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Por 09:22 Notícias

Curitiba: Marcha reúne 2,5 mil pessoas do campo e da cidade por teto e trabalho

Mais de 2,5 mil trabalhadoras e trabalhadores da cidade, camponesas, camponeses e indígenas marcharam pelas ruas do centro de Curitiba, na manhã desta quarta-feira (13). A ação faz parte da Jornada de Lutas por Teto, Terra e Trabalho, organizada por dezenas de movimentos populares pela regularização fundiária de comunidades de ocupação, urbanas e rurais. Mais de 4,3 mil famílias urbanas e sete mil famílias camponesas enfrentam risco de despejos forçados no Paraná.

Depois de caminhar da Praça Rui Barbosa até o Centro Cívico, uma Audiência Pública reuniu um grupo de representantes de cada comunidade e autoridades do Poder Executivo estadual, do Poder Judiciário, da Assembleia Legislativa (Alep) e da Universidade Federal (UFPR).

Sirlei Silva Lima vive no acampamento Resistência Camponesa, de Cascavel, formado há mais de 20 anos e onde moram cerca de 50 famílias: “Nós vamos permanecer lá nos nossos espaços, construindo as comunidades que nós já temos e que são comunidades consolidadas. Queremos que seja criado o assentamento para que a gente possa continuar vivendo dignamente, tendo a nossa moradia e nossos alimentos que produzimos lá”.

Para José Damasceno, integrante da Direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná, a marcha expressou uma construção coletiva entre trabalhadores do campo e da cidade.

“A luz no final do túnel nunca apagou, mesmo em período difícil, de travessia dura, nós sempre mantemos acesa a vontade de lutar, de vencer, e nunca esquecemos a nossa história e as nossas origens. Por isso, esperançar é necessário, e vencer é possível”, afirmou. 

Na avaliação do dirigente, o contexto atual é de retomada das lutas populares, diante de uma crise humanitária pela qual o país atravessa, com aumento da fome e altos índices de desemprego. “Neste momento, há uma retomada na sociedade brasileira, e nós não mais voltaremos pra casa. Tenho certeza que vamos vencer”. 

Para o MST, a Jornada também marca o Abril Vermelho, período em que o Movimento relembra o Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. No dia 17 de abril de 1996, o crime cometido pela Polícia Militar do estado matou 21 agricultores Sem Terra e deixou dezenas de feridos.

A ação é realizada por dezenas de movimentos populares como o Movimento Popular por Moradia (MPM), o Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Núcleo Periférico, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, União de Moradores/as e Trabalhadores/as (UMT), Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade (FNL), além do MST, Coletivo Marmitas da Terra e outras organizações urbanas. 

A Jornada vai ocorrer pouco mais de 10 dias após o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), estender o veto a despejos e desocupações até o final de junho de 2022. 

Desde o início do governo Bolsonaro e também da pandemia da covid-19, as condições de vida da população mais pobre pioraram, com aumento do desemprego, do custo dos alimentos, do gás de cozinha e da fome. Foi neste cenário de crise humanitária que os despejos foram suspensos pelo STF em junho de 2021. 

Foto: Wellington Lenon/MST

Fonte: Brasil de Fato

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