupo. O resultado dessa política, ora institucionalizada, é o adoecimento dos bancários devido às doenças que se desencadeiam devido a esse processo.

Para os pesquisadores, não há dúvidas que o ambiente de trabalho dos bancários está em dissonância com o disposto no art. 225 da Carta Política de 1988, ou seja, um ambiente equilibrado, saudável e construtor dos direitos mínimos de cidadania. O adoecimento, cada vez mais frequente, os auxílios-doenças e as aposentadorias por invalidez precoces, que oneram o sistema previdenciário como um todo, são indícios desta realidade.

“Todas estas questões, a nosso ver, confluem no conceito de penosidade, conforme vem sendo construído pela doutrina. Não há dúvidas que o labor dos bancários implica em um desgaste, psíquica e fisicamente, que conduzem a doenças mentais e físicas. Esse desgaste, ao que indicam as pesquisas, é paulatino, cumulativo, esparso. Seja a LER/DORT, que já perdeu espaço para outras doenças psíquicossomáticas, sejam as outras síndromes nominadas neste estudo, são “doenças invisíveis”, o que dificulta a sua constatação”, afirmam os cientistas Costa e Liane Birnfeld.Resultado de imagem para saúde dos bancários

No início deste ano, em oficina que tratou do adoecimento dos bancários, realizada durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o presidente da Federação dos Trabalhadores das Empresas de Crédito do Paraná, Júnior Cesar Dias, concorda: “Este debate, que diz respeito aos métodos de administração que provocam o adoecimen
to dos funcionários, tem que ser discutido mundo afora”, afirmou.

Bancos públicos na mesma linha

“Hoje vemos bancos públicos como o Banco do Brasil e a Caixa Federal praticando o mesmo tipo de gestão e provocando o mesmo adoecimento em seus funcionários que os bancos privados, o que não deveria acontecer”, denunciou Júnior. Ele acrescenta que é de conhecimento dos sindicatos que tem havido um alto índice de suicídios, sendo alguns cometidos dentro de agências bancárias. Os casos já foram levados ao Ministério Público do Trabalho que realiza investigações sobre o problema.

Autor: Cinthia Alves

Fonte: FETEC-CUT-PR

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