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Por 17:55 Notícias

ANÚNCIO PROVOCA MULHERES

Propaganda em área pública de uma jóia apresentada como o viagra feminino cria polêmica e provoca reação indignada de parlamentar na Câmara dos Deputados
Rovênia Amorim
Da equipe do Correio
Fotos: Paulo de Araújo
O anúncio iluminado chama a atenção de quem passa na L2 Sul: alusão a sexo gera protestos
O anel de ouro 18 quilates com pedra topázio azul e 40 brilhantes impressiona pela beleza, mas não agradou a todas as mulheres. O problema foi a frase, colocada ao lado dele, no imenso anúncio da 602 Sul. A jóia pretensamente tentadora, que custa R$ 1.620 à vista, é apresentada ao público masculino como ‘‘o viagra das mulheres’’. As bravas guerreiras que lutam contra os preconceitos de uma sociedade ainda machista acharam a propaganda agressiva e de extremo mau gosto.
Hoje, na reunião da bancada feminina da Câmara dos Deputados, a deputada Maria do Rosário (PT/RJ) dará como exemplo negativo para a imagem da mulher o anúncio do out-door iluminado. ‘‘Esse tipo de propaganda estereotipa a imagem da mulher, como se a sexualidade dela fosse movida a obter vantagem material’’, protesta. O anúncio é uma criação da agência DPG Associados para o Dia dos Namorados, a pedido da SF Jóias.
‘‘A propaganda teve a intenção de prestigiar as mulheres e mostrar ao público masculino uma forma simples de surpreender a mulher’’, explica o publicitário Gustavo Jangola, diretor de planejamento da DPG. Uma bela jóia é só uma forma, segundo ele, de demonstrar carinho. ‘‘Existe todo um ritual para entregar a jóia, que começa com um belíssimo beijo, um jantar e depois termina na cama’’, diz. Não custa lembrar que a jóia compra 43 comprimidos de 100mg do Viagra, o remédio receitado para homens com impotência sexual.
Mãe e filha pararam um minuto diante do anúncio da 602 Sul. A bancária aposentada Lucrécia Queiroz, 48, não gostou. ‘‘É agressivo. Como se a jóia realmente comprasse a mulher.’’ A filha Ana Queiroz, 19, que faz cursinho pré-vestibular, não levou tão a sério. ‘‘É engraçada, criativa. Toda publicidade hoje em dia é apelativa. Essa não foge à regra.’’ Camille dos Santos, 24, estudante do ensino médio, é mais radical. ‘‘É de extremo mau gosto. Coloca a mulher como prostituta.’’
Ofensa aos homens
A socióloga Almira Rodrigues, diretora colegiada do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), ONG que defende os direitos das mulheres, desaprovou. ‘‘Foi um anúncio infeliz, como se elas pudessem ser compradas ou estimuladas por jóias. É ofensivo e desrespeitoso’’, afirma. ‘‘E é ofensivo também aos homens, porque passa a idéia de que o afeto e o carinho de uma mulher dependem mais do ato de presenteá-la com jóia do que deles mesmos.’’
A polêmica não surpreendeu os criadores. ‘‘A intenção era mesmo causar um bafafá na cidade’’, diz Irênio Eduardo dos Santos, gerente da SF Jóias do ParkShopping, que participou das reuniões em que o anúncio foi discutido antes de ser levado às ruas — além do outdoor, houve comercial na tevê e distribuição de folhetos. No final deste mês, o anúncio será retirado da 602 Sul e substituído por propaganda dirigida ao Dia dos Pais. ‘‘E não será polêmico’’, adianta Jangola.
Não é a primeira vez que um anúncio publicitário provoca polêmica no DF. Em abril de 2002, a campanha de um motel da Ceilândia despertou a indignação de
associações da terceira idade e a censura do Ministério Público. Um velhinho com sunga de oncinha, boina e segurando uma bola de futebol aparecia na propaganda colocada na traseira dos ônibus. Por recomendação dos promotores, o anúncio foi retirado.
A agência aproveitou a censura para tornar o anúncio mais famoso. A imagem do velhinho apareceu com tarja preta. O novo slogan dizia: ‘‘Censurado. Tentamos mostrar que o idoso é importante. Não deixaram’’. Três meses depois, o garoto-propaganda do motel retornou em versão mais ousada. Vestido apenas com um avental branco, fez uma bem-humorada ameaça: ‘‘Se me provocar, eu tiro’’.
ÉTICA NA PROPAGANDA
O Código Brasileiro de Publicidade apresenta a respeitabilidade como um princípio, segundo o qual toda atividade publicitária deve se caracterizar pelo respeito à dignidade da pessoa, à intimidade, ao interesse social, às instituições e símbolos nacionais, às autoridades constituídas e ao núcleo familiar. Nenhum anúncio deve estimular ofensa ou discriminação racial, social, política, religiosa ou de nacionalidade. Se alguém se sentir prejudicado ou ofendido por publicidade, pode apresentar queixa ao Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (www.conar.org.br)
povo fala // machismo
Uma jóia ajuda a conquistar uma mulher?
Ednilson Mira, 36, funcionário público, morador do Park Way
‘‘Mulher gosta de conforto. O homem conquista, sim, uma mulher com jóia, carinho e atenção. A jóia dá, no mínimo, a oportunidade do início.”
Joelma Serafins, 29, atendente de telemarketing, Ceilândia
‘‘É muito preconceito. Nem todas as mulheres estão à venda. Eu não aceitaria uma jóia de quem que quisesse me conquistar. Até me afastaria dele.’’
Edna Jany Martins, 50, empresária, 703 Sul
‘‘Toda mulher gosta de jóia, mas a conquista vai depender de quem a oferece. A jóia levanta a auto-estima e facilita a conquista.’’
Leandro Quartieri, 22, corretor de imóveis, Taguatinga
‘‘Depende. Tem mulher que gosta de jóia, de dinheiro. Mas não dá para colocar todas nesse meio. Tem mulher que não vai se sensibilizar por causa de uma jóia.’’
Roberta Brito, 20, estudante de Direito, Núcleo Bandeirante
‘‘Facilita a conquista, sim. É tudo uma questão de sedução. E que mulher não gosta de presente? Não tem como namorar um cara que não tem dinheiro.’’
Hely Oliveira, 48, funcionário público, Asa Norte
‘‘Não acho preconceituoso. Toda mulher merece uma jóia. É uma forma de chamar a atenção para a mulher. Qual jóia não fica bem numa mulher?’’
Fonte Correio Braziliense

Por 17:55 Sem categoria

ANÚNCIO PROVOCA MULHERES

Propaganda em área pública de uma jóia apresentada como o viagra feminino cria polêmica e provoca reação indignada de parlamentar na Câmara dos Deputados

Rovênia Amorim
Da equipe do Correio
Fotos: Paulo de Araújo

O anúncio iluminado chama a atenção de quem passa na L2 Sul: alusão a sexo gera protestos

O anel de ouro 18 quilates com pedra topázio azul e 40 brilhantes impressiona pela beleza, mas não agradou a todas as mulheres. O problema foi a frase, colocada ao lado dele, no imenso anúncio da 602 Sul. A jóia pretensamente tentadora, que custa R$ 1.620 à vista, é apresentada ao público masculino como ‘‘o viagra das mulheres’’. As bravas guerreiras que lutam contra os preconceitos de uma sociedade ainda machista acharam a propaganda agressiva e de extremo mau gosto.

Hoje, na reunião da bancada feminina da Câmara dos Deputados, a deputada Maria do Rosário (PT/RJ) dará como exemplo negativo para a imagem da mulher o anúncio do out-door iluminado. ‘‘Esse tipo de propaganda estereotipa a imagem da mulher, como se a sexualidade dela fosse movida a obter vantagem material’’, protesta. O anúncio é uma criação da agência DPG Associados para o Dia dos Namorados, a pedido da SF Jóias.

‘‘A propaganda teve a intenção de prestigiar as mulheres e mostrar ao público masculino uma forma simples de surpreender a mulher’’, explica o publicitário Gustavo Jangola, diretor de planejamento da DPG. Uma bela jóia é só uma forma, segundo ele, de demonstrar carinho. ‘‘Existe todo um ritual para entregar a jóia, que começa com um belíssimo beijo, um jantar e depois termina na cama’’, diz. Não custa lembrar que a jóia compra 43 comprimidos de 100mg do Viagra, o remédio receitado para homens com impotência sexual.

Mãe e filha pararam um minuto diante do anúncio da 602 Sul. A bancária aposentada Lucrécia Queiroz, 48, não gostou. ‘‘É agressivo. Como se a jóia realmente comprasse a mulher.’’ A filha Ana Queiroz, 19, que faz cursinho pré-vestibular, não levou tão a sério. ‘‘É engraçada, criativa. Toda publicidade hoje em dia é apelativa. Essa não foge à regra.’’ Camille dos Santos, 24, estudante do ensino médio, é mais radical. ‘‘É de extremo mau gosto. Coloca a mulher como prostituta.’’

Ofensa aos homens
A socióloga Almira Rodrigues, diretora colegiada do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), ONG que defende os direitos das mulheres, desaprovou. ‘‘Foi um anúncio infeliz, como se elas pudessem ser compradas ou estimuladas por jóias. É ofensivo e desrespeitoso’’, afirma. ‘‘E é ofensivo também aos homens, porque passa a idéia de que o afeto e o carinho de uma mulher dependem mais do ato de presenteá-la com jóia do que deles mesmos.’’

A polêmica não surpreendeu os criadores. ‘‘A intenção era mesmo causar um bafafá na cidade’’, diz Irênio Eduardo dos Santos, gerente da SF Jóias do ParkShopping, que participou das reuniões em que o anúncio foi discutido antes de ser levado às ruas — além do outdoor, houve comercial na tevê e distribuição de folhetos. No final deste mês, o anúncio será retirado da 602 Sul e substituído por propaganda dirigida ao Dia dos Pais. ‘‘E não será polêmico’’, adianta Jangola.

Não é a primeira vez que um anúncio publicitário provoca polêmica no DF. Em abril de 2002, a campanha de um motel da Ceilândia despertou a indignação de
associações da terceira idade e a censura do Ministério Público. Um velhinho com sunga de oncinha, boina e segurando uma bola de futebol aparecia na propaganda colocada na traseira dos ônibus. Por recomendação dos promotores, o anúncio foi retirado.

A agência aproveitou a censura para tornar o anúncio mais famoso. A imagem do velhinho apareceu com tarja preta. O novo slogan dizia: ‘‘Censurado. Tentamos mostrar que o idoso é importante. Não deixaram’’. Três meses depois, o garoto-propaganda do motel retornou em versão mais ousada. Vestido apenas com um avental branco, fez uma bem-humorada ameaça: ‘‘Se me provocar, eu tiro’’.

ÉTICA NA PROPAGANDA
O Código Brasileiro de Publicidade apresenta a respeitabilidade como um princípio, segundo o qual toda atividade publicitária deve se caracterizar pelo respeito à dignidade da pessoa, à intimidade, ao interesse social, às instituições e símbolos nacionais, às autoridades constituídas e ao núcleo familiar. Nenhum anúncio deve estimular ofensa ou discriminação racial, social, política, religiosa ou de nacionalidade. Se alguém se sentir prejudicado ou ofendido por publicidade, pode apresentar queixa ao Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (www.conar.org.br)

povo fala // machismo
Uma jóia ajuda a conquistar uma mulher?

Ednilson Mira, 36, funcionário público, morador do Park Way
‘‘Mulher gosta de conforto. O homem conquista, sim, uma mulher com jóia, carinho e atenção. A jóia dá, no mínimo, a oportunidade do início.”

Joelma Serafins, 29, atendente de telemarketing, Ceilândia
‘‘É muito preconceito. Nem todas as mulheres estão à venda. Eu não aceitaria uma jóia de quem que quisesse me conquistar. Até me afastaria dele.’’

Edna Jany Martins, 50, empresária, 703 Sul
‘‘Toda mulher gosta de jóia, mas a conquista vai depender de quem a oferece. A jóia levanta a auto-estima e facilita a conquista.’’

Leandro Quartieri, 22, corretor de imóveis, Taguatinga
‘‘Depende. Tem mulher que gosta de jóia, de dinheiro. Mas não dá para colocar todas nesse meio. Tem mulher que não vai se sensibilizar por causa de uma jóia.’’

Roberta Brito, 20, estudante de Direito, Núcleo Bandeirante
‘‘Facilita a conquista, sim. É tudo uma questão de sedução. E que mulher não gosta de presente? Não tem como namorar um cara que não tem dinheiro.’’

Hely Oliveira, 48, funcionário público, Asa Norte
‘‘Não acho preconceituoso. Toda mulher merece uma jóia. É uma forma de chamar a atenção para a mulher. Qual jóia não fica bem numa mulher?’’

Fonte Correio Braziliense

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