Uma audiência pública realizada ontem (03) em Brasília (DF) pediu a suspensão do processo e abertura de diálogo com a sociedade para se debater a transferência das Loterias da Caixa para uma empresa subsidiária. Para a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT/PR), uma eventual mudança de gestão das loterias abrirá caminho para uma eventual privatização.
O que mais preocupa é a falta de informações sobre este processo. Nem o Ministério da Fazenda, nem os representantes dos permissionários e nem o movimento sindical estão sabendo sobre este processo, o que deixaria esta discussão nas mãos de poucas pessoas.
O presidente da Fetec, Deonísio Schmidt, afirma que a Loterias da Caixa exerce um papel importante para a população e que esta eventual ação pode vir a trazer prejuízos para o País. “O movimento sindical pede que seja aberto um diálogo com a sociedade. Parte dos resultados da Loterias são aplicados em inúmeras políticas sociais do governo. É preciso que este debate seja feita com todos os segmentos representativos da população. Não é possível que duas ou três pessoas decidam os rumos de um serviço tão importante para o Brasil”, salienta.
A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, esteve presente na audiência. Na ocasião, ela apresentou dados que mostram que a arrecadação das Loterias Caixa chegou a R$ 23,4 bilhões em 2023, e que 39,2% deste total (R$ 9,2 bilhões) foram destinados a programas sociais do Governo Federal. “Entre eles o Fies, que permite que filhos de brasileiros consigam fazer um curso universitário graças aos recursos das loterias destinados à educação”, ressaltou.
O deputado federal Tadeu Veneri (PT-PR), que coordenou os trabalhos, listou as tarefas que precisam ser encaminhadas a partir desta audiência. “Precisamos convidar o presidente da Caixa para que ele esclareça este processo”, disse. “Além disso, duas situações precisam ser ressaltadas. A primeira é que não há transparência na arrecadação das bets. A outra é que a informação da possível transferência da Caixa não veio por nenhum meio oficial, mas pela imprensa. E se um veículo de comunicação tem a informação, muito bem detalhada, como o Ministério da Fazenda não tinha essa informação? Por isso, temos que fazer essa resistência e exigir que haja transparência nesta proposta de transação”, completou.
Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados
Texto: Flávio Augusto Laginski, com Contraf-CUT
Fonte: Fetec e Contraf-CUT