O acampamento bolsonarista instalado há dois meses no Quartel-General do Exército, em Brasília, começou a ser desmontado na manhã desta segunda-feira (9). Após os atos terroristas de ontem, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e o Exército cercaram o local mais cedo para cumprir decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que, já na madrugada de hoje, determinou o imediato desmonte das instalações.
De acordo com o magistrado, nada justifica a existência desses acampamentos que ainda são amplamente financiados e, segundo ele, contam com a complacência de autoridades civis e militares. Embora eles estejam em “total subversão ao necessário respeito à Constituição federal”, destacou Moraes. Os extremistas estavam acampados desde o fim do segundo turno, em outubro – que garantiu a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – não só em Brasília, mas em outras cidades do país. A ordem agora é para que todos os acampamentos sejam desmobilizados.
Na capital federal, por volta das 8h30, o local já estavam bem esvaziado. Parte dos bolsonaristas ainda desmontavam as barracas, enquanto outras apenas retiravam seus pertences. Havia muito lixo no local. Segundo informações da GloboNews, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, acompanha a operação no local.
Triagem na PF
Escolhido interventor pelo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), após omissão do governador Ibaneis Rocha (MDB), Cappelli ressaltou que, além da desmobilização do acampamento, a ordem é também para que a polícia identifique e prenda os criminosos. De acordo com o interventor, eles serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília para que sejam identificados ainda quem está financiando essa estrutura.
Até as 9h20, cerca de 40 ônibus deixaram a região em direção à PF, levando radicais bolsonaristas que deverão passar uma triagem. A estimativa é que, ao todo, já sejam 1.200 pessoas. O portal UOL reportou, contudo, que uma parte dos bolsonaristas saiu sem ser importunada, mesmo com a área cercada por centenas de viaturas e milhares de homens das forças de segurança. Por outro lado, os extremistas não mostraram disposição em resistir a ordem de desmobilização dos acampamentos.
Na mesma decisão, o ministro do STF também determinou a verificação nos hotéis da capital federal, onde estariam os financiadores da tentativa de golpe neste domingo. Moraes também ordenou que a Polícia Rodoviária Federal atue para impedir que novos manifestantes cheguem em Brasília até o dia 31, quando termina o período de intervenção federal.
Desmobilização pelo país
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), já confirmou que o acampamento golpista montado em frente ao Palácio Duque de Caxias, no centro da cidade, será desmontado até o final da noite de hoje. “Estou em contato com os militares do Exército e com o governador para essa ação conjunta”, disse Paes ao colunista Chico Alves do UOL.
O Ministério Público do Pará (MPF) também pediu ao governo estadual e à PF a desmobilização urgente de radicais em frente a quartéis, como em Belém. No estado, de acordo com a PRF, bolsonaristas também bloquearam pontos da rodovia federal de Novo Progresso. Também foram identificadas intervenções antidemocráticas em Matupá (MT) e na Marginal Tietê, na cidade de São Paulo, que chegou a ser fechada [por bolsonaristas.
Canais de denúncia
O Ministério da Justiça e Segurança Público criou, nesta segunda, um e-mail específico para que a população possa denunciar e repassar informações sobre os terroristas que cometeram atos de vandalismo na Esplanada dos Ministérios neste domingo. Além de reivindicarem um golpe de estado, o que é crime no Brasil, os bolsonaristas depredaram patrimônio histórico da humanidade assim classificado pela Unesco, em todos os prédios da Praça dos Três Poderes.
Fonte: RBA