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Conferência mostra experiências bem-sucedidas de economia solidária

Brasília – Experiências de sucesso de economia solidária de vários estados estão sendo apresentadas na 2ª Conferência Nacional de Economia Solidária, que discute políticas para inserir a produção do setor no mercado da economia e para respaldar os profissionais da área. O encontro termina hoje (18).

Um dos exemplos de empreendimento de sucesso é a Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens). Fundada em 1996, em Porto Alegre, a Univens tem como meta abrir espaço para mulheres com dificuldade de se inserir no mercado de trabalho formal. O grupo confecciona camisetas e uniformes escolares e profissionais, agregados ao serviço de serigrafia. A cooperativa fez, inclusive, as camisetas usadas pelos conferencistas no encontro.

A Univens também produz peças para a Justa Trama, cuja marca tem por característica o uso de fibras ecológicas em seus produtos. São peças orgânicas, livre de agrotóxicos e de tingimento.

Segundo a costureira Rosa Elaine de 38 anos, da Univens, o trabalho feito pela cooperativa é uma maneira de participar do mercado e de gerar renda para a população de baixa renda. “Nós vendemos ao público que aprecia nosso produto a partir de uma cadeia justa, além de ajudarmos o desenvolvimento da população mais pobre”, diz Rosa Elaine.

“Apesar de ainda ser pequena a produção, pretendemos expandir e competir com grandes empresas”, acrescenta a costureira.

De acordo com Rosa Elaine, o projeto “abraça” produtores do Brasil inteiro, gerando oportunidades de crescimento e de geração de emprego: “É gratificante perceber que as redes têm atuado de Norte a Sul do Brasil, aumentando a produtividade e pensando em medidas ecológicas”, conclui.

Uma associação de agricultores que atua em áreas de assentamento no Maranhão também apresentou seu trabalho na conferência. O grupo planta arroz, feijão e milho, mas tem como prioridade a produção do babaçu. Atualmente, além de ser usado na fabricação de xampus e cremes para a pele, o babaçu tem a casca aproveitada para produzir energia.

O mesocarpo (polpa do babaçu, rica em glicerina, ácido fosfórico e ecolina) é usado para mistura na alimentação dos estudantes da região atendida pelo projeto.

O coordenador executivo do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, Valdener Miranda, explica que o projeto, além de gerar grande aproveitamento do babaçu, trabalha com o conceito de economia solidária contemplando várias famílias. Segundo ele, a economia solidária do projeto do babaçu atende hoje, no estado 1.800 famílias.

“Temos mostrado esse novo modo de crescimento econômico no país, fazendo com que a população como um todo passe a enxergar a importância de produzir com sustentabilidade e divisão igualitária dos lucros para os produtores”, ressalta Valdener.

A expectativa de entidades como a cooperativa gaúcha e o projeto maranhense ao final da conferência é a de breve aprovação do projeto de lei que assegura a atuação dos produtores que trabalham com o conceito de economia solidária, aumentando sua expansão e representatividade no mercado brasileiro.

Por Agência Brasil. Edição: Nádia Franco.

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Moedas sociais substituem real em cinco comunidades paulistas

São Paulo – Apuanãs, freires, sampaios, vistas lindas ou moradias em ação. Em algumas comunidades dentro de São Paulo, a moeda preferencial deixou de ser o real.

No Jardim Maria Sampaio, na zona sul da capital, a moeda que circula desde setembro do ano passado é o sampaio. No Jardim Filhos da Terra, na zona norte, os comerciantes passaram a aceitar os apuanãs. Junto com os freires (do Jardim Inácio Monteiro, na zona leste), os vistas lindas (do Jardim Donária, na zona oeste) e os moradias em ação (do Jardim São Luiz, na zona sul), o sampaio e o apuanã compõem as cinco moedas sociais aceitas pelo comércio de São Paulo desde meados do ano passado.

Em todo o Brasil, existem atualmente 51 moedas sociais. Elas não substituem o real – a ideia é que funcionem de modo complementar à moeda nacional, mas desenvolvendo as economias locais. Para isso, é preciso que tenham lastro em real, ou seja, para cada uma das moedas sociais usadas, deve-se ter “guardada” uma moeda em real.

Reconhecidas pelo Banco Central, as moedas sociais só podem existir em comunidades que tenham uma forte associação de moradores.

Elas podem ser vinculadas a pelo menos duas estratégias: aos clubes de trocas ou aos bancos comunitários. “A ideia é trazer de volta a moeda como um instrumento de troca, potencializando sua circulação e reduzindo a ideia de acumulação”, explicou a psicóloga Juliana de Oliveira Barros Braz, doutoranda em psicologia social e pesquisadora do Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo (USP).

“A idéia é que as pessoas comprem e façam circular essa moeda porque acumular [a moeda social] não tem muito sentido”, afirmou Juliana, em entrevista à Agência Brasil. “É um estímulo ao consumo local, no próprio bairro, um estímulo ao desenvolvimento econômico na comunidade.” Segundo a psicológa, o sistema tem ainda uma função de identidade, ou seja, faz com que as pessoas consumam no bairro onde moram, usando uma moeda que tem o nome do bairro.

Para estimular a população a usar a moeda social, os comerciantes apelam para os descontos. Com isso, o dinheiro passa a ficar na própria comunidade. “Os bairros não são pobres. As pessoas é que perdem a poupança quando consomem fora dele. Quanto mais dinheiro ficar na comunidade, mais ele vai circular internamente e mais riqueza vai gerando. Quanto mais vezes ele passar de mão em mão, mais se estará gerando valor e riqueza”, disse a pesquisadora.

Além dos descontos, para fazer crescer o uso dessas moedas são realizados mapeamentos de consumo e produção para avaliar a necessidade dos consumidores e se há produção suficiente na comunidade para atendê-los.

A comunidade também se organiza em fóruns para discutir questões como os juros e as diretrizes dos bancos comunitários na concessão do crédito. “Não estamos preocupados se você tem o nome sujo no SPC [Serviço de Proteção ao Crédito], na Serasa [Centralização dos Serviços Bancários S/A], se está em atraso com as prestações de uma loja. Isso não seria motivo para a pessoa não obter crédito. A forma de concessão é o aval da própria comunidade”, explicou,

O primeiro banco comunitário brasileiro foi o Banco Palmas, que surgiu em 1998 no Conjunto Palmeira, bairro da periferia de Fortaleza. Em 2003, a comunidade se organizou e criou o Instituto Palmas, que hoje serve de apoio para o surgimento de outros bancos comunitários. A expectativa para os próximos dois anos, segundo Juliana, é de que sejam criados mais 100 bancos comunitários em todo o Brasil.

Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil. Edição: Nádia Franco.

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Feira da Agricultura Familiar reúne 650 expositores em Brasília

Brasília – Artesanato, alimentos e roupas fabricados por empreendedores familiares, além de atividades culturais, são os atrativos oferecidos aos visitantes da 7ª Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária – Brasil Rural Contemporâneo. Aberta na última quinta-feira (16), a feira vai até amanhã (20), na Concha Acústica, à beira do Lago Paranoá, em Brasília, e tem entrada franca.

Ao todo, são cerca de 650 empreendimentos familiares e 550 toneladas de produtos de todas as regiões do país. Segundo os expositores, a feira é uma oportunidade de aumentar as vendas e divulgar seus produtos. Paulo Rodrigues da Silva, que há 30 anos trabalha na fabricação de peças artesanais de Mestre Vitalino, em Caruaru, interior de Pernambuco conta as vantagens de estar na feira.

“Nessas feiras as vendas dobram. Também vêm pessoas que entram em contato com a gente depois pedindo muitos artigos por encomenda”, afirmou. Segundo ele, que trabalha com a esposa e seus quatro filhos, além da capital Recife, o empreendimento já conta com clientes regulares nos estados do Rio de Janeiro e Paraná. A família confecciona 1,5 mil artigos de Mestre Vitalino por mês.

Artur Lima, assentado da Reforma Agrária em Campina Verde, no Triângulo Mineiro, está na feira vendendo farinha feita da mandioca que planta em 4 hectares dos 19 hectares de seu sítio. Segundo ele, que trabalha com a mulher e mais três filhos, a família não consegue atender a todos os pedidos, que já vieram até de uma empresa canadense.

“Não faço contrato porque não consigo cumprir com a quantidade que produzimos. Eu quero comprar um forno maior para aumentar bem a produção e crescer”, afirmou Lima, que em 2008 ganhou o prêmio de melhor farinha de mandioca de sua região.

Outro vendedor é o “Seu Alvino”, como é conhecido em Alta Floresta, em Mato Grosso. Presidente da Cooperativa Castanha do Brasil ou Castanha do Pará, que conta com cerca de 35 trabalhadores e 150 catadores e fornecedores de castanha, ele diz ser pioneiro na técnica de saborização do produto sem uso de aditivos químicos. O empreendedor reclama, no entanto, da falta de apoio para sua atividade.

“Estamos entre dois vales muito férteis onde dá para desenvolver o extrativismo consciente, desde que nos ajudem”, disse Alvino, que começou nessa atividade há cinco anos, “quando houve uma reviravolta e foi necessário criar emprego para quem trabalhava no desmatamento, que era forte na região”.

Além do sabor natural, ele oferece castanhas sabor alho, orégano, defumada, cebola e picante, entre outras.

Além da entrada franca, também está sendo oferecido transporte gratuito para a feira partindo da Rodoviária do Plano Piloto de Brasília a cada 15 minutos, inclusive no horário dos shows, à noite. O evento é promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Por Danilo Macedo – Repórter da Agência Brasil. Edição: Rivadavia Severo.

NOTÍCIAS COLHIDAS NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.

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