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22.ª Conferência Nacional dos Bancários define os rumos da campanha salarial de 2020

Bancárias e bancários de todo o Brasil participaram nesta sexta-feira (17) e sábado (18) da 22.ª Conferência Nacional dos Bancários, organizada pelo Comando Nacional dos Bancários e assessorado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT). Em razão da pandemia de covid-19, o evento foi 100% online. A Federação dos Empregados em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR) esteve representada pela chapa eleita durante a Conferência Estadual dos Bancários, realizada no último dia 4.

Ao longo destes dois dias, a categoria pôde debater, deliberar e ouvir especialistas sobre a real situação do país, que sofre, além dos efeitos da pandemia, com um governo que está a serviço do capital e dos banqueiros, cujas ações desastrosas só prejudicam a classe trabalhadora e ainda mancham a imagem do Brasil no exterior.

Na sexta-feira, a conferência contou com a participação de expoentes da esquerda nacional, como Guilherme Boulos (PSOL), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), o governador do Maranhão Flávio Dino (PC do B) e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Os quatro convidados levantaram questões a respeito da crise sanitária de responsabilidade deste governo neoliberal e de extrema-direita, sobre as desastrosas ações na economia, em que vivemos uma situação com mais de 12 milhões de desempregados e sobre como esta pandemia revelou a importância de um Estado forte. “O bolsonaro é a grande crise no Brasil. Ele é o responsável por tudo isso que o Brasil vem passando”, afirmou Lula.

O sábado também trouxe debates e reflexões. Ao longo do dia, a conferência convidou economistas, sociólogos, deputados, senadores, entre outros, para falar sobre sistema tributário, a questão do home office, combate à fome e à miséria, como recuperar a economia, uso das redes sociais, importância dos sindicatos, etc. O presidente da Fetec, Deonísio Venceslau Schmidt fala sobre o que achou da conferência. “Este ano, por conta do cenário econômico e da pandemia, o debate sobre as estratégias tomam uma importância muito grande, fundamental. A mesa única de negociação, a comunicação e o envolvimento da categoria são três dimensões que vão determinar o resultado da campanha dos bancários este ano. Os 453 mil bancários precisam entrar juntos com as entidades sindicais, debatendo em seus locais de trabalho, presencial ou virtualmente, twittando, postando no Facebook, Instagram e em outras redes. Precisamos envolver a sociedade no debate sobre o papel dos bancos. Só assim garantiremos a PLR, aumento real, a renovação da CCT e o Banco do Brasil e a Caixa públicos. Desejo uma boa luta a todas e todos, Até a vitória”, enfatiza.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina e coordenador da regional vida bancária Felipe Pacheco deu um depoimento em vídeo sobre a conferência.

 

Campanha salarial

No final da tarde deste sábado (18), a categoria aprovou a minuta de reivindicações e o plano de lutas da categoria. A presidenta da Contraf, Juvandia Moreira, falou um pouco sobre a experiência de fazer o evento de forma totalmente online. “Tivemos muito trabalho para realizar esta conferência totalmente virtual. Foi uma experiência diferente, de muito aprendizado. Conseguimos realizar uma excelente conferência, com debatedores que acrescentaram muito na leitura da conjuntura, assim como para elaborarmos e aprovarmos nossa minuta de reivindicações, que agora devem ser aprovadas em assembleias a serem realizadas pelos sindicatos da categoria em todo o país nesta segunda (20) e terça-feira (21)”, afirma.

A diretora executiva regional Curitiba da Fetec, Vandira Martins de Oliveira, acredita que a pauta representa os anseios da categoria. “A pauta de reivindicações debatida na 22ª Conferência Nacional da Categoria Bancária de 2020, vêm atender às necessidades da categoria neste momento pandêmico em que as leis que regem o home office e o teletrabalho são insuficientes. Será um desafio mobilizar 450 mil trabalhadores bancários, mas acredito que teremos êxito nesta luta”, opina.

O presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região e membro do Comando Nacional dos Bancários, Antônio Fermino, elogia a pauta aprovada e destaca a defesa dos bancos públicos. “Essa 22ª conferência trouxe importantes discussões e pautas de interesse da categoria e acerta no eixo quando coloca a defesa dos bancos públicos. O momento que o pais vive hoje é extremamente importante você mostrar quem pode dar uma resposta para esta pandemia. Está claro para nós que quem pode fazer algo é o governo, não a iniciativa privada. Defender os bancos públicos é defender o que é bom para todos”, conta. Opinião compartilhada pelo secretário de bancos públicos da Fetec, Zelário Bremm, que recorda que os ataques aos bancos públicos não são recentes e que é preciso uma luta constante dos trabalhadores destes bancos. “A 22ª Conferência Nacional dos bancários teve vários palestrantes tratando do tema, direta ou transversalmente. Já tivemos no passado privatizações absurdas, como da Vale e do Banestado, vendidos a um preço irrisório. Hoje vemos o ataque ao Banco do Brasil e a Caixa, que estão sendo fatiados e vendidos aos pedaços, com objetivo claro de entrega total do patrimônio à iniciativa privada”, analisa. Ele diz ainda que os bancos públicos desempenharam um papel fundamental na crise de 2008, quando “baixaram as taxas e disponibilizaram crédito, obrigando a rede bancaria seguir o mesmo caminho, o que possibilitou ao Brasil passar pela crise sem maiores dificuldades”. Zelário é enfático ao opinar sobre os bancos públicos. “O Brasil precisa do Banco do Brasil e da Caixa para sobreviver e se desenvolver”.

Pauta

A minuta traz as seguintes reivindicações:

  • Reajuste salarial da inflação do período, acrescido de 5% de aumento real nos salários e em todas as cláusulas econômicas.
  • Inclusão de uma cláusula para regular o home office, que não pode ser imposto pelo banco, para estabelecer, entre outras coisas, que os custos desta modalidade de trabalho sejam arcados pelos empregadores, assim como fornecimento para os equipamentos de trabalho e ergonômicos. A cláusula proíbe que sejam retirados direitos dos trabalhadores que cumprirem suas funções em seus lares, inclusive pelo vale transporte/combustível.
  • Fim das metas abusivas.
  • Manutenção dos empregos e dos direitos.
  • Defesa dos bancos públicos.
  • Reajuste do valor da Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR) pelo mesmo índice da campanha.
  • Manutenções de cláusulas presentes na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

O secretário de bancos privados, Aelton Alves Pereira, conta que a questão das metas abusivas precisou dar uma atualizada por conta da nova situação trazida pela pandemia. “Nós temos na nossa CCT uma cláusula que trata dessa questão. É necessária passar por uma atualização, devido ao cenário novo do tele trabalho, cobrar o compromisso de cumprimento da mesma e caso necessário denunciar os bancos por essa pratica nociva a saúde dos bancários e bancárias”, salienta.

Foram aprovadas ainda cinco moções: em solidariedade aos familiares das vítimas da covid-19; contra o racismo estrutural e pelo fim da violência policial; nota de repúdio ao Santander; e de apoio ao meio ambiente, povos indígenas e quilombolas.

Também aprovaram três resoluções: em defesa dos bancos públicos; para conclamar dirigentes e militantes sindicais a participar efetivamente das eleições 2020 e um “Fora Bolsonaro”.

A minuta, que passará por aprovação pelas assembléias, será apresentada para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) nesta quinta-feira (23), às 14h30.

#ADistanciaNaoNosLimita

 

Texto: Flávio Augusto Laginski

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