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Por 10:16 Sem categoria

Setor financeiro, o que mais lucra no país, precariza relação de trabalho e terceiriza de maneira fraudulenta

A responsabilidade social do lucro

Manter empregados sem registro, não fazer anotações na Carteira de Trabalho, não pagar salário (piso, hora-extra), exceder jornada de trabalho, não conceder o descanso necessário entre jornadas, descumprir convenção coletiva, não depositar FGTS. Essas irregularidades foram encontradas pelo Ministério do Trabalho não em fazendas que adotam trabalho similar à escravidão em rincões pelo país afora no século passado, mas sim, em 2006, em empresas que prestam serviço aos maiores bancos do país, como Bradesco, Unibanco e ABN Amro, que adotam a prática fraudulenta de terceirizar até suas atividades-fim.

O setor que mais lucra e vende uma imagem de socialmente responsável, não faz a lição na própria casa. É verdade que, fruto da luta dos trabalhadores e de suas entidades de representação, os bancários são a única categoria que tem Convenção Coletiva Nacional que abrange todas as empresas do sistema. Mas para lucrar mais a qualquer preço os bancos acabam passando por cima desses direitos. Existem hoje pouco mais de 400 mil bancários com os direitos garantidos, enquanto há mais de 1 milhão de trabalhadores no sistema financeiro.

O desafio de estender para todos os direitos da categoria insere-se em outro ainda maior. O de fazer com que melhore a qualidade de vida de todos os trabalhadores. Os ganhos proporcionados pela produtividade, principalmente a partir da tecnologia, têm de ser distribuído socialmente de maneira justa. Está passando da hora de diminuir a concentração de riquezas. Estudo da ONU divulgado em 2006 mostra que apenas 2% dos mais ricos do mundo detêm mais de metade de toda a riqueza do planeta. Enquanto para os 50% mais pobres sobra apenas 1% da riqueza.

Para isso começar a mudar, um dos melhores caminhos é que parte da renda seja repassada aos mais pobres, principalmente por meio do trabalho. Por isso reivindicamos melhores salários, redução da jornada de trabalho para que mais pessoas sejam empregadas, que se combata a informalidade e a terceirização. E que também existam fortes investimentos sociais para acabar com a miséria extrema e a fome. Responsabilidade social se faz por meio de exemplos concretos, não pode ser apenas marketing.

Por Vagner Freitas, que é presidente da Contraf-CUT, Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.cut.org.br.

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