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Morre o grande arcebispo da dignidade humana, Dom Paulo Evaristo Arns

14/12/2016

É com grande pesar que a Contraf-CUT recebeu a notícia, nesta quarta-feira (14), do falecimento de Dom Paulo Evaristo Arns, o grande arcebispo da dignidade humana. O Cardeal estava internado desde o dia 28 de novembro com broncopneumonia, no hospital Santa Catarina e depois de complicações morreu no final da manhã desta manhã. Que Deus o acolha plenamente.

Dom Paulo tinha 95 anos, 71 anos de sacerdócio e 76 anos de vida franciscana. Ele era cardeal desde 1973 e foi arcebispo metropolitano de São Paulo entre 1970 e 1998. O trabalho pastoral de Arns foi voltado principalmente aos habitantes da periferia, aos trabalhadores, à formação de comunidades eclesiais de base nos bairros e à defesa e promoção dos direitos humanos.

Era o bispo dos oprimidos, o cardeal dos trabalhadores, da liberdade e da cidadania. O guardião dos direitos humanos. Bravamente enfrentou os generais da ditadura militar para dar proteção a perseguidos políticos, religiosos, operários, jornalistas e profissionais de diversas áreas.

Em março de 1973, ele presidiu a “Celebração da Esperança”, em memória do estudante Alexandre Vannucchi Leme, morto pela ditadura. No ano seguinte, acompanhado de familiares de presos políticos, apresentou ao general Golbery do Couto e Silva um dossiê relatando os casos de 22 desaparecidos.

Em outubro de 1975, no ano em que o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado por agentes do governo, Dom Paulo comandou, na Catedral da Sé, um culto ecumênico que, reunindo milhares de pessoas, acabou se transformando num dos atos públicos mais significativos da luta contra o regime militar instalado 11 anos antes no país.

Anos depois defendeu o voto popular na campanha Diretas Já.

Entre outras lutas de sua trajetória, destacam-se também sua atuação contra a invasão da Pontifícia Universidade Católica (PUC), comandada pelo então secretário de Segurança Pública de São Paulo, coronel Erasmo Dias, em 1977, e o planejamento da operação para entregar ao presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, uma lista com os nomes de desaparecidos políticos.

Em outubro deste ano, ele foi homenageado no Teatro da Pontifícia Universidade Católica (Tuca), na capital paulista, pelos seus 95 anos de vida, e pela sua atuação política. A cerimônia foi marcada por relatos de ações de Arns contra a ditadura militar, nas décadas de 60 e 70, e em defesa dos direitos humanos. O papa Francisco enviou uma mensagem especialmente para a comemoração. O cardeal compareceu e fez uma breve fala de agradecimento ao final.

A palavra esperança fazia parte dos discursos do cardeal. Que a sua alma descanse em paz e que nós jamais deixemos de ter esperança.

O seu velório terá início no final da tarde na Catedral da Sé.

 

Fonte: A Direção da Contraf-CUT

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Aos 95 anos, morre dom Paulo Evaristo Arns

Símbolo da resistência e luta pelos direitos humanos, enfrentou a ditadura e dedicou a vida em prol da justiça e da população humilde; morreu nessa quarta-feira 14, vítima de complicações pulmonares

14/12/2016

São Paulo – Símbolo da luta pelos direitos humanos no Brasil, “amigo do povo”, como certa vez disse que gostaria de ser lembrado, o cardeal dom Paulo Evaristo Arns morreu na manhã de quarta 14, aos 95 anos, no Hospital Santa Catarina, na capital paulista,, onde estava internado desde o dia 28 de novembro com um quadro de broncopneumonia.

Nascido em 14 de setembro de 1921 em Forquilhinha, colônia de imigrantes alemães na região de Criciúma, em Santa Catarina, Paulo Evaristo Arns era o quinto dos 14 filhos de Gabriel Arns e Helena Steiner.

Entre 1956 e 1966, foi professor de teologia no seminário franciscano de Petrópolis (RJ), período em que atuou nos bairros pobres e favelas da cidade serrana. Em seu livro autobiográfico de memórias Da Esperança à Utopia – Trajetória de uma Vida, definiria a época em Petrópolis como a mais feliz da sua vida.

Em 1966 foi nomeado bispo, por decisão pessoal do papa Paulo 6º. No mesmo ano foi escolhido para ser bispo auxiliar do cardeal de São Paulo, Agnelo Rossi, homem aliado à ala conservadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que logo o enviou para atuar na região de Santana, na zona norte da capital paulista.

Ali começou a visitar e conhecer a situação dos presidiários da Casa de Detenção do Carandiru, além de criar núcleos da pioneira experiência das comunidades eclesiais de base (Cebs). Um dia, por orientação do cardeal, dirigiu-se ao presídio Tiradentes para checar as condições de frades dominicanos presos por razões políticas, entre eles frei Beto e frei Tito. Foi quando viu com os próprios olhos a deplorável situação de frei Tito, barbaramente torturado pela ditadura civil-militar que um ano antes, em 1968, havia engrossado a repressão e a perseguição com a instauração do Ato Institucional nº 5.

O contato com os presos políticos no presídio Tiradentes e a constatação das torturas praticadas pelo regime, marcaria dali em dia, definitivamente, a vida e a trajetória de d. Paulo como defensor incansável dos direitos humanos e dos presos políticos.

Em 1970, com a transferência do cardeal Agnelo Rossi para Roma, d. Paulo Evaristo Arns assumiu como o novo arcebispo de São Paulo, novamente a convite do papa Paulo 6º. A admiração entre ambos era recíproca.

Em 1972 instalou a Comissão Justiça e Paz, cujo objetivo era prestar atendimento às vítimas e perseguidos políticos da ditadura. Tendo o jurista Dalmo de Abreu Dallari como primeiro presidente, a comissão funcionava na Cúria Metropolitana e logo se tornou ponto de refúgio para familiares de mortos e desaparecidos. No ano seguinte, o papa Paulo VI elevou-o a cardeal.

Símbolo da resistência, admirado e amado pelo povo, d. Paulo Evaristo Arns era, por outro lado, de certa forma odiado pelos líderes militares e civis da ditadura. Em 1976, após o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, comandou na Catedral da Sé um ato ecumênico que entraria para a história da luta pela democracia e o fim da ditadura no Brasil.

Em 1998 o cardeal se afastou do comando da Arquidiocese de São Paulo e, desde então, passou a manter uma vida discreta, em recolhimento, ao mesmo tempo em que recebia inúmeras homenagens por sua vida dedicada à luta pelos direitos humanos. Em maio de 2012 ainda recebeu a vista da então presidenta Dilma Rousseff, na Congregação Franciscana Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, em Taboão da Serra (SP). No encontro, Dilma lhe falou da instalação da Comissão da Verdade, criada dias antes.

Com a saúde bastante frágil, passou os últimos anos de vida dedicado às orações e aos estudos.

Fonte: Rede Brasil Atual
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