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FEBRABAN apóia definição de banco por trabalhador

O grupo Votorantim, com 27 mil empregados, centraliza a partir de março toda a sua folha de pagamentos em um único banco: o ABN AMRO Real. Até agora, cada área da empresa, como a de metais ou de cimento, tinha a liberdade de escolher a instituição financeira responsável pelo pagamento de seus funcionários. Quatro bancos dividiam a tarefa.

O caminho trilhado pelo grupo Votorantim é uma tendência que tem acirrado a concorrência entre os bancos. Nos últimos dois anos, é cada vez maior o número de empresas, Estados e prefeituras que centralizam suas folhas de pagamento. No poder público, são cerca de três a quatro novas licitações por semana. Prefeituras e Estados têm ” vendido” suas folhas de pagamento por valores que chegam a R$ 2,43 mil por funcionário (R$ 38 por mês para cada conta, caso da Prefeitura de São Paulo).

No setor privado, a folha de pagamento também virou objeto de leilões e passou a ser incluída em reestruturação de passivos de empresas e na negociação de financiamentos. Uma montadora chegou a receber em 2005 uma oferta de R$ 5 milhões por sua folha.

Tanta concorrência está derrubando a resistência, entre os banqueiros, à idéia de que o trabalhador pode ter o direito de escolher em que banco quer receber seu salário. O assunto deverá ser tratado na próxima reunião do conselho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), prevista para a próxima semana, segundo apurou o Valor. Os presidentes de bancos que fazem parte do conselho deverão ratificar a decisão já tomada por seus diretores em reuniões preliminares: a de que a entidade deve apoiar que o funcionário tenha liberdade de escolha do banco.

“Com esse apoio, a Febraban passa a imagem de moderna, antecipa-se a um assunto que está sendo discutido no Congresso e reage à concorrência predatória nos leilões de folhas de pagamento”, afirma um membro da entidade, que preferiu não se identificar, já que a Febraban tem tratado o assunto de forma sigilosa.

Procurada, a entidade preferiu não se manifestar especificamente sobre as discussões internas. “Por princípio, a Febraban sempre apóia a livre concorrência”, diz Mário Sérgio Vasconcellos, diretor de relações institucionais da entidade. Segundo ele, os bancos irão apoiar a livre escolha se a evolução do mercado indicar esse caminho. Ele fez questão de ressaltar, porém, que a entidade não tem preferência pelo projeto de um ou outro congressista.

A livre opção bancária é hoje tema de seis projetos no Congresso, sendo o mais importante deles do senador Aloizio Mercadante (PT/SP). “Os bancos tinham uma grande resistência. É bom saber que eles estão mudando de idéia”, afirma o senador, que classifica a centralização das folhas como uma “injusta e inaceitável” reserva de mercado dos bancos. Mercadante também critica as empresas e o poder público, por obterem uma série de vantagens na negociação das contas de seus funcionários, repassando apenas uma pequena parcela desse pacote aos trabalhadores.

Na Febraban, a decisão de apoiar a livre opção bancária estará condicionada ao cumprimento dos contratos já assinados. Só assim conseguiu-se vencer a resistência de bancos que abriram os cofres nos últimos dois anos para abocanhar contas de funcionários. O ABN AMRO, por exemplo, ganhou concorrência para ficar com a folha do Estado de Pernambuco. E o Itaú, no ano passado, pagou R$ 510 milhões pelos 210 mil funcionários da Prefeitura de São Paulo.

Para que não haja uma corrida ainda maior de fechamento de contratos antes que seja aprovada uma lei sobre o assunto, alguns dirigentes da Febraban têm insistido na idéia de que deve ser estabelecido um período de transição. “Não seria justo com os outros bancos se uma instituição fechasse agora um acordo com prazo de 10, 20 anos”, informa um dirigente. No setor público, a Lei 8.666 determina que contratos desse tipo não podem ultrapassar cinco anos.

A avaliação de um especialista é de que quem sai ganhando com a livre opção são alguns bancos estrangeiros, que têm pouca atuação nesse segmento e que podem se beneficiar do “status”, as instituições de menor porte e o Unibanco, que tem sido menos agressivo na disputa pelas folhas de pagamento e pelos bancos federalizados. Poderiam sair perdendo ABN AMRO Real, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil.

“Mas o mais importante é que essa decisão trará, de fato, a concorrência para o mundo dos bancos. Para conquistar o cliente, será preciso melhorar a qualidade do atendimento, oferecer produtos adequados, melhores taxas. É uma nova era”, diz o especialista.

A opinião não é unânime. Luiz Alberto Fiore, sócio da área de finanças corporativas da Deloitte, lembra que a livre opção tornará a vida das empresas mais difícil e que a receita com as folhas é uma fonte importante de recursos para as prefeituras. Ele também ressalta o poder de barganha das empresas, que repassam vantagens (como descontos em tarifas) para os funcionários. “Há prós e contras. É preciso analisar a questão com cuidado.”

Fonte: Valor Online

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FEBRABAN apóia definição de banco por trabalhador

O grupo Votorantim, com 27 mil empregados, centraliza a partir de março toda a sua folha de pagamentos em um único banco: o ABN AMRO Real. Até agora, cada área da empresa, como a de metais ou de cimento, tinha a liberdade de escolher a instituição financeira responsável pelo pagamento de seus funcionários. Quatro bancos dividiam a tarefa.
O caminho trilhado pelo grupo Votorantim é uma tendência que tem acirrado a concorrência entre os bancos. Nos últimos dois anos, é cada vez maior o número de empresas, Estados e prefeituras que centralizam suas folhas de pagamento. No poder público, são cerca de três a quatro novas licitações por semana. Prefeituras e Estados têm ” vendido” suas folhas de pagamento por valores que chegam a R$ 2,43 mil por funcionário (R$ 38 por mês para cada conta, caso da Prefeitura de São Paulo).
No setor privado, a folha de pagamento também virou objeto de leilões e passou a ser incluída em reestruturação de passivos de empresas e na negociação de financiamentos. Uma montadora chegou a receber em 2005 uma oferta de R$ 5 milhões por sua folha.
Tanta concorrência está derrubando a resistência, entre os banqueiros, à idéia de que o trabalhador pode ter o direito de escolher em que banco quer receber seu salário. O assunto deverá ser tratado na próxima reunião do conselho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), prevista para a próxima semana, segundo apurou o Valor. Os presidentes de bancos que fazem parte do conselho deverão ratificar a decisão já tomada por seus diretores em reuniões preliminares: a de que a entidade deve apoiar que o funcionário tenha liberdade de escolha do banco.
“Com esse apoio, a Febraban passa a imagem de moderna, antecipa-se a um assunto que está sendo discutido no Congresso e reage à concorrência predatória nos leilões de folhas de pagamento”, afirma um membro da entidade, que preferiu não se identificar, já que a Febraban tem tratado o assunto de forma sigilosa.
Procurada, a entidade preferiu não se manifestar especificamente sobre as discussões internas. “Por princípio, a Febraban sempre apóia a livre concorrência”, diz Mário Sérgio Vasconcellos, diretor de relações institucionais da entidade. Segundo ele, os bancos irão apoiar a livre escolha se a evolução do mercado indicar esse caminho. Ele fez questão de ressaltar, porém, que a entidade não tem preferência pelo projeto de um ou outro congressista.
A livre opção bancária é hoje tema de seis projetos no Congresso, sendo o mais importante deles do senador Aloizio Mercadante (PT/SP). “Os bancos tinham uma grande resistência. É bom saber que eles estão mudando de idéia”, afirma o senador, que classifica a centralização das folhas como uma “injusta e inaceitável” reserva de mercado dos bancos. Mercadante também critica as empresas e o poder público, por obterem uma série de vantagens na negociação das contas de seus funcionários, repassando apenas uma pequena parcela desse pacote aos trabalhadores.
Na Febraban, a decisão de apoiar a livre opção bancária estará condicionada ao cumprimento dos contratos já assinados. Só assim conseguiu-se vencer a resistência de bancos que abriram os cofres nos últimos dois anos para abocanhar contas de funcionários. O ABN AMRO, por exemplo, ganhou concorrência para ficar com a folha do Estado de Pernambuco. E o Itaú, no ano passado, pagou R$ 510 milhões pelos 210 mil funcionários da Prefeitura de São Paulo.
Para que não haja uma corrida ainda maior de fechamento de contratos antes que seja aprovada uma lei sobre o assunto, alguns dirigentes da Febraban têm insistido na idéia de que deve ser estabelecido um período de transição. “Não seria justo com os outros bancos se uma instituição fechasse agora um acordo com prazo de 10, 20 anos”, informa um dirigente. No setor público, a Lei 8.666 determina que contratos desse tipo não podem ultrapassar cinco anos.
A avaliação de um especialista é de que quem sai ganhando com a livre opção são alguns bancos estrangeiros, que têm pouca atuação nesse segmento e que podem se beneficiar do “status”, as instituições de menor porte e o Unibanco, que tem sido menos agressivo na disputa pelas folhas de pagamento e pelos bancos federalizados. Poderiam sair perdendo ABN AMRO Real, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil.
“Mas o mais importante é que essa decisão trará, de fato, a concorrência para o mundo dos bancos. Para conquistar o cliente, será preciso melhorar a qualidade do atendimento, oferecer produtos adequados, melhores taxas. É uma nova era”, diz o especialista.
A opinião não é unânime. Luiz Alberto Fiore, sócio da área de finanças corporativas da Deloitte, lembra que a livre opção tornará a vida das empresas mais difícil e que a receita com as folhas é uma fonte importante de recursos para as prefeituras. Ele também ressalta o poder de barganha das empresas, que repassam vantagens (como descontos em tarifas) para os funcionários. “Há prós e contras. É preciso analisar a questão com cuidado.”
Fonte: Valor Online

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