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2009 e o novo ciclo que iniciaremos

Esse ano, promete um cenário inédito, com inúmeras possibilidades para a esquerda e as forças populares em todo o mundo

A crise já tem alcance global e impacto econômico, político, ambiental e ideológico. Suas características recessivas e depressivas já permitem sustentar que causará efeitos prolongados, inaugurando um novo período na luta de classes.

Esse ano, promete um cenário inédito, com inúmeras possibilidades para a esquerda e as forças populares em todo o mundo. Os desafios serão imensos. Enfrentaremos as tentativas capitalistas de aumentar, ainda mais, a exploração sobre os trabalhadores para recompor as taxas de lucro. Estaremos diante de um cenário mundial de desemprego, falta de alimento e agravamento súbito das condições de vida. É previsível que as classes dominantes acirrarão os mecanismos repressivos e criminalizadores dos movimentos sociais.

Porem, simultaneamente, esta crise proporciona alterações na dinâmica da luta de classes e pode proporcionar um novo ciclo do reascenso da luta de massas. Além disso, abre uma oportunidade histórica, na medida em que altera o quadro geopolítico internacional, determinando o rearranjo dos países e da ordem econômica mundial, abalando a hegemonia econômica e política do imperialismo.

O abalo da hegemonia imperialista e a fratura dos setores dominantes, abrem uma brecha fundamental para a superação deste último período histórico, marcado pela ofensiva capitalista e o conseqüente descenso da luta de massas. O quadro histórico iniciado no início dos anos 90 chegou ao fim!

O elemento decisivo para que essa oportunidade converta-se em saídas socialistas é a capacidade da classe trabalhadora em construir alternativas de poder, articulando o conjunto das forças populares em cada país.

Em nosso caso, a burguesia brasileira, cada vez mais integrada e associada á burguesia internacional, ao contrário de outros momentos históricos, não apresentará qualquer proposta de alternativa que implique em soberania e enfrentamento de nossos problemas estruturais. Portanto, a crise torna ainda mais nítida a disjuntiva entre uma superação que agravará nossos problemas sociais e destruirá nossos últimos resquícios de soberania nacional ou uma saída que coloque em cena o povo brasileiro como principal ator político.

Este é o contexto, que abre uma oportunidade inédita para as forças capazes de construir um projeto popular para o Brasil. A nova conjuntura abre condições para que o projeto popular se constitua enquanto uma alternativa de poder. Na verdade, este período histórico que se inaugura com a atual crise exigirá o confronto entre a alternativa política das forças populares e toda a barbárie que implica uma saída capitalista.

Aos lutadores populares incumbe a tarefa de utilizar todos os recursos pedagógicos disponíveis para explicar as causas, efeitos e saídas para esta crise. Os grandes meios de comunicação explicam a crise como uma catástrofe da natureza, que exigirá uma postura passiva ante seus inevitáveis e terríveis efeitos. Nosso papel será explicar sua causa, apontar os responsáveis e propor as soluções que interessam ao povo.

Assume especial importância à tarefa de construir unidade de ação das forças populares e possibilitar que assumam um programa unitário, colocando-se no plano político como uma alternativa do projeto popular. Para tanto, no interior da classe trabalhadora será necessário intensificar esforços pela retomada da capacidade de luta do proletariado industrial, sujeito social decisivo na construção da unidade entre as forças populares.

O proletariado industrial, que ainda sofre o impacto deste período de descenso, segue anestesiado no Brasil, sufocado por uma estrutura sindical engessada, que não incorpora nem estimula o surgimento de novos quadros e lideranças, enfrentando um arcabouço de medidas jurídicas que blindam e dificultam a greve e a organização por local de trabalho. Contribuir na superação destes desafios, retomando lutas que impeçam que a burguesia solucione a crise através do desemprego e da superexploração é a primeira das grandes tarefas de todos os lutadores do povo. Isso significará compreender a importância de lutar contra as demissões e gerar respostas, cada vez mais ousadas, para enfrentar a crise.

Mais do que nunca é necessário estimular as lutas sociais. Em cada luta surge a oportunidade de construir a unidade das forças populares. Construir uma unidade em torno de um programa político, que contemple as principais questões do projeto popular é o outro desafio primordial dos lutadores do povo.

Somente uma unidade construída em torno de lutas concretas, em torno de um programa que cada força social reconheça como seu, será possível avançar para o necessário passo de uma alternativa política do projeto popular , da classe trabalhadora.

Esses são os desafios que nos esperam em 2009. Um ano que promete ser o início de um novo ciclo histórico de lutas.

Editorial ed. 305 do Brasil de Fato. 1º/01/2009.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.brasildefato.com.br.

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Como Lula e The Economist encaram 2009

Todo o final de ano, a revista inglesa The Economist dedica uma edição especial sobre as perspectivas do ano seguinte. Nem sempre acerta. O ano passado, por exemplo, cravaram firme na eleição da senadora democrata Hillary Clinton como a futura presidente dos Estados Unidos. Deu Barack Obama, como todos sabem que por sua vez nomeou-a Secretária de Estado, o principal cargo diplomático dos EUA.

Desta vez, o editorial da revista que se autodenomina newspaper, parece ser mais comedido e acredita na possibilidade de Obama tentar restaurar a péssima reputação deixada pelos oito anos de Governo Bush, tendo a chance de promover reformas no sistema público americano, especialmente na área da saúde.

Ao fazer suas previsões para 2009, parte do raciocínio de que o PIB mundial vai cair abaixo dos 3% e as economias dos países ricos enfrentarão a recessão, com falências e aumento do desemprego.

O que chama a atenção é a análise do desempenho dos chamados países em desenvolvimento: apesar de vaticinar um crescimento menos espetacular do que 2008, a revista assegura que o ritmo do ano que vem será robusto e que haverá um deslocamento do poder global para locais como Brasil, Rússia, Índia e China. Estes países vão querer ter uma influência maior na condução do mundo, diz o editorial.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou uma página da edição da Economist, onde faz uma breve síntese de seu governo. Nestes oito anos, afirma ele, muito progresso foi feito. O número dos muito pobres no Brasil se reduziu à metade. A classe média está agora em maioria, 52% da população. (…) O Brasil nunca esteve em melhor posição para enfrentar os desafios adiante e está totalmente ciente de suas crescentes responsabilidades globais.

Em seguida, o presidente faz um retrospecto de como o país enfrentou a questão energética, com os programas do etanol e do biodiesel e a redução de 675 milhões de toneladas na emissão de gases de efeito estufa, o 1 milhão de novos empregos criados e a drástica redução da dependência do Brasil de combustíveis fósseis importados.

Em relação ao crescimento agrícola, Lula afirma que o país expande a produção e reforça sua posição como o segundo maior exportador de alimentos do mundo. Faz também uma firme defesa da conclusão da Rodada de Doha, com o objetivo de derrubar as barreiras ao comércio internacional que, segundo ele, estrangulam o potencial produtivo de incontáveis países na Ásia, África e América Latina.

Para avançar na solução destes e de outros problemas que assolam o planeta, como as questões ambientais, o presidente aponta a necessidade de um novo sistema internacional, mais regulamentado e transparente. Por isso, o Brasil uniu-se à Índia e à África do Sul para formar o Ibsa, uma associação das três maiores democracias do sul do globo, com foco nos temas de cooperação e desenvolvimento.

Por fim, Lula lembra a importante iniciativa de formação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), com o objetivo de fortalecer a integração regional e assegurar uma presença internacional mais forte para o bloco. Com todas estas iniciativas, conclui, vamos fortalecer o diálogo e melhorar os mecanismos exigidos para revigorar o multilateralismo.

A grande encruzilhada em que o Governo Lula se encontra, entretanto, é de como enfrentará os efeitos da crise econômica e financeira mundial do capitalismo. Ou rompe com os cânones da política macro-econômica de viés neoliberal que mantêm as taxas de juros reais nos mais altos patamares internacionais (contra toda a lógica do enfrentamento da crise capitaneado pelos Bancos Centrais dos EUA, da União Européia e da Ásia) ou sucumbe ao enfraquecimento do ritmo de crescimento do Brasil, deixando livre o caminho para a retomada do poder pelas forças conservadoras e atrasadas.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.vermelho.org.br.

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