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Recessão de Temer esvazia planos de saúde e lota o SUS

A crise econômica e a queda expressiva da renda das famílias têm esvaziado os planos de saúde e lotado os lá saturados hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde), diz reportagem do UOL. Dados preliminares do Sistema de Informações Hospitalares indicam um aumento considerável da quantidade de atendimentos nos hospitais públicos da cidade de São Paulo. Para especialistas, e para a própria secretaria Estadual da Saúde, o desemprego e a crise são as principais razões.

Nos últimos três anos, 540 mil paulistas deixaram seus planos de saúde, segundo a secretaria, que cita dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

“Com o aumento do desemprego, muitas famílias estão perdendo seus planos privados de saúde e recorrem a hospitais e ambulatórios do SUS”, avalia a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

“Entre janeiro e agosto deste ano, os hospitais públicos da cidade de São Paulo registraram neste ano a maior quantidade de atendimentos no período desde 2011. É o que aponta levantamento feito pelo Fiquem Sabendo com base em dados preliminares do SIH/SUS (Sistemas de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde), do Ministério da Saúde.

O número representa 13.554 internações a mais do que as realizadas no mesmo período de 2015. O total abrange os atendimentos a pacientes feitos pelos hospitais das redes estadual e municipal de saúde e também os de entidades privadas que atendem a população gratuitamente por convênios com o poder público.

O levantamento não especifica o diagnóstico de cada paciente internado: abrange desde casos complexos, como o de pacientes com câncer, por exemplo, até situações menos graves, como quadros de diarreia, segundo explica o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), Eder Gatti.”

Fonte: Brasil 247

Especialistas veem aumento com preocupação

Na avaliação da economista e pesquisadora na área da saúde pública Maria Cristina Amorim, professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), o aumento do número de internações é “expressivo” e requer uma análise cuidadosa.

“Não resta dúvida que o aumento do desemprego é uma variável importante, mas uma alta de 13 mil pacientes pode ser explicada também por outros fatores, como a diminuição da fila de exames, e encaminhamento desses pacientes para tratamento, algo que tem sido atacado pelas redes públicas de saúde nos últimos anos”, diz a especialista.

Ela afirma que vê com preocupação a possibilidade de os repasses da União na área da saúde serem impactos caso a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241, em trâmite no Congresso Nacional, seja aprovada. A proposta estipula o congelamento dos gastos públicos na esfera federal por 20 anos com o intuito, segundo os seus defensores, de contornar a crise econômica.

Na opinião dela, a regra de limitar o Orçamento da União ao valor do ano anterior acrescido da inflação do período resultará na diminuição dos recursos destinados ao SUS.

“Não se pode fazer uma projeção com demanda constante para o SUS, por um prazo tão longo, supondo-se que os preços de todos os insumos em saúde serão constantes e que a característica epidemiológica da população também não vá mudar”, diz Maria Cristina. “Estou estupefata com a discussão que se está tendo em relação a essa PEC.”

Para o presidente do Simesp, Eder Gatti, o texto atual da PEC 241, caso entre em vigor, diminuirá os repasses do governo federal para o SUS, o que, em sua avaliação, prejudicará o atendimento oferecido à população.

“O SUS precisa de muito mais dinheiro. A esperança de salvar o sistema era o governo federal fazer um aporte maior do que o atual. Então, a tendência é a população demandar mais e mais o sistema, por causa da crise e do envelhecimento da população, durante um longo período com o orçamento congelado.”

Autor: Léo Arcoverde

Fonte: UOL

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