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POBREZA EXTREMA ATINGE 21,7 MILHÕES

-Gazeta Mercantil – Lívia Ferrari
Ibre estuda novo índice com dados não monetários de padrão de bem-estar. As estatísticas são trágicas. Revelam que 12,9% dos brasileiros vivem em situação de pobreza extrema. Isso equivale a 21,7 milhões de pessoas no Brasil com total insuficiência de renda, até mesmo para atender às necessidades alimentares básicas. São elas potencialmente as mais vulneráveis à fome crônica e à subnutrição.
Esse contingente engrossa o total de 57,7 milhões de brasileiros com rendimento per capita abaixo da linha de pobreza e que correspondem a 35% da população do País.
Nessa geografia da miséria, as regiões Norte e Nordeste são as mais castigadas: juntas, reúnem quase 14 milhões de pessoas em pobreza extrema, concentrando, assim, 43% do total de pobres extremos da nação. O setor rural é a maior vítima, com 26% da população de pobres extremos.
Os dados desagregados e tabulados a partir de informações do Censo Demográfico de 2000, do IBGE, que serviram de base para o estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), permitem constatar aspectos da heterogeneidade da pobreza no Brasil, decorrente da dimensão territorial e demográfica do País, dos grandes desequilíbrios regionais e do modo como se foi historicamente configurando o complexo mosaico social brasileiro. “Essa heterogeneidade exige que se levem em conta situações de pobreza muito diferenciadas, seja na formulação e execução de políticas visando à sua redução, seja no monitoramento e avaliação de seus resultados”, observa a economista Sonia Rocha, coordenadora de Projetos do Ibre.
Ela participou ontem do seminário Fome e Pobreza, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), presidido pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso. Sua pesquisa permite qualificar e quantificar a pobreza distribuída nos diversos municípios brasileiros.
Segundo o ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano da Silva, o estudo de Sônia reforça a importância do Fome Zero e da trajetória escolhida pelo programa de iniciar pela região semi-árida do Nordeste. Uma das ações do programa é a distribuição mensal de R$ 50,00 para famílias em situação de extrema pobreza (com renda per capita menor que R$ 50,00).
Em parceira com Roberto Cavalcanti de Albuquerque, diretor técnico do Inae, Sonia desenvolve estudos para a construção de um novo índice de aferição de pobreza. Trata-se do Índice do Nível de Vida (INV) para o Brasil, constituído com base em indicadores não-monetários de padrões de bem-estar (escolaridade, condições de habitação, acesso a bens de consumo, como geladeira, televisão etc). Segundo o diretor técnico do Inae, o INV pode ser complemento indispensável às pesquisas sobre as situações de pobreza e sobre as várias condições do pobre. “Medindo as carências socioeconômicas básicas, o novo índice apontará insuficiências que poderão ser remediadas com políticas sociais específicas”, disse Albuquerque.
O assessor especial da Presidência da República, Oded Grajew, está convencido de que “o Brasil tem condições de erradicar a fome em curto espaço de tempo, desde que haja vontade política”, que, segundo ele, implica mobilização da sociedade civil.
“Trinta mil crianças no mundo morreram ontem de fome. Nenhum jornal ou televisão noticiou a trajédia”, disse Grajew, taxativo, defendendo a necessidade de divulgação maciça sobre o tema e maior envolvimento da opinião pública. “No dia em que a sociedade civil achar que é prioridade acabar com a fome, isso ocorrerá rapidamente”, disse ele, acreditando ser esta uma questão de escolha. “Não é falta de dinheiro. Quando todos se mobilizarem e se engajarem, as coisas acontecem”.
Para Grajew, a corrupção é mais um obstáculo ao programa. “Pelo menos 30% dos recursos públicos vão para o ralo da corrupção”, disse referindo-se a resistências de prefeituras do semi-árido contra os comitês gestores do programa.

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POBREZA EXTREMA ATINGE 21,7 MILHÕES

-Gazeta Mercantil – Lívia Ferrari

Ibre estuda novo índice com dados não monetários de padrão de bem-estar. As estatísticas são trágicas. Revelam que 12,9% dos brasileiros vivem em situação de pobreza extrema. Isso equivale a 21,7 milhões de pessoas no Brasil com total insuficiência de renda, até mesmo para atender às necessidades alimentares básicas. São elas potencialmente as mais vulneráveis à fome crônica e à subnutrição.

Esse contingente engrossa o total de 57,7 milhões de brasileiros com rendimento per capita abaixo da linha de pobreza e que correspondem a 35% da população do País.

Nessa geografia da miséria, as regiões Norte e Nordeste são as mais castigadas: juntas, reúnem quase 14 milhões de pessoas em pobreza extrema, concentrando, assim, 43% do total de pobres extremos da nação. O setor rural é a maior vítima, com 26% da população de pobres extremos.

Os dados desagregados e tabulados a partir de informações do Censo Demográfico de 2000, do IBGE, que serviram de base para o estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), permitem constatar aspectos da heterogeneidade da pobreza no Brasil, decorrente da dimensão territorial e demográfica do País, dos grandes desequilíbrios regionais e do modo como se foi historicamente configurando o complexo mosaico social brasileiro. “Essa heterogeneidade exige que se levem em conta situações de pobreza muito diferenciadas, seja na formulação e execução de políticas visando à sua redução, seja no monitoramento e avaliação de seus resultados”, observa a economista Sonia Rocha, coordenadora de Projetos do Ibre.

Ela participou ontem do seminário Fome e Pobreza, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), presidido pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso. Sua pesquisa permite qualificar e quantificar a pobreza distribuída nos diversos municípios brasileiros.

Segundo o ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano da Silva, o estudo de Sônia reforça a importância do Fome Zero e da trajetória escolhida pelo programa de iniciar pela região semi-árida do Nordeste. Uma das ações do programa é a distribuição mensal de R$ 50,00 para famílias em situação de extrema pobreza (com renda per capita menor que R$ 50,00).

Em parceira com Roberto Cavalcanti de Albuquerque, diretor técnico do Inae, Sonia desenvolve estudos para a construção de um novo índice de aferição de pobreza. Trata-se do Índice do Nível de Vida (INV) para o Brasil, constituído com base em indicadores não-monetários de padrões de bem-estar (escolaridade, condições de habitação, acesso a bens de consumo, como geladeira, televisão etc). Segundo o diretor técnico do Inae, o INV pode ser complemento indispensável às pesquisas sobre as situações de pobreza e sobre as várias condições do pobre. “Medindo as carências socioeconômicas básicas, o novo índice apontará insuficiências que poderão ser remediadas com políticas sociais específicas”, disse Albuquerque.

O assessor especial da Presidência da República, Oded Grajew, está convencido de que “o Brasil tem condições de erradicar a fome em curto espaço de tempo, desde que haja vontade política”, que, segundo ele, implica mobilização da sociedade civil.

“Trinta mil crianças no mundo morreram ontem de fome. Nenhum jornal ou televisão noticiou a trajédia”, disse Grajew, taxativo, defendendo a necessidade de divulgação maciça sobre o tema e maior envolvimento da opinião pública. “No dia em que a sociedade civil achar que é prioridade acabar com a fome, isso ocorrerá rapidamente”, disse ele, acreditando ser esta uma questão de escolha. “Não é falta de dinheiro. Quando todos se mobilizarem e se engajarem, as coisas acontecem”.

Para Grajew, a corrupção é mais um obstáculo ao programa. “Pelo menos 30% dos recursos públicos vão para o ralo da corrupção”, disse referindo-se a resistências de prefeituras do semi-árido contra os comitês gestores do programa.

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