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Por 10:28 Bancos, Recentes, Regional Curitiba

Privatização do Banestado completa 22 anos

Com os bancos públicos em permanente risco de privatização pelo Governo Bolsonaro, é importante lembrar que a venda do Banco do Estado do Paraná (Banestado) completa hoje 22 anos. O Banestado foi privatizado e vendido ao Itaú via leilão no dia 17 de outubro de 2000, pelo valor de R$ 1,6 bilhão, após o então governador Jaime Lerner reagir à ameaça de intervenção pelo Banco Central do então presidente Fernando Henrique Cardoso. O banco foi levado à falência por práticas de realização de empréstimos de alto risco.

O Banestado tinha cerca de 400 agências e 500 postos de atendimento quando foi vendido e empregava 15 mil trabalhadores distribuídos por 370 dos 399 municípios do Paraná. Começou a ser sucateado em 1994, com o início da gestão de Jaime Lerner como governador do Paraná, e foi vendido em 2000. Na data do leilão, trabalhavam no banco 7.683 funcionários em 376 agências, uma média de 20,4 trabalhadores por agência.

Junto com a compra subfaturada, o Itaú também ganhou a manutenção das contas do governo por cinco anos e, ainda, 20% das ações da Copel em títulos precatórios. Já a dívida para liquidar as fraudes no banco, antes da privatização, ainda onera os cofres do Paraná até hoje e vai perdurar até 2048. Dois anos após o leilão, o Itaú já havia fechado um grande número de agências, consideradas deficitárias. Nesse período, a média de demissões de funcionários oriundos do Banestado era de 10 a 15 por dia. Dos pouco mais de sete mil funcionários do banco existentes na época da privatização, hoje restam menos de 500 trabalhando no Itaú.

Os resultados das privatizações

O Banestado teve o mesmo destino de outros públicos estaduais, como o Banespa, o Banerj e o Bemge: passaram a ser geridos por instituições financeiras privadas, que demitiram trabalhadores até então concursados, que perderam sua estabilidade, e fecharam inúmeras agências bancárias, dificultando o acesso da população em locais mais distantes numa época em que a tecnologia dos serviços bancários era ainda embrionária e não havia internet.

Até 1997, o Brasil possuía 30 bancos ou Caixas estaduais, controlados pelos governos de seus respectivos estados. A partir desse ano, os governadores se desfizeram dos bancos estaduais sob a alegação que teriam mais recursos para a saúde, educação e segurança (esse argumento era expresso nos editais de leilão). Entretanto, o Programa de Incentivo a Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária custou R$ 73 bilhões aos cofres públicos, mas passou longe de resolver o problema dos estados. Ao contrário, gerou novas dívidas, pois o programa absorveu a chamada “parte podre”, que eram os créditos de difícil recuperação ou créditos de liquidação duvidosa. Os bancos privados ficaram com instituições totalmente saneadas e os estados com a quase impossível missão de cobrar essas dívidas, além de assumirem a conta final.

Livro Banestado: Uma história interrompida

Por ocasião dos 20 anos da privatização, em 2020, um grupo de ex-funcionários do banco escreveu o livro 1928-2000 Banestado: Uma história interrompida, para contar sobre o tortuoso processo de venda do Banestado. A trajetória do banco foi relembrada na obra lançada pela Editora ComPactos, que conta também com a análise de alguns convidados sobre o papel social dos bancos públicos.

Websérie 20 anos sem o Banestado

Também em 2020, a Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT Paraná) realizou uma websérie em três capítulos para avaliar quais os impactos da venda da instituição financeira que era o principal instrumento de fomento à economia paranaense em nível regional, além de relembrar como o processo de privatização ocorreu e quais foram os seus reflexos para a classe trabalhadora. Confira:

Fonte: Seeb Curitiba

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