fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 09:53 Sem categoria

Presidente do Conselho de Saúde diz que futuro do SUS está na prevenção

Brasília – Em vez de buscar a simples cura de doenças, o futuro do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá voltar-se para a prevenção. Segundo o farmacêutico Francisco Batista Júnior, que atualmente preside o Conselho Nacional de Saúde, o assunto deverá dominar as discussões na 13ª Conferência Nacional de Saúde, que será realizada de 14 a 18 deste mês, em Brasília.

O tema central do encontro será Saúde e Qualidade de Vida: Políticas de Estado e Desenvolvimento. “Há necessidade de vermos a saúde de forma mais ampla, de estabelecermos definitivamente em nosso país prioridade para a prevenção, para evitar que a doença aconteça e se instale”, disse Júnior.

Para ele, a saúde tem de ser tratada como demanda intersetorial, ou seja, envolvendo vários ministérios. “Saúde tem relação direta com a questão da educação, do emprego, da distribuição de renda, do combate à violência no trânsito, à violência familiar, com o meio ambiente, o desenvolvimento sustentável (…) Esse era o grande objetivo que discutíamos quando organizávamos a 13ª conferência”, afirmou.

Voltar a atenção à prevenção de doenças, segundo Júnior, é também superar o modelo de atenção centrado no medicamento, conhecido como “hospitalocêntrico”, e dar prioridade à prevenção e promoção de saúde, à atuação multiprofissional e à intersetorialidade.

Na opinião do secretário de Saúde de Belo Horizonte, Helvécio Miranda, que também é presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, o país precisa decidir que modelo de assistência seguir. “É preciso saber se vamos continuar financiando majoritariamente hospitais, alta tecnologia, ou se vamos optar, como fizeram os melhores sistemas de saúde do mundo, por uma atenção primária, uma atenção básica fortalecida”, afirmou.

Segundo Helvécio, esse modelo já existe e é o programa Saúde da Família. “Essa é uma opção clara, um modelo integral, humanizado, contemporâneo, que faz promoção, previne doenças, cuida das pessoas integralmente e deixa a alta tecnologia, o hospital, a emergência, a ambulância para quando estritamente necessário.”

Para o representante do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) e um dos relatores da 13ª Conferência Nacional, Armando Raggio, assuntos como a manutenção de programas governo voltados para a aids e o atendimento aos portadores de doenças crônicas, como diabetes, também deverão fazer parte da pauta de diálogo do encontro de Brasília.

“Creio que a agenda da construção de um sistema da amplitude do SUS, com os propósitos de inclusão social e de multidisciplinaridade necessária para fazer isso, exige que a gente tenha uma visão prática, imediata da agenda de governo que vige no momento presente, mas não perca de vista que há um futuro em construção”, acrescentou.

A representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Maria do Socorro, apontou a descentralização dos serviços e da política de saúde como temas que deverão dominar os debates. Os serviços de média e alta complexidade estão concentrados nos municípios de médio ou grande porte, distantes da realidade dos trabalhadores rurais, ressaltou Maria do Socorro, que destacou também a dificuldade de acesso a medicamentos entre os problemas.

“Muitos trabalhadores e trabalhadoras vivem com renda familiar de até dois, três salários mínimos, e grande parte dessa renda é usada na compra de medicamentos, porque a farmácia básica que existe na unidade de saúde não supre suas necessidades. O acesso a consultas, exames e medicamentos ainda é a maior demanda dos trabalhadores rurais”, completou.

No próximo ano, o SUS completará 20 anos. Segundo o secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Antônio Alves, é o momento de sinalizar qual será o direcionamento do SUS para os próximos 20 anos. “A questão da promoção da saúde será o grande desafio do Século 21. Mudanças de hábitos, costumes, políticas intersetoriais e a relação com outras políticas públicas para garantir qualidade de vida, promover saúde e prevenir doenças serão os grandes temas da etapa nacional”.

O governo aguarda a participação de cerca de quatro mil pessoas na 13ª Conferência Nacional de Saúde, sendo 3.500 delegados vindos de todos os estados e 500 divididos entre convidados internacionais, observadores e populares.

Por Irene Lôbo – Repórter da Agência Brasil.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.

Close