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Por 12:39 Cidadania, Recentes

Aos 39 anos, MST renova forças contra a fome, o ódio e em defesa do meio ambiente

Rumo aos 40 anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) vem reafirmar seu compromisso com a luta para combater a fome, o ódio e defender o meio ambiente cada vez mais ameaçado. Neste domingo (22), foram comemorados os 39 anos da fundação do movimento. E nesta segunda (23), o aniversário de inauguração da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF).

Nesse embalo festivo, o MST realizou ao longo desta semana a primeira reunião de sua coordenação nacional, em Luiziânia (GO). Participaram representações de 22 estados com presença do movimento. E também de seus brigadistas internacionalistas que atuam em diversos continentes pelo mundo, além de parlamentares e representantes de governos. Na pauta, debates sobre a atual conjuntura.

Nesta sexta-feira (27), último dia do encontro, foi lançada a Carta de Luziânia. Dirigida ao povo brasileiro, o MST celebra a conquista da eleição e posse de Lula, que contou com seu engajamento. Com a importante vitória nas urnas para o povo, foram derrotados os golpistas de 2016, o avanço da extrema direita, a tutela militar e o projeto fascista. Mas a luta continua.

“No Brasil, a crise se aprofundou nos últimos anos, assumindo um caráter ainda mais violento, de feição fascista e orientação econômica ultraliberal. As consequências são trágicas e impactam de forma decisiva no conjunto da sociedade, ampliando as desigualdades, a partir da retirada de direitos sociais e da destruição ambiental”, diz trecho da carta.

Confira a íntegra

Carta de Luziânia

Mensagem ao Povo Brasileiro

Arrancamos nas ruas e nas urnas uma importante vitória para o povo brasileiro ao elegermos Lula presidente. Derrotamos os golpistas de 2016, o avanço da extrema direita, a tutela militar e o projeto fascista, que hegemonizou o Estado brasileiro nos últimos anos. Vencemos uma importante batalha, mas sabemos que a luta continua.

Os desafios são grandes, pois vivemos uma grave crise do capitalismo, de dimensão econômica, política, social e ecológica, que coloca em risco toda a humanidade. Estamos diante de um cenário altamente destrutivo, derivado de um sistema de dominação e opressão múltipla: patriarcal, racista, capitalista e colonial, que concentra cada vez mais a riqueza e aprofunda a desigualdade social.

No Brasil, a crise se aprofundou nos últimos anos, assumindo um caráter ainda mais violento, de feição fascista e orientação econômica ultraliberal. As consequências são trágicas e impactam de forma decisiva no conjunto da sociedade, ampliando as desigualdades, a partir da retirada de direitos sociais e da destruição ambiental.

As forças populares, que deram a vitória a Lula – mulheres, negros, juventude, sujeitos LGBTI+, povos originários, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade – defendem um projeto popular de país, que enfrente a exploração, a opressão, a exclusão, a fome, a negação de direitos, a concentração de terra, a destruição ambiental e o envenenamento da natureza, dos alimentos, das águas e das pessoas.

Superar essas violências no conjunto da classe trabalhadora será o ponto de partida para construção de um Brasil do tamanho dos nossos sonhos, como afirmou o presidente Lula em seu discurso de posse. Precisamos derrotar as práticas do discurso de ódio, das fake news, o fundamentalismo, a intolerância religiosa e a manipulação das mentes.

Diante destes desafios, Coordenação Nacional do MST, reunida em Luziânia – GO, com seus mais de 450 delegados e delegadas, de todos os estados do Brasil, reafirma seus compromissos:

  • Impulsionar a participação popular na condução dos rumos do país, através da mobilização permanente e da continuidade da luta contra o fascismo no Brasil e no mundo;
  • Defender a Reforma Agrária Popular como indispensável para a produção de alimentos saudáveis e superação da fome;
  • Enfrentar o modelo do agronegócio, que concentra terras, destrói a natureza, promove o desmatamento e nos envenena com agrotóxicos. Esse modelo não paga impostos, produz apenas commodities e não alimenta o povo;
  • Combater a crise climática, garantindo os direitos dos povos e da natureza, com medidas reais contra o desmatamento, a degradação e o aumento das emissões. Não à economia verde e suas falsas promessas!
  • Denunciar e se mobilizar permanentemente contra todas as formas de violência, discriminação, racismo, misoginia, LGBTIfobia e intolerância religiosa, fomentadas pelo agrogolpismo e o bolsonarismo fascista;
  • Acumular forças no próximo período, através da articulação entre as organizações populares do campo e da cidade, exercitando a solidariedade de classe e a unidade na luta, entendendo que sem organização, formação e mobilização popular não haverá nenhuma mudança verdadeira no país;
  • Nos comprometemos a cultivar a solidariedade e a construir a necessária organização de nosso povo;
  • Seguiremos no nosso Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis;
  • Priorizaremos a luta pela educação do povo, nas campanhas de alfabetização e nos processos de formação política e de batalhas das ideias;
  • Defendemos a soberania de todos os povos e condenamos os bloqueios econômicos, as bases militares, as guerras e as agressões imperialistas em todo mundo, que apenas garantem mercado para a indústria armamentista e provoca mortes;
  • Nos juntaremos a todos que defendem os povos originários e exigimos a demarcação das terras quilombolas e indígenas, para que a tragédia que o povo Yanomami enfrenta, não se repita;
  • A luta é nossa força! A organização é nosso chão e a sociedade justa, solidária e socialista é nosso caminho;
  • Viva a luta por Reforma Agrária Popular! Viva o direito legítimo dos povos em ocupar os latifúndios e romper as cercas da destruição. Seguiremos pisando ligeiro, rumo aos 40 anos do MST!

Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!

23 a 27 de janeiro de 2023

Foto: Ricardo Stuckert

Fonte: RBA

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