Iniciativa quer descentralizar produção artística brasileira
O Festival da Canção está de volta. Ou melhor, o 1º Festival da Nova Canção Brasileira – Canta CUT. O projeto é da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em parceria com o Ministério da Cultural, e tem como objetivo incentivar a “boa música” pelos quatro cantos do país. As inscrições vão até dia 10 de março.
SÃO PAULO – Não importa o conteúdo qualitativo, bom ou ruim, do que é produzido de música no Brasil hoje. Isso não acontece por falta de referência. Os festivais da Canção dos anos 60 e 70 revelaram os mais diversos compositores e intérpretes. São eles os que ouvimos até hoje, vivos ou não. “Bons tempos, aqueles…”, apenas suspiram os saudosistas.
Agora, o Festival da Canção está de volta. Ou melhor, o 1º Festival da Nova Canção Brasileira – Canta CUT. O projeto é da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em parceria com o Ministério da Cultural, e tem como objetivo incentivar a “boa música” pelos quatro cantos do país. “Queremos realmente romper com as barreiras midiáticas do sudeste”, revela o secretário nacional de Comunicação da CUT, Antonio Carlos Spis.
Vencedor do Festival da Canção de 1966 com a música Disparada (Geraldo Vandré), Jair Rodrigues foi escolhido o padrinho do evento. Ele se apresentará no encerramento do Festival e realizará a cerimônia de premiação. Jair lembra das músicas e dos artistas que foram eternizados pela era dos festivais. “Temos muitos outros grandes compositores espalhados pelo Brasil. Só que eles não têm espaço. Chegou a hora de eles conquistarem isso”, pontua.
O paulista Maurício Pereira, ex-Mulheres Negras, é o produtor do Festival. Ele recorda que entre 60 e 70, não havia muitos espaços para a difusão musical para além dos festivais. “Aqueles eram os espaços das revelações. O momento é novo. A música independente avança freneticamente. Há avanços na música, e isso independente do debate de qualidade”, entende Pereira.
Para ele, outro ponto que diferencia o momento é que hoje o público está mais especializado: “Poderíamos fazer vários festivais. Um de rock, outro de rap, forró. Mas queremos realmente misturar esse Brasil. Porque é assim que somos. E o palco disso ainda é São Paulo. Pois é a maior concentração de pessoas e diversidade. Mas preservamos a divisão geográfica para garantir tudo isso”.
Sobre a idéia de criar o evento, Spis diz que “todos os movimentos sociais têm um hino, como o MST e a UNE. Então, chegamos a conversar com o Martinho da Vila. Ele disse que queria fazer. Mas aí, um pessoal da Paraíba falou: ‘Por que tem que ser samba? Vamos fazer um forró’. Democráticos como somos, resolvemos recorrer às bases e criar o Festival. Depois, a idéia se desenvolveu”.
REGULAMENTO
Com uma dinâmica diferenciada de seleção de finalistas, o 1º Festival da Nova Canção Brasileira propõe-se a valorizar a produção musical, a estimular a inclusão sócio-cultural e propiciar o intercâmbio entre músicos e compositores de diferentes regiões do Brasil.
Ele será realizado em duas etapas: classificatória e final. A primeira é a seleção das músicas que passarão por avaliações de comissões julgadoras instaladas em seis locais do país divididos por região. A segunda é a realização da grande final que acontecerá em dois dias 29 e 30 de abril de 2006, no Sesc Pinheiros, com a participação de Chico César na abertura e Jair Rodrigues no encerramento.
O material (gravação em formato CD de áudio) e a ficha de inscrição, que está disponível no Portal do Mundo do Trabalho da CUT (www.cut.org.br), devem ser enviados por correio para os locais de inscrição.
PREMIAÇÃO
As 12 composições finalistas participarão da gravação ao vivo de um DVD, que terá dez mil cópias financiadas pelos patrocinadores e será distribuído pela CUT. O primeiro lugar receberá 10 mil reais, o segundo lugar e a melhor letra 5 mil cada, melhor intérprete 3 mil e a música que cair no gosto popular (o Júri Popular, composto pelo púbico que participará dos dois shows da etapa final) ficará com 3 mil reais.
Promovido em parceria com o Sindicato dos Artistas, e com o patrocínio da Petrobrás, o Festival receberá inscrições até 10 de março de 2006. Informações adicionais e regulamento completo no portal www.cut.org.br ou pelo telefone (11) 2108-9198 ou 2108-9298.
Inscrições
Etapa Norte
Belém (PA) – Escola Sindical Norte I (Tv. D. Pedro I, 1012 – Umarizal – 66050-100 – tel.: (91) 3241 57 41 – esa_fin@ig.com.br). Responsável: Jair Moraes.
Etapa Nordeste
Recife (PE) – Escola de Formação Sindical da CUT no Nordeste (R. D. Manoel Pereira, 183 – Boa Vista – 50050-140 – tel.: (81) 3421 4773 – ecolane@uol.com.br). Responsável: Virgínia Lins.
Etapa Sudeste
Belo Horizonte (MG) – Escola Sindical 7 de outubro (R. Nascimento, 101
– Barreiro Cima – 30620-390 – tel.: (31) 33 836854 – escola7@escola7.org.br). Responsável: Eliane.
Etapa São Paulo
São Paulo – CUT São Paulo (R. Caetano Pinto, 575 – 2º andar – Brás – 03041 –000 – tel.: (11) 2108 9178 – formacao@cutsp.org.br). Responsável: Isaura.
Etapa Centro-Oeste
Brasília (DF) – CUT Distrito Federal (SDS – Bloco M, lote 14 – Loja 8, 1º subsolo – Asa Sul – 70393-904 – tel.: (61) 3225 9374 – cutdf@opendf.com.br). Responsável: Lomanto S. Pereira.
Etapa Sul
Florianópolis (SC) – Escola Sul da CUT (Av. Luiz Boiteux Piazza, 4810 – Canto da Ilha – Ponta das Canas – 88056-000 – tel.: (48) 3261 4072 – comunica@escolasul.org.br). Responsável: Vera Gasparetto.
Por Carlos Gustavo Yoda – Notícia publicada no sítio www.agenciacartamaior.com.br.