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Dia 15, todos a Brasília; defesa da inclusão social e combate à emenda 3 potencializam a mobilização

Em entrevista para o Portal do Mundo do Trabalho, a secretária de Políticas Sociais da CUT, Rosane Silva, destaca a importância da mobilização nacional da CUT “Defender direitos, avançar nas conquistas”, convocada para o próximo dia 15, em Brasília.

Como está a convocação para o 15 de agosto?

A mobilização está muito boa, com a nossa base social respondendo ao chamado com a consciência da necessidade de avançar na garantia de direitos da classe trabalhadora. É importante frisar que os temas centrais do Dia Nacional de Mobilização da CUT dialogam diretamente com a base, desde os servidores públicos até a iniciativa privada, passando por aqueles e aquelas que estão fora do mercado de trabalho, quando defendemos, por exemplo, a redução dos juros e da jornada. Nossa proposta é de combate à informalidade, é de inclusão, de incorporar pessoas que estão completamente fora do mercado de trabalho, que estão à margem. Ou seja, a pauta da CUT vai além da representação de milhões de trabalhadores, expressa o compromisso com o conjunto da classe, com o desenvolvimento do país, com a geração de emprego e renda.

Como está a democracia no mundo do trabalho?

O mundo do trabalho ainda é extremamente autoritário, com práticas anti-sindicais que atentam contra o direito de organização e representação. Lutamos pela ampliação da democracia no local de trabalho, sem o que nunca teremos democracia plena. À medida que ampliamos e fortalecemos a democracia no local de trabalho, porta adentro das empresas, abrimos espaço para ampliar direitos, o que estimula a organização, aumentando a consciência e o poder de mobilização.

Uma das bandeiras da mobilização do dia 15 é o combate ao Projeto de Lei Complementar 01 (PLP 01), que impõe um limitador para a folha de pagamento do funcionalismo…

O PLP 01 é totalmente contraditório com o PAC, que é um mecanismo importante de indução do crescimento. Com esse PLP o próprio governo acaba restringindo o poder que o PAC tem de potencializar o desenvolvimento, minando a capacidade do Estado de qualificar e remunerar dignamente os seus profissionais, restringindo a folha de pagamento dos atuais servidores e impedindo novas contratações. A CUT defende um modelo de desenvolvimento onde o Estado tenha cada vez mais a condição de cumprir com sua condição de indutor do desenvolvimento e com recursos para investir em políticas públicas que dêem respostas às crescentes necessidades do nosso povo. Não queremos um Estado capenga. Ao contrário dos privatistas e neoliberais, queremos esses recursos aplicados no fortalecimento da saúde, da educação e da Previdência pública.

E o papel da mídia nisso tudo?

A mídia tem se demonstrado a principal opositora do projeto democrático-popular, é só ver o que os jornais e as televisões têm feito nos últimos dias com a exploração da chamada crise aérea. Há setores da mídia, como a Rede Globo, que tem utilizado as concessões públicas para fazer uma defesa aberta unicamente dos seus interesses e dos seus anunciantes, como no caso da campanha pela aprovação da Emenda 3 – que assalta direitos -, sem levar em conta o contraditório, abafando as mobilizações e protestos do movimento sindical. Ao longo da história, essa tem sido a trajetória da grande mídia. Em contraposição a essa lógica excludente, queremos que cada vez mais o povo tenha voz ativa nos meios de comunicação, a fim de que eles efetivamente cumpram com o seu papel de informar, sem a parcialidade que temos visto hoje sob o manto da neutralidade.

E o governo Lula?

Os trabalhadores através da Presidência da República assumiram um pedacinho do poder, que é cheio de travas. E o que falar do Legislativo e do Judiciário, dominado pelos grandes interesses do capital, por banqueiros, empresários e latifundiários? Basta ver o que aconteceu recentemente no julgamento da greve dos metroviários de São Paulo, com a decretação da greve como abusiva, ou no Congresso Nacional, com a maioria dos parlamentares aprovando a emenda 3. Se não fosse o veto do presidente Lula, os trabalhadores teriam perdido inúmeros direitos como o 13º, as férias, licença-maternidade e paternidade. Daí a importância da nossa mobilização em Brasília no próximo dia 15.

Nesta luta, a comunicação com a base e a sociedade acaba sendo decisiva…

É preciso ter claro o papel que temos de jogar neste momento, e o diálogo e a comunicação direta com a nossa base de representação e com a comunidade são chave em qualquer processo de mobilização. Devemos refletir que assim como a mídia acaba elegendo para dentro do legislativo nomes comprometidos com a sua visão elitista devido à desinformação, temos de criar um contraponto. Depois de um dia inteiro de trabalho, a pessoa chega em casa e o que tem para assistir? Apenas os canais privados, que têm lado, manipulam, desinformam. Um dos desafios do segundo mandato do presidente Lula é de mexer nesta grande ferida. Precisamos estimular o mais amplo debate na sociedade brasileira, pois estamos falando de concessões públicas que, até hoje, não tiveram qualquer tipo de trava, pois correspondiam aos interesses dos governos de plantão. Da mesma forma como vamos fazer o plebiscito sobre a nulidade do leilão de privatização da Vale, podemos começar a pensar um plebiscito sobre as concessões dos canais de rádio e televisão. A concessão da Rede Globo, por exemplo, vence no dia 5 de outubro, é preciso debater isso.

A bandeira da democratização dos meios de comunicação tem que começar a tremular mais alto…

É evidente. Vou citar o exemplo do presidente da Infraero, que até ontem não era ouvido por nenhum grande veículo. Bastou ele ser exonerado para os microfones se abrirem, na expectativa de que fale algo que se contraponha ao governo. Então, o papel do movimento social é ir para a rua e cobrar do governo critérios para as concessões públicas, para que tenhamos veículos democráticos, onde o povo possa expressar a sua opinião, e não que reflitam unicamente a posição do dono do veículo e dos seus anunciantes. Este é um gargalo, como ficou evidenciado na questão das rádios comunitárias, perseguidas e lacradas pela Polícia Federal e pela Anatel, que acabam atuando como instrumentos do grande poder econômico. Regras flexíveis para os grandes, rígidas para os pequenos. Isso não pode continuar assim. Mas, apesar de toda essa manipulação, as próprias pesquisas deles, como a da Folha, que saiu ontem, revela que os índices de aceitação do presidente continuam inabaláveis, pois a população mais pobre tem ganhado com este governo.

No que é preciso avançar?

Muita coisa tem que avançar, mas o principal é mudar a política econômica, reduzindo os juros e o superávit primário, que canalizam para a especulação recursos preciosos que deveriam ser utilizados em políticas públicas, no fortalecimento da saúde, da educação, da Previdência. Precisamos também reduzir a jornada e o ritmo de trabalho, abrindo espaço para a geração de mais empregos e diminuindo o grande número de acidentes de trabalho, de lesões e mutilações. A CUT tem autoridade para defender estas bandeiras, pois atua mantendo a sua autonomia de governos, patrões e partidos, e é assim que faremos com que os direitos da classe trabalhadora sejam respeitados e avancem. A mobilização do dia 15 é parte deste processo.

Por Leonardo Severo.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cut.org.br.

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