fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 18:20 Sem categoria

Movimentos sociais homenageiam trabalhador que morreu lutando pela democracia

30 anos sem Santo Dias

Na Alesp, movimentos sociais homenageiam trabalhador que morreu lutando pela democracia

Nesta terça-feira (27), a partir das 18h30, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) promove uma homenagem no auditório Franco Montoro para relembrar a trajetória de Santo Dias, um dos milhares de trabalhadores que ajudaram a fortalecer a luta pela redemocratização do país.

A atividade que conta com apoio da Central Única dos Trabalhadores e de diversas outras entidades dos movimentos sociais, é organizada pela liderança do PT na Alesp e pelo Centro Santo Dias de Direitos Humanos.

Dias atuou nas décadas de 1970 e 1980, período em que o Brasil enfrentava constantes ataques do governo militar à liberdade de expressão.

À época, muitos sindicatos comandados por pessoas que não representavam os anseios da classe trabalhadora observavam o crescimento de lideranças interessadas em organizar uma nova estrutura sindical, a partir das comissões formadas nas fábricas.

Covardia
Santo Dias era uma dessas lideranças. Na tarde do dia 30 de outubro, em um período de inflação estratosférica, os metalúrgicos de São Paulo entravam no terceiro dia de paralisação por 83% de aumento salarial. Mesmo sem apoio do sindicato, Dias comandava a oposição dentro da entidade e enfrentava a repressão.

Após a invasão dos militares às subsedes do sindicato, a fatia mobilizada da categoria passou a se reunir na Capela do Socorro, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. Foi de lá que Santo Dias partiu para participar de um piquete diante da fábrica Sylvânia, também na região sul da cidade.

Por volta das 14h, em ação desastrosa da polícia militar para tentar reprimir a distribuição de panfletos, ele foi atingido pelas costas pelo PM Herculano Leonel. Além da companheira de luta, Ana Maria, e de dois filhos, deixou um exemplo de luta ao movimento sindical e aos movimentos sociais.

Trajetória
Tal qual um certo outro metalúrgicos que chegou à presidência da República, Santo Dias também carregava o sobrenome Silva. Da mesma forma que Lula, deixou o interior para tentar a sorte na cidade grande.

Porém, ao contrário do presidente, não migrou do nordeste, mas sim do interior de São Paulo. Deixou o município de Terra Roxa, na região de Ribeirão Preto, onde trabalhava na roça. Sua participação em um movimento por melhores condições de trabalho na Fazenda Guanabara fez com que a família fosse expulsa da colônia onde morava.

Enquanto os parentes resolveram permanecer no campo, Dias seguiu para a capital paulista, onde começou a trabalhar como metalúrgico na empresa Metal Leve.

Para Waldemar Rossi, que conheceu Santo Dias na Pastoral Operária, no início da década de 1970, as dificuldades na infância influenciaram o espírito combativo do companheiro. “Como sentiu a injustiça na carne desde pequeno, ele adquiriu consciência sobre a necessidade de lutar por seus direitos desde pequeno. Era muito firme, combativo, mas também sabia dialogar e fazer contato com a base”, descreve.

Rossi lembra que Santo Dias participava ativamente da confecção dos impressos distribuídos das formas mais criativas. “Nos anos de repressão mais dura, do governo Médici, entre 1969 e 1974, convocávamos os companheiros para as assembleias pendurando boletins nos ganchos de ferro fixados nas grades próximas às fábricas”, conta.

Assessor da ADS (Agência de Desenvolvimento Solidário) e também ex-membro da oposição dos metalúrgicos de São Paulo, Nelson Sakamoto, reforça a competência de Dias para liderar. “O movimento sindical perdeu uma das pessoas mais capacitadas para unificar os diferentes grupos políticos na luta por melhores condições de trabalho. Ele foi um dos responsáveis por termos comissões de fábrica praticamente em toda as empresas, num período em que não podíamos aparecer, seja pelo sindicato, que nos entregava para a polícia, seja pela ditadura”, destaca.

Em comparação ao período em que atuava no sindicato, Sakamoto aponta que a principal função dos atuais líderes sindicais é pensar além do ambiente de trabalho. “A luta não se esgota mais no plano salarial. Hoje, a organização na fábrica não pode deixar de pensar um novo modelo global de sociedade”, acredita.

Por Luiz Carvalho.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cut.org.br.

Close