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Por 11:25 Notícias

Bolsonaro sabotou vacinas, mente sobre Lula ‘comunista’ e seu deus gosta de armas

Durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro (PL) tem usado internet, redes articuladoras de fake news de aliados, como a deputada Carla Zambelli (PL-SP), os filhos Carlos, Flávio e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-ministra Damares Alves, eleita senadora pelo Distrito Federal. Os disparos em massa de mentiras pela campanha de Bolsonaro são a principal “arma” para tentar se aproximar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno. As notícias falsas incluem desinformações sobre obras de outros governos que o bolsonarismo atribui ao presidente, mas são de outras gestões ou nem existem.

As fake news não envolvem apenas obras e realizações de governo, mas também ideologia, em temas como “comunismo” e religião, muito difundidas por WhasApp e outros aplicativos de mensagens em grupos de família. A seguir, a segunda lista da série sobre as mentiras ou desinformações disseminadas pela campanha de Jair Bolsonaro na tentativa de conquistar votos. 

1. Governo Bolsonaro comprou 500 milhões de vacinas contra covid-19.

Informação deturpada. O chefe de governo vem dizendo em eventos, debates e comícios que comprou as vacinas para o combate à pandemia. Mas ele só as adquiriu após pressão da sociedade civil e da oposição. Viu-se politicamente obrigado a investir em vacinas contra a covid depois de ficar atrás do governo de São Paulo, que introduziu a CoronaVac no país. Depois, a CPI da Covid aumentou a pressão e revelou escândalos e corrupção do Ministério da Saúde.

Em março de 2021, questionado sobre a compra de vacinas, o presidente respondeu fora de si: “Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe”. O Brasil poderia ter iniciado a vacinação em dezembro de 2020, salvando milhares de vidas. Na prática, Bolsonaro atuou contra os imunizantes. Pessoalmente, sabotou as vacinas – principalmente CoronaVac e Pfizer – o quanto pôde. Incentivou a cloroquina, zombou de doentes e chegou a imitar pessoas com falta de ar.

2. Saúde para os povos indígenas aumentou e governo reduziu homicídios.

Falso. Bolsonaro chegou a dizer no Twitter ter reduzido “homicídios de índios”. Somente no ano passado, houve 176 assassinato de indígenas no país, número praticamente igual ao de 2020 (182). O número de assassinatos de indígenas foi de 110, em 2017, e de 135 em 2018, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

3. É autor de 70 leis ou decretos a favor das mulheres.

Falso. Bolsonaro diz ser de sua autoria leis que são do Congresso. Algumas delas, inclusive, ele vetou parcialmente. Uma delas determinava o pagamento em dobro do Auxílio Emergencial às mulheres durante a pandemia. Também vetou projeto para a distribuição de absorventes íntimos a mulheres pobres. Os vetos de Bolsonaro foram depois derrubados pelo parlamento.

4. Governo constrói ferrovias, entre as quais Ferrovia do Sol.

Falso. Bolsonaro chegou a inaugurar pequenos trechos de ferrovias. Já em dezembro de 2020, governistas sugeriram em redes sociais que “começam os trens a circular pela ferrovia Norte-Sul”. As imagens de vídeo foram de fato registradas no local citado em posts (em Goiás), mas a parte da via mostrada no vídeo “está concluída desde 2014”, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

Outro vídeo, já de 2022, mostrava uma estrada de ferro chamada Ferrovia do Sol, que seria “mais uma obra do presidente bolsonaro!” (sic), ligando capitais nordestinas. A Agência Lupa checou e a informação é falsa. “Não existe nenhuma obra em andamento ou prestes a começar de um circuito ferroviário no Nordeste do Brasil chamado Ferrovia do Sol”. Já a ferrovia Norte-Sul teve sua construção iniciada em 1987, no governo de José Sarney.

5. Privatização de estatais que não funcionavam bem, eram focos de corrupção e davam prejuízo.

Falso. O governo Bolsonaro, sob a liderança do “Posto Ipiranga” Paulo Guedes, privatizou um terço das estatais, entre as quais empresas chave para a soberania nacional, cada vez mais ameaçada. É o caso da Eletrobras. O interesse não é do país, do Estado brasileiro ou do consumidor, mas de empresas gigantes internacionais.

O consumidor pagará mais caro pela energia elétrica. O país perderá o controle desse recurso estratégico, que ficará com o interesse privado. E os empresários podem não ter interesse em investir em localidades que não deem lucro.

6. Recuperou a Petrobras, que passou a dar lucro ao invés de prejuízo.

Falso. Assim como no caso da Eletrobras, o interesse é das grandes empresas (petroleiras) internacionais. O governo Bolsonaro vendeu a estratégica BR Distribuidora, concedendo a distribuição de combustíveis a multinacionais do petróleo. Com isso, o consumidor paga mais caro pela gasolina e diesel, que ficaram mais baratas em 2022 apenas devido a medidas eleitorais de emergência.

No setor de refino, ao vender a refinaria Landulpho Alves (Rlam) – atual Mataripe –, na Bahia, por exemplo, o país deixa de refinar petróleo, produzindo gasolina e diesel para exportar petróleo bruto e importar os derivados, o que aumenta o preço para a população.

7. Bolsonaro e seus seguidores combatem o comunismo da esquerda.

Falso. Como explica o influenciador Felipe Neto, a ideia é uma “estratégia de marketing” da extrema direita. Por trás da ideia, estão os interesses do lucro de grandes empresas que não têm compromisso com a democracia. Elas querem privatizar os serviços do Estado e dominar os negócios: lucrar.

Por isso, a esquerda é eleita como “inimiga” e passam a demonizá-la. Como fazem isso? Associam a esquerda a satanás, à pedofilia, à mamadeira erótica, a crime, corrupção etc. Assim, criam rejeição à esquerda para eleger gente como Bolsonaro.

Assista:

8. “Deus acima de todos”.

Falso. Bolsonaro criou um mote e um slogan para sua pregação que, na verdade, é anticristã. No verdadeiro cristianismo, Deus, representado por Jesus, “está no meio de nós”. Jesus é paz, e não violência e armas

9. Defendeu e defende a família tradicional, os valores cristãos e a honestidade com o dinheiro público.

Falso. O governo Bolsonaro defendeu e defende interesses pessoais, do clã de sua família e aliados, como revelaram, só para citar exemplos recentes, os escândalos dos 51 imóveis comprados com dinheiro vivo e a invasão do Ministério da Educação por interesses vinculados ao ex-ministro Milton Ribeiro, que chegou a ser preso.

10. Acabou com as invasões de terra pelo MST.

Falso. Assim como é mentirosa a ideia de que o MST é composto por criminosos. A entidade promove ocupação de terras improdutivas. Além disso, luta pela regularização fundiária para viabilizar o cultivo agroecológico e instalação de infraestrutura de educação e saúde nos assentamentos. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), as ações do movimento foram suspensas por dois anos devido à pandemia de covid-19, mas já foram retomadas em 2022.

Ao contrário do que diz Bolsonaro, o MST é uma entidade que promove ações sociais e produtivas. É o maior produtor de arroz orgânico do Brasil.

Foto: Isaac Amorim/MJSP

Fonte: RBA

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