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Bancos não financiam o crescimento do Brasil, diz Alejandra

Nunca o sistema financeiro nacional concedeu tanto crédito como em 2004. A notícia, que parece boa a primeira vista, só foi boa mesmo para os bancos. Aliás, muito boa. “O empréstimo cresceu, mas não é porque os bancos são bonzinhos, não. É porque eles perceberam que podem ganhar muito com este segmento. E ganharam, quem perdeu foi a sociedade”, explicou agora há pouco a professora Maria Alejandra Madi, chefe do Departamento de Economia da Unicamp, durante o Seminário de Planejamento da CNB/CUT.

Segundo ela, o grande fenômeno da expansão do crédito foi a pessoa física, onde o spread bancário é maior. Os bancos se aproximaram muito mais do comércio varejista em 2004 – com parceria com as Casas Bahia, Magazine Luiza, Marabraz, Ponto frio, por exemplo – e não deram a mínima para a capacidade de endividamento das famílias. Por sinal, preferiram investir na compra de financeiras.

“O credito bancário continuou muito caro para as empresas e a prioridade é financiar o consumo das famílias mais pobres, que em dez anos tiveram a sua renda reduzida em dez pontos percentuais na relação do PIB. Em 1993, os assalariados participavam com 45,1% do PIB e em 2003 essa relação caiu para 35,6%. Como a inadimplência caiu no ano passado, podemos dizer que o crédito concedido pelos bancos serviu para pagar dividas”, detalhou.

A professora Maria Alejandra cita dados retirados do balanço dos próprios bancos para provar que o sistema financeiro nacional não está preocupado com o crescimento do país. O crédito direcionado para a agricultura, por exemplo, é destinado a um pequeno grupo que recebe a maior parte dos recursos. “Isto quer dizer que há uma concentração de renda incrível no campo”, afirmou.

A situação na área da habitação é pior ainda, pois o investimento no crédito é baixíssimo. “Os bancos não têm o mínimo interesse em financiar a habitação. É cada vez mais baixo o investimento na área da habitação. Os banqueiros utilizam os recursos destinados para esta área na compra de títulos que eles já possuem. É um negócio fictício e que deve se repetir em 2005”, previu.

O microcrédito é outra área que o sistema financeiro nacional se esqueceu. Segundo Alejandra, os bancos não estão emprestando nem a meta determinada pelo governo que obriga os banqueiros a aplicar 2% dos depósitos para esta área. “Podemos dizer claramente que os bancos não estão financiando o crescimento e o desenvolvimento do Brasil, apesar dos recordes de lucratividade. Temos um problema estrutural na área do crédito”, afirmou. A professora destacou que a relação crédito/PIB chegou a 26,9% no Brasil em 2004, índice “baixíssimo”, segundo ela.

Uma das questões que ajudam a explicar a falta de crédito produtivo e as altas taxas de juro cobradas pelos bancos é a falta de concorrência no Sistema Financeiro Nacional. “Os bancos no Brasil são muito concentrados. O próprio FMI disse em estudo recente que não há concorrência entre os bancos brasileiros. E a concentração deve se fortalecer ainda mais”.

Fonte: CNB/CUT – Fábio Jammal Makhoul

Por 12:58 Notícias

Bancos não financiam o crescimento do Brasil, diz Alejandra

Nunca o sistema financeiro nacional concedeu tanto crédito como em 2004. A notícia, que parece boa a primeira vista, só foi boa mesmo para os bancos. Aliás, muito boa. “O empréstimo cresceu, mas não é porque os bancos são bonzinhos, não. É porque eles perceberam que podem ganhar muito com este segmento. E ganharam, quem perdeu foi a sociedade”, explicou agora há pouco a professora Maria Alejandra Madi, chefe do Departamento de Economia da Unicamp, durante o Seminário de Planejamento da CNB/CUT.
Segundo ela, o grande fenômeno da expansão do crédito foi a pessoa física, onde o spread bancário é maior. Os bancos se aproximaram muito mais do comércio varejista em 2004 – com parceria com as Casas Bahia, Magazine Luiza, Marabraz, Ponto frio, por exemplo – e não deram a mínima para a capacidade de endividamento das famílias. Por sinal, preferiram investir na compra de financeiras.
“O credito bancário continuou muito caro para as empresas e a prioridade é financiar o consumo das famílias mais pobres, que em dez anos tiveram a sua renda reduzida em dez pontos percentuais na relação do PIB. Em 1993, os assalariados participavam com 45,1% do PIB e em 2003 essa relação caiu para 35,6%. Como a inadimplência caiu no ano passado, podemos dizer que o crédito concedido pelos bancos serviu para pagar dividas”, detalhou.
A professora Maria Alejandra cita dados retirados do balanço dos próprios bancos para provar que o sistema financeiro nacional não está preocupado com o crescimento do país. O crédito direcionado para a agricultura, por exemplo, é destinado a um pequeno grupo que recebe a maior parte dos recursos. “Isto quer dizer que há uma concentração de renda incrível no campo”, afirmou.
A situação na área da habitação é pior ainda, pois o investimento no crédito é baixíssimo. “Os bancos não têm o mínimo interesse em financiar a habitação. É cada vez mais baixo o investimento na área da habitação. Os banqueiros utilizam os recursos destinados para esta área na compra de títulos que eles já possuem. É um negócio fictício e que deve se repetir em 2005”, previu.
O microcrédito é outra área que o sistema financeiro nacional se esqueceu. Segundo Alejandra, os bancos não estão emprestando nem a meta determinada pelo governo que obriga os banqueiros a aplicar 2% dos depósitos para esta área. “Podemos dizer claramente que os bancos não estão financiando o crescimento e o desenvolvimento do Brasil, apesar dos recordes de lucratividade. Temos um problema estrutural na área do crédito”, afirmou. A professora destacou que a relação crédito/PIB chegou a 26,9% no Brasil em 2004, índice “baixíssimo”, segundo ela.
Uma das questões que ajudam a explicar a falta de crédito produtivo e as altas taxas de juro cobradas pelos bancos é a falta de concorrência no Sistema Financeiro Nacional. “Os bancos no Brasil são muito concentrados. O próprio FMI disse em estudo recente que não há concorrência entre os bancos brasileiros. E a concentração deve se fortalecer ainda mais”.
Fonte: CNB/CUT – Fábio Jammal Makhoul

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