O Brasil tem o dia com mais mortes por covid-19 em 24 horas desde o agosto, no até então pico do surto no país. No dia 25 de agosto, foram 1.271 mortos. Hoje (5), foram 1.248. O aumento no número de vítimas começa a refletir o desdém com a pandemia no país, especialmente no fim do ano. Entretanto, cientistas e autoridades esperam um cenário ainda pior para as próximas semanas. Desde o início da pandemia, em março, o país soma 7.810.400 casos de covid-19, com 197.732 mortes.
As aglomerações de dezembro se intensificaram durante as festas de fim de ano. Durante a semana do ano novo, praias lotadas por todo o país, festas particulares e até mesmo shows de artistas renomados. Tudo isso, sem respeito algum às normas de distanciamento social, ou até mesmo, uso de máscaras. O resultado é praticamente inevitável, e deve vir, especialmente, a partir do fim da próxima semana. A covid-19 tende a se manifestar de forma mais agressiva aproximadamente entre sete e 14 dias após o contágio. Foram registrados ainda 58.679 novos casos em um dia, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
O país é o segundo com maior número de mortos, atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil testa pouco e mal seus habitantes, de acordo com cientistas. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro se apresenta como um aliado do vírus. Atua de forma desastrosa, adota discurso anticiência e antivacina, promove aglomerações e ridiculariza a pandemia e os mortos.
Grande risco
A lista de absurdos do presidente é imensa. Após provocar uma grande aglomeração em uma praia no litoral sul de São Paulo às vésperas do ano novo, fez piada e pouco caso dos riscos. “Sabia que o tio estava na praia nadando de máscara? Mergulhei de máscara também, para não pegar covid nos peixinhos”, disse ontem (4), aos risos.
Embora a situação no Brasil ganhe tons dramáticos com Bolsonaro, o país não é o único que enfrenta grandes desafios. A covid-19 se espalha e segue letal. Os Estados Unidos, após registrar recordes de casos e mortes às vésperas do ano novo, se preparam para colapsos nos sistemas de saúde. As festas de final de ano podem colocar a força dos hospitais do país em xeque.
“Se tivermos outro pico, será o colapso total do sistema de saúde”, disse chefe do Centro Médico da Universidade do Sul da California, Brad Spellberg. Os médicos locais atribuem o mais recente aumento de mortes ao feriado de Ação de Graças, no dia 25 de novembro. Ou seja, o resultado das festas de Natal e Ano Novo podem ainda não ter mostrado todo o seu potencial destruidor. “Não podemos frear isso. Só podemos reagir a isso. É a população que tem o poder de parar a disseminação desse vírus ao seguir as orientações de saúde pública.”
Os Estados Unidos já iniciaram o processo de vacinação. Entretanto, leva tempo para imunizar pessoas o suficiente para fazer com que a pandemia recue. Questões logísticas e de produção demandam um tempo hábil, que não existe. Na Europa, o mesmo cenário. Mesmo com uma vacinação mais veloz, países europeus sofrem com grande número de casos e mortos. Inglaterra e Escócia já decretaram lockdown em todo o território.
Fonte: Rede Brasil Atual