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Pesquisador diz que real não trouxe ganho homogêneo para brasileiros mais pobres

Rio de Janeiro – Do lançamento do Plano Real, em 1994, até hoje não houve um ganho homogêneo para as camadas mais pobres da população brasileira. A análise foi feita à Agência Brasil pelo economista Ricardo Amorim, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“A gente não tem, do Plano Real para cá, um período único em que a pobreza tenha se comportado tendencialmente igual”. Segundo Amorim, na fase imediatamente posterior ao lançamento da moeda houve um ganho de renda normal.

“Quando se combate uma inflação alta de forma muito rápida, sempre se tem um ganho de renda entre a população mais carente e a população trabalhadora. Mas, passada essa fase inicial, você percebe que o Plano Real não contribuiu nada para a distribuição de renda ou para a diminuição da pobreza. Muito pelo contrário”.

Para o pesquisador do Ipea, o real teve um impacto ruim sobre a estrutura de renda no país, afetando de forma intensa a indústria, “que era o motor da economia brasileira”. Isso provocou desemprego nas grandes cidades, relacionado principalmente aos empregos formais e melhor remunerados. Ele afirmou que, “por tabela”, acabou afetando toda a distribuição de renda, inclusive do pessoal informal.

Amorim destacou que, em determinado período, empresários que eram donos do capital acabaram direta ou indiretamente se associando com companhias internacionais ou reestruturando suas empresas. “Reduziu o custo, manteve de certo modo a produção e conseguiu superar esse momento. Mas, a franca maioria das empresas brasileiras ou fechou ou vendeu para o capital internacional”.

Segundo Amorim, isso acabou gerando para essas pessoas mais ricas um ganho financeiro fantástico, que foi aplicado no mercado bancário com taxas de juros maravilhosas. “Atrelado a isso, veio um desemprego muito grande”, afirmou. A classe de maior renda manteve a riqueza, enquanto os pobres sofreram. “Então, tanto na pobreza, quanto na distribuição de renda, os impactos não foram bons”, frisou.

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil. Edição: Tereza Barbosa.

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Plano lançado há 15 anos “foi ganho imenso” para o país, diz representante do mercado financeiro

Rio de Janeiro – O Plano Real, lançado há 15 anos, “foi um ganho imenso” para o país, na opinião do presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Sérgio Cutolo.

Em entrevista à Agência Brasil, ele afirmou que a iniciativa foi um processo de recuperação da qualidade da moeda brasileira, que gerou importantes mudanças no sistema financeiro nacional.

Uma das consequências do Plano Real foi a eliminação da inflação como fonte de financiamento, “principalmente para o próprio governo” e também para instituições financeiras.

“Poucas pessoas se dão conta, mas agora, com essa crise internacional, se fala muito da higidez das instituições financeiras brasileiras e se esquece de que isso teve um preço. Nós passamos por uma reestruturação muito forte do nosso setor financeiro. O real conseguiu controlar a inflação e tirou várias insuficiências do mercado”.

Mais de 55% das instituições que operavam nos mercados financeiro e de capitais foram extintas.“Foram mais de 400 instituições de diversos tamanhos, atuando em diversos segmentos, que foram fechadas como decorrência da implementação do real e, posteriormente, do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP)”, lembrou.

Essas medidas deram maior segurança aos investidores. Por outro lado, o Plano Real exigiu mais capital das instituições financeiras. Para o presidente da Andima, o mercado financeiro ficou mais eficiente. Ele acrescentou que foi também fundamental a imposição, no decorrer dos últimos 15 anos, de uma responsabilidade fiscal maior.

“O governo passou a não ter mais a inflação como fonte de financiamento. Com isso, você teve até, em um primeiro momento, aumento da relação da dívida pública com o Produto Interno Bruto (PIB) [quanto maior essa relação, menor a confiança de investidores na economia], que foi se ajustando depois. Hoje, a situação é bem diferenciada”, informou.

Sérgio Cutolo lembrou ainda que, em consequência do Plano Real, a negociação de títulos privados cresceu em relação aos títulos públicos e houve espaço para a redução da taxa de juros básica, a Selic.

“As melhorias foram imensas, principalmente para a população de baixa renda, que conseguiu aumentar o poder de compra efetivo, com a queda da inflação”.

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil. Edição: Tereza Barbosa.

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Em 15 anos de real, desafio é conter dívida pública diante da alta dos gastos federais

Brasília – Uma das principais responsáveis pela estabilidade da moeda em quase duas décadas, a dívida pública chega aos 15 anos do Plano Real sob o desafio de ser contida em meio à expansão dos gastos federais. Ao mesmo tempo em que precisa de dinheiro para honrar os compromissos, o governo afrouxa o esforço fiscal que impede a disparada da dívida líquida do setor público, atualmente em R$ 1,24 trilhão.

Para atenuar as consequências da crise econômica mundial sobre o país, o governo diminuiu o superávit primário em 2009. De 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB), a meta passou para 2,5%, o que liberou cerca de R$ 40 bilhões para o setor público – União, estados, municípios e estatais – gastarem a mais.

A equipe econômica também retirou os investimentos da Petrobras do cálculo do superávit. Dessa forma, a partir de 2010, a meta não retornará ao nível anterior. Será de 3,3% do PIB.

Ao anunciar a redução do superávit primário, em abril, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a dívida líquida do setor público deverá fechar 2009 em 39,4% do PIB, praticamente estável em relação aos 39,1% registrados em dezembro do ano passado. Para chegar a esse resultado, no entanto, o governo conta com a manutenção da taxa Selic, que mede os juros básicos da economia, nos menores níveis da história.

Um dos principais fatores de pressão sobre a dívida pública, a taxa Selic corrige quase 40% da dívida mobiliária (em títulos) interna. Atualmente em 9,25% ao ano, a Selic está pela primeira vez em um dígito. Por causa disso, as despesas com os juros da dívida caíram de R$ 71,7 bilhões, nos quatro primeiros meses de 2008, para R$ 65,4 bilhões de janeiro a abril deste ano.

As instituições financeiras não têm o mesmo otimismo do governo. Segundo o boletim Focus, pesquisa com analistas econômicos divulgada toda semana pelo Banco Central, a dívida líquida do setor público deverá encerrar 2009 em 39,95%.

O superávit primário é a economia de recursos para pagar os juros da dívida pública. O mecanismo foi instituído em 1998, por pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI) durante a crise da Rússia. Desde então, o setor público é obrigado a gastar menos do que arrecada, descontadas as despesas com os juros.

Por meio da dívida pública, o governo emite títulos e toma dinheiro emprestado dos investidores para fechar as contas, em vez de emitir dinheiro e impulsionar a inflação. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com juros, que podem ser definidos com antecedência ou atrelados ao câmbio, à inflação e à taxa Selic.

Em julho de 1994, mês de lançamento do Plano Real, a dívida líquida do setor público era de 32,8% do PIB. Em janeiro de 1999, esse indicador chegou a 47% do PIB, quase metade do que o país produz. A disparada ocorreu porque o governo emitiu títulos para enxugar parte dos recursos que entravam no país e impedir o ressurgimento da inflação.

Na eleição presidencial de 2002, a dívida chegou a 56% do PIB, mas diminuiu gradualmente até encerrar o ano passado em 39,1% do PIB. Essa redução foi possível por causa do esforço fiscal do governo na última década. Com o superávit primário, o governo abateu parte dos juros e impediu a disparada da dívida.

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil. Edição: Talita Cavalcante.

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Câmbio é marcado por volatilidade em 15 anos de Plano Real

Brasília – Ao longo de 15 anos de existência, o real foi uma moeda de extremos. Mais forte do que o próprio dólar nos meses seguintes ao lançamento do Plano Real, a cotação da moeda brasileira chegou a ultrapassar R$ 4 às vésperas das eleições presidenciais de 2002.

Atualmente em R$ 1,96, segundo a cotação de ontem (30), o real atravessa mais um período de volatilidade. Desde o início da crise econômica, em meados do ano passado, a moeda brasileira chegou a se desvalorizar 35%, saindo de cerca de R$ 1,60 em agosto para R$ 2,42 em 3 de março, a maior oscilação entre todas as moedas da América Latina, segundo levantamento da consultoria Economatica.

Nos dois últimos meses, no entanto, o real ganhou força e o dólar voltou a ficar abaixo de R$ 2. No ano, a moeda brasileira acumula valorização de 15,9%. Foi o segundo melhor desempenho em todo o mundo, só perdendo para o rand sul-africano, que se valorizou 17%.

Tamanha variação não é novidade para a moeda brasileira. Lançado em paridade com o dólar, com a cotação de um para um, o real enfrentou altos e baixos desde sua criação. Sobreviveu a ataques especulativos e a mudanças no regime cambial.

O ponto mais alto da moeda brasileira ocorreu em 14 de outubro de 1994, quando o dólar valia R$ 0,82. Na época, o governo permitiu que o real ficasse mais forte do que a moeda norte-americana para estimular as importações e impedir o reaparecimento da inflação.

Os primeiros anos do real foram marcados pela âncora cambial, em que a cotação do dólar era controlada para conter a inflação. Para manter o câmbio próximo de R$ 1, o Banco Central aumentava as reservas internacionais em caso de entrada maciça de divisas e queimava esses recursos em momentos de crise e fuga de capital.

A estratégia deu certo até janeiro de 1999, quando o governo liberou o câmbio em meio a uma onda de ataque especulativo que atingiu o país, depois de afetar a Rússia e o Leste Asiático. De R$ 1,20, o dólar subiu até ultrapassar a barreira de R$ 2 pela primeira vez em 23 de fevereiro daquele ano. No final de 2001, durante o racionamento de energia e o início da crise na Argentina, a cotação beirou R$ 2,80.

O real chegou ao fundo do poço no final de 2002. Em 22 de outubro daquele ano, a cotação do dólar fechou em R$ 3,95, depois de ultrapassar R$ 4 durante o dia. O temor dos investidores internacionais com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a moeda nacional atingir o menor valor da história.

Em 2003, o real iniciou uma trajetória de recuperação, com o dólar encerrando o ano a R$ 2,88. Com eventuais oscilações, a valorização continuou. Em 15 de maio de 2007, a cotação ficou abaixo de R$ 2 pela primeira vez desde 2001.De 2003 a 2008, o real valorizou-se 126%. Esse desempenho fez o investidor internacional Warren Buffett, segundo homem mais rico do mundo, admitir que aplicava no real desde 2002. Somente em 2007, quando o dólar recuou 17,3% em relação à moeda brasileira, Buffett lucrou US$ 2,3 bilhões.

A queda da moeda norte-americana perdurou até que, em 1º de agosto do ano passado, o dólar atingiu R$ 1,55, o menor valor em nove anos, antes de subir novamente com a crise atual.

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil. Edição: Juliana Andrade.

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Inflação oficial soma 244% em 15 anos de Plano Real

Brasília – Vendida a R$ 67,40 em julho de 1994 na capital paulista, a cesta básica hoje sai por R$ 227,36. Há 15 anos, consumir 6 quilos (kg) de pão por mês custava R$ 2,02 no Rio de Janeiro. Atualmente, a mesma quantidade sai por R$ 6,17. De R$ 0,43 também em julho de 1994, a cesta mensal de 12 kg de tomate saltou para R$ 2,43 em Recife. A moeda que nasceu para estabilizar a economia também sente o peso de inflação.

Desde o lançamento do real até hoje (1º), quando o plano econômico completa 15 anos, a inflação acumulada é de 244,86%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial. Pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), a alta nos preços foi ainda maior: 306,4%.

Longe de representar hiperinflação, quando os índices chegaram a atingir 80% ao mês até superarem os 1000% anuais no início da década de 90, a inflação acumulada nos últimos 15 anos é muito mais reflexo de oscilações momentâneas do que resultado da perda de poder de compra do dinheiro. Isso porque as perdas ao longo dos anos foram, na maioria das vezes, compensadas com aumento nos salários.

Essas reposições beneficiaram as classes mais baixas. O salário mínimo, que era de R$ 196,63 em julho de 2004, hoje está em R$ 465. Para 2010, o governo propõe, no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, o valor de R$ 506,50. “Em termos reais, mesmo descontada a inflação, o mínimo dobrou de valor nos últimos 15 anos”, afirma o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros,

Diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio afirma que, salvo em momentos de crise aguda e desemprego elevado, como em 1999 e 2003, os trabalhadores têm conseguido repor as perdas com a inflação ao longo do Plano Real. “Nos últimos anos, com o crescimento da economia, as negociações salariais foram ainda mais favoráveis”, destaca.

Coordenadora institucional do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais, Maria do Céu Kupidlowski diz que, apesar de alguns momentos de disparada, os preços dos gêneros de primeira necessidade estão relativamente constantes nos últimos 15 anos: “Os alimentos, por exemplo, estão mais ou menos estabilizados desde o Plano Real. O abastecimento está garantido e não é mais preciso estocar comida”.

As estatísticas mostram que a inflação para os alimentos está abaixo da média. De acordo com o IPCA, os preços do grupo alimentação subiram 197,57% desde julho de 1994. No caso do IGP-M, a alta foi de 173%.

Segundo a coordenadora do Movimento das Donas de Casa, o maior vilão do Plano Real foram os preços administrados, como tarifas de telefones e de energia, que agravam a inadimplência. “As tarifas públicas oneraram demais o consumidor após as privatizações. Hoje todo mundo tem telefone, mas poucos pagam em dia”.

De acordo com o IPCA, os preços administrados subiram acima da inflação média ao longo do Plano Real. No grupo comunicação, o reajuste acumulado em 15 anos é de 679,18%, o que representa preços quase oito vezes mais altos. O preço dos combustíveis domésticos, como gás de cozinha, saltou 695,95%.

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil. Edição: Tereza Barbosa.

NOTÍCIAS COLHIDAS NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.

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