Não resta dúvida que 2010 foi um ano intenso. Logo nos primeiros meses o país reafirmava sua sólida economia e anunciava a superação dos efeitos da crise financeira internacional. Por outro lado, a rejeição pela Assembleia Legislativa da Proposta de Emenda à Constituição Estadual que estabelecia uma política permanente de reajuste do piso regional era um prenúncio de que o Paraná não seguiria o mesmo rumo que o país.
Ainda no começo do ano acompanhamos a luta dos trabalhadores vigilantes e dos guardas municipais de Curitiba, que cruzavam os braços para reivindicar condições mais dignas de trabalho e vida. Nesse período também vimos o Partido dos Trabalhadores completar 30 anos de fundação, comemorando os ótimos resultados econômicos e sociais do projeto popular para o Brasil, capitaneado pelo presidente Lula.
Logo depois, em meados de março, estourou os escândalos da Assembleia Legislativa, trazendo à tona um grande esquema de corrupção que já era conhecido: os atos secretos e a contratação de milhares de funcionários fantasmas, em sua maioria laranjas que embolsavam migalhas e repassavam o que recebiam clandestinamente para contas vinculadas a parlamentares. Tomamos as ruas em todo estado para pedir a punição dos envolvidos e transparência na Casa de Leis. Apesar da expressiva mobilização e indignação da sociedade, pouca coisa mudou na Assembleia.
Lamentamos os tremores que avassalaram o Haiti e nos solidarizamos com aquele povo tão castigado, seja pelas tragédias naturais ou ainda por governos corruptos e autoritários.
Mobilizamos e organizamos a luta dos 20 mil trabalhadores no maior canteiro de obras do país: a ampliação e manutenção da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, a Repar, em Araucária, obra do Programa de Aceleração do Crescimento [PAC].
Como todo bom brasileiro, paramos em determinados dias de junho para acompanhar a Seleção Brasileira de Futebol na primeira Copa do Mundo na África. Pena que nossos representantes com a bola no pé não corresponderam as expectativas e voltaram para casa com um vergonhoso sexto lugar.
Passado o Mundial de Futebol, a política tomava o centro das atenções. Observamos o prefeito de Curitiba desonrar sua palavra e renunciar ao cargo para concorrer ao Governo do Estado. Enquanto tentávamos compor uma forte aliança para evitar o retrocesso, os tucanos já faziam campanha, percorrendo o estado.
Apoiamos os trabalhadores bancários na maior greve dos últimos 20 anos e comemoramos a vitória conquistada na luta dessa brava categoria.
No cenário político nacional, vivemos uma campanha eleitoral com foco em temas não prioritários ao país. A direita mostrou sua faceta discriminatória e pautou a campanha por temas ao mesmo tempo polêmicos e secundários. A discussão de projetos, essencial para comparar os candidatos em disputa, ficava em segundo plano, dando lugar a baixaria.
No Paraná não conseguimos evitar o retorno ao poder daqueles que privatizaram o patrimônio do povo e colocaram nosso estado a serviço das multinacionais e do capital especulativo.
Fomos para o segundo turno na eleição presidencial com a convicção do que era melhor para o país e na raça e na força de nossa militância elegemos Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil.
Terminamos o ano sabendo que temos grandes desafios pela frente. Se no futuro muito próximo a conjuntura nacional nos continua favorável, mas vale lembrar que a disputa continuará. O cenário estadual é dos mais preocupantes. Teremos muito pelo que lutar, para o bem do nosso querido Estado do Paraná.
Que as festas de fim de ano possam renovar nossas energias para que 2011 seja repleto de conquistas!
Por Roni Brabosa, que é trabalhador petroleiro e presidente da CUT-PR.