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Contraf-CUT participa de audiência sobre igualdade de oportunidades nos bancos

A Contraf-CUT participou nessa quarta-feira 27 de audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados para debater a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho bancário. Em destaque a inclusão de negros, mulheres e deficientes no ramo financeiro.

O objetivo principal da audiência foi de retomar as ações do Grupo de Trabalho criado em 2006 para analisar a presença e a situação destes segmentos no mercado bancário, em processo denominado de “Pacto da Diversidade”.

Após as primeiras reuniões do Grupo de Trabalho, foi definido que seria realizado um mapeamento detalhado, em cada instituição bancária, da presença de negros, mulheres e deficientes no universo de trabalhadores deste setor. O mapeamento foi concluído e o resultado ainda não foi divulgado para as entidades envolvidas tais como a própria Contraf-CUT.

Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT e representante da confederação na audiência, lembra que a aplicação da pesquisa respondida pelos bancários em todo país envolveu mais de 200 mil trabalhadores, resultando na criação do Mapa da Diversidade. “Aguardamos ansiosamente pelo resultado da pesquisa, pois nos empenhamos muito para divulgação e incentivo na participação da categoria. Até porque a última referência que temos de dados é O Rosto dos Bancários, pesquisa feita pelo Ipea a partir de denúncias da Contraf-CUT de que havia discriminação nos locais de trabalho e que as contratações eram desiguais”, afirma Deise.

Deise ainda ressalta que a situação de discriminação que existe nos bancos só será alterada com a pressão da sociedade civil. “Caso contrário, continuará a mesma situação cômoda dos banqueiros. Os baixos salários e a segregação só servem para manter os lucros elevados dos bancos”, diz.

Vários deputados presentes lamentaram a ausência da Febraban durante a audiência. “A Fenaban poderia desde já dar uma demonstração de sensibilidade com o tema, atendendo a reivindicação de ampliação da licença maternidade já pautada desde o ano passado”, conclui Deise.

Estiveram presentes na audiência as seguintes entidades e instituições envolvidas na efetivação do Pacto:

– Deise Aparecida Recoaro, da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT);
– Valéria de Oliveira, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) da Presidência da República;
– Humberto Adami Santos Junior, Presidente do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (IARA);
– Frei David, Diretor-Executivo da Educafro – Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes;

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também foi convidada a participar da audiência pública, porém não enviou representante.

Fonte: Contraf/CUT, com Portal CDHM
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Bandeira do movimento sindical, luta por igualdade é reconhecida pela Febraban

O combate a todas as formas de exclusão, entre elas a discriminação por gênero e raça no setor bancário, que o movimento sindical faz há tempos junto à Febraban começa a render frutos para trabalhadores e sociedade. Exemplo disso é a matéria publicada no último domingo, pela Folha de São Paulo, que apresenta a primeira turma de administração de empresas da Unipalmares, entre eles o bancário do Bradesco, Luiz Henrique Ferreira, 32.

Sob a bandeira da Igualdade de Oportunidades, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro exige desde 1996 a inclusão deste tema na mesa de negociação com os bancos. Em 1999, sob coordenação do Dieese, foi criado pela então CNB (Confederação Nacional dos Bancários) a revista, Rostos dos Bancários – Mapa de Gênero e Raça do Setor Bancário Brasileiro, que traça o perfil da categoria e demonstra que existe forte discriminação de gênero e de raça dentro dos bancos – naquele período, os negros representavam 12,7% da categoria em São Paulo, por exemplo.

A Febraban admitiu o Mapa da Diversidade no setor bancário depois de ter percebido que poderia ter prejuízos financeiros e para a imagem dos bancos junto a sociedade com a ação movida pelo Ministério Público, que tomou por base a pesquisa Rosto dos Bancários, os dados do Ipea e da própria Febraban. Mesmo com o peso e a credibilidade das entidades envolvidas, a Fenaban resistiu em admitir o problema num primeiro momento.

“A nossa campanha A categoria bancária rumo as relações mais igualitárias no mundo do trabalho, que se desdobrou em três anos, foi muito importante. A inclusão da cláusula na convenção coletiva é um exemplo inédito em toda a América. É um motivo de orgulho para nós, mas também um grande desafio e vamos trabalhar muito mais para que este ideal se concretize em resultados práticos”, afirma Deise Recoardo, secretária de políticas sociais da Contraf-CUT.

O reitor da Universidade Unipalmares, José Vicente, reforça na matéria da Folha a dificuldade que teve em discutir o tema com a Federação dos Bancos. “Batemos na porta da Febraban para propor uma atuação conjunta há quatro anos atrás. Houve uma certa resistência, no princípio, porque os gestores não achavam que havia diferenciação entre os profissionais que contratavam”, diz.

Desafios

Deise afirma que a Contraf/CUT como entidade diretamente envolvida neste processo acredita que esta é uma vitória dos movimentos sociais e sindical. “O resultado da pesquisa do Mapa da Diversidade deverá ser apresentado e tratado como um patrimônio da sociedade brasileira e deverá ser apropriado por todos como ferramenta fundamental na formulação de políticas de inclusão social”, afirma.

Outro desafio é para que sejam criadas medidas alternativas, que realmente apontem que os negros que ocupam funções administrativas estão em altos cargos.

Os resultados desse estudo do Mapa, de 1999, já apontavam para as desigualdades presentes nos bancos: os trabalhadores da raça negra e as mulheres que estão ocupados no setor bancário apresentam-se em condições desfavoráveis em relação aos não-negros e aos homens.

Após 10 anos da pesquisa, Luiz Henrique Ferreira, formando da primeira turma da universidade cuja missão é inserir os negros no nível superior de educação mostra na mesma matéria da Folha que a discriminação ainda persiste: “quando o grupo circulava pelos prédios, as pessoas pensavam que éramos uma comitiva de algum país africano fazendo uma visita”.

“Mesmo com o reconhecimento da Febraban de que a discriminação é verdadeira, há muito por conquistar, já que a discriminação aos trabalhadores ainda existe em larga escala”, conclui Deise.

Histórico da luta bancária:

– 1998: Igualdade de Oportunidades torna-se eixo da Campanha Salarial dos Bancários, sendo desde então, um dos principais pontos de reivindicação junto aos bancos.

– 2000: Bancários lançam publicações e campanhas durante três anos, de 2000 a 2002, com participação nacional de todos os Sindicatos do País em parceria com o fundo canadense de Igualdade de Gênero. Foram debatidas a Igualdade de Oportunidades, Prevenção e Combate ao Assédio Sexual no Trabalho e as Relações Compartilhadas.

– Em 2000 é conquistada a Mesa Temática de Igualdade de Oportunidades e a visibilidade das ações do movimento sindical por meio de cartilhas.

Fonte: Contraf-CUT
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Bancos não aparecem em audiência sobre igualdade de oportunidades

Ao fugir da convocação da Câmara dos Deputados, Febraban mostra desinteresse com a inclusão de minorias no mercado de trabalho

São Paulo – A federação dos bancos (Febraban) mostrou que não está nem aí para a inclusão de negros, mulheres, homossexuais e pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Alegando problemas de agenda, os bancos não compareceram à audiência pública realizada na quarta-feira, dia 27, na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que discutiu a retomada das atividades do grupo de trabalho sobre a diversidade dos bancários.

“Os bancos demonstraram que não têm vontade nenhuma de resolver o problema da desigualdade no mercado de trabalho bancário. As mulheres negras, em geral, ocupam lugares precários nos bancos e a situação ainda é muito pior nas terceirizadas. Viemos aqui com a expectativa de colocar debates importantes, como a ampliação da licença-maternidade para seis meses, mas os representantes da Febraban não compareceram”, lamentou durante sua fala a diretora da Contraf-CUT Deise Recoaro, que representou os bancários na audiência.

A diretora do Sindicato Neiva Ribeiro dos Santos, que assistiu à audiência, conta que todos os participantes ficaram chocados com o desinteresse da Febraban e fizeram críticas veementes contra os bancos. “Os próprios parlamentares reclamaram que as instituições financeiras não querem construir um processo de inclusão das minorias no mercado de trabalho. A atitude dos bancos foi muito ruim e demonstrou que os bancos não dão prioridade ao tema”, diz Neiva.

Mapa da diversidade – Os bancários e os parlamentares esperavam que os bancos apresentassem os resultados do Mapa da Diversidade, pesquisa realizada no ano passado com mais de 200 mil bancários de todo o Brasil. O movimento sindical reivindica esta auditoria desde os anos de 1990.

“Esta reivindicação nasceu quando denunciamos para a Fenaban que havia discriminação nos locais de trabalho e que as contratações eram desiguais. Os bancos, entretanto, negaram a discriminação e nos desafiaram a provar. Daí publicamos o Rosto dos Bancários, uma pesquisa realizada pelo Dieese em 2001 que comprovava toda a discriminação que denunciamos”, explica Neiva.

De posse dessa publicação, o Ministério Público do Trabalho resolveu procurar os bancos para garantir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mas não houve concordância por parte das instituições financeiras. O MPT, então, entrou na Justiça contra cinco bancos (Itaú, Bradesco, ABN, Unibanco e HSBC) por discriminação coletiva, e o movimento negro conseguiu arrancar uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, em meados de 2005. A audiência rendeu reuniões permanentes que perduram até hoje.

A Comissão também institui um grupo de trabalho sobre o assunto, que funcionou até abril de 2007 e teve a participação de representantes da Febraban, entidades do Movimento Negro, do Ministério Público Federal do Trabalho, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além do movimento sindical bancário.

“Nesse grupo de trabalho, que foi retomado agora, os bancos se comprometeram a apresentar os resultados do Mapa da Diversidade em março de 2008. Mas até agora nada. Esse censo é fundamental para que a gente elaborare ações afirmativas para igualdade de oportunidades e conquistarmos, assim, a garantia de que as mulheres tenham os mesmos salários dos homens e que os negros e pessoas com deficiência tenham a possibilidade de fazer carreira. A falta de compromisso dos bancos, no entanto, mostra que a responsabilidade social é só discurso”, finaliza Neiva.

Fábio Jammal Makhoul

Fante: Matéria colhida no sítio spbancarios.com.br

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