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Brasil remete 70 bilhões de dólares em 2010

Déficit em transações correntes atinge 2,28% do PIB em 2010

47 bilhões, 517 milhões e 739 mil dólares

Há certas coisas que, infelizmente, não ajudam o país a avançar – e avançar é superar as dificuldades que enfrentamos, as imediatamente atuais (isto é, “conjunturais”) e as históricas (“estruturais”), que frequentemente parecem as mesmas, o que é sinal de que ultrapassá-las passou a ser uma questão urgente.

O espírito – é mais isso do que uma ideia – de que o resultado das contas externas (o balanço de pagamentos, em especial as transações correntes) de 2010 foi bom, até merece ser comemorado, ou, pelo menos, foi melhor do que o esperado, é uma dessas coisas que não nos ajudam. Só serve para que não enfrentemos os problemas que temos toda a condição de superar.

Com todas as conquistas dos últimos oito anos – que não devem e não podem ser subestimadas – nós ainda somos um país composto por pobres, e, em boa parte, por miseráveis. Como classificar de outra forma um país que tem quase 50 milhões de pessoas ganhando até R$ 510?

Pois este país enviou para o exterior, em 2010, nada menos do que 70 bilhões, 629 milhões e 667 mil dólares – a maior parte, lucros das filiais de multinacionais.

Um economista do tipo almofadinha, desses que voejam em certas consultorias – e, às vezes, em certas repartições governamentais – diria que uma coisa nada tem a ver com a outra, ou que o importante é o emprego que as multinacionais proporcionam.

Não é verdade. O emprego proporcionado pelas filiais de multinacionais, segundo o próprio Censo de Capitais Estrangeiros do Banco Central, é ridiculamente pequeno em relação à força de trabalho do país – e as conversas sobre supostos “empregos indiretos” são somente isso, conversas com um grau de subjetividade muito interessada.

Da mesma forma, essas filiais fizeram as importações chegarem à alucinada cifra de 181 bilhões, 648 milhões e 675 mil dólares durante o ano passado. Isso, num país que necessita desesperadamente de empregos industriais – e de que esses empregos sejam decentemente remunerados. No entanto, as importações de componentes para as multinacionais, que foram 46% do valor total das importações, constituem, na prática, uma exportação de empregos para fora do país.

Com isso, o déficit em conta corrente (ou transações correntes) foi para 47 bilhões, 517 milhões e 739 mil dólares – o que significa 2,28% do PIB, ou seja, é equivalente a 2,28% do valor de todos os serviços e mercadorias produzidos no Brasil durante o ano passado.

Algumas autoridades, basicamente alocadas no Ministério da Fazenda, acham que isso é “sustentável” – segundo sua teoria, o país só quebra quando esse déficit chega a 4% do PIB… Portanto, podemos continuar cobrindo esse déficit na conta corrente com o resultado da outra conta do balanço de pagamentos, a conta capital e financeira – em outras palavras, com dinheiro estrangeiro.

Os mesmos economistas e portadores de MBA’s (o leitor já deve ter ouvido falar nesse título acadêmico, bem característico das pantominas neoliberais) apontam, como uma grande vantagem, que em 2010 o deficit foi inteiramente coberto pelas entradas de “investimento direto estrangeiro (IDE), que foram de 48 bilhões, 461 milhões e 574 mil dólares, número atingido graças à compra, pelos chineses, de 40% do campo de petróleo de Peregrino, na bacia de Campos, da norueguesa Statoil, e também 40% da filial da espanhola Repsol. Ou seja, graças a dinheiro chinês que entrou no Brasil para pagar a uma empresa norueguesa, e a outra, espanhola…

Em suma, esses elementos acham uma grande vantagem que o déficit tenha sido coberto com a desnacionalização de parte da economia (em bom português: com a entrega de mais uma parcela da economia nacional a estrangeiros) e com transações entre empresas externas instaladas no país.

De nossa parte, não estamos animados com tais vantagens – e menos ainda com a perspectiva de que isso continue: não apenas porque uma economia desnacionalizada é um freio para o crescimento, mas porque isso só vai servir, dentro em breve, para piorar a situação das contas externas, aumentando o déficit com mais importações e mais remessas de lucros.

Assim, cobre-se o rombo de hoje, simplesmente, aumentando o de amanhã. E nem o cândido sr. Mantega repete mais que dentro em breve seremos salvos pelos EUA e demais países centrais, que aumentarão suas importações de nossos produtos – se depender da economia americana, estamos fritos. E nem é preciso falar da economia europeia ou japonesa.

Enquanto isso, com a moeda norte-americana desvalorizada pelas superemissões dos EUA, entraram no país 181 bilhões, 234 milhões e 74 mil dólares meramente especulativos. E, antes que algum janota diga que isso é o preço do sucesso, que temos uma moeda forte, que estamos atraindo capital externo, etc., esclarecemos que somente em lucros especulativos esse tipo de invasão retirou do país 113 bilhões, 439 milhões e 87 mil dólares em 2010, portanto, 1,6 vezes a soma do que foi remetido pelas filiais de multinacionais, mais o que foi gasto com viagens ao exterior, e mais outras despesas menores (V. Quadro XXVII da “Nota sobre o setor externo” do BC).

O saldo (US$ 67,79 bilhões) que ficou aqui desses “investimentos estrangeiros em carteira”, somente serve para aumentar a pororoca de lucros parasitários, isto é, para tirar mais recursos daqui em tempo muito curto.

Evidentemente, com juros que são várias vezes àqueles dos EUA e demais países centrais, e com o câmbio sem nenhum controle – exceto o dos especuladores -, o que se poderia esperar?

O Banco Central divulgou o que está esperando para este ano, se as coisas continuarem do mesmo jeito, o que sempre é a hipótese do BC: aumento do déficit em conta corrente para US$ 64 bilhões.

O funcionário do BC que anunciou os números do balanço de 2010 disse algo intrigante: que o déficit “não é absurdo”, entre outras coisas porque as filiais de empresas brasileiras no exterior também remeteram dinheiro para suas matrizes, isto é, para dentro do Brasil.

Ficamos tão curiosos que fomos ver quais foram e de onde vieram essas remessas do exterior para o país.

O país de onde mais houve “retornos de investimentos brasileiros diretos” para o Brasil em 2010 foram as Ilhas Cayman (US$ 29,45 milhões). O segundo país de onde mais vieram esses retornos foram as Bahamas (US$ 27,6 milhões). O terceiro foram os EUA (US$ 14,7 milhões). E o quarto foram as Ilhas Virgens Britânicas (US$ 6,7 milhões).

Desses três bordéis fiscais e dos EUA vieram 78,7% dos “retornos de investimentos brasileiros diretos”, isto é, US$ 78,5 milhões de um total de US$ 99,8 milhões.

Enquanto isso, remetemos para fora US$ 70,63 bilhões.

Por CARLOS LOPES.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.horadopovo.com.br.

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Déficit em transações correntes chega a US$ 47,5 bilhões em 2010

Brasília – O saldo em transações correntes do Brasil foi negativo em US$ 3,493 bilhões em dezembro de 2010, informou hoje (25) o Banco Central. No acumulado do ano, o déficit em transações correntes chegou a US$ 47,518 bilhões, o equivalente a 2,28% do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado é o maior da série histórica em termos nominais. O déficit do ano passado é praticamente o dobro do registrado nos doze meses de 2009 (US$ 24,3 bilhões ou 1,52% do PIB).

Em dezembro, informou ainda o BC, a conta financeira apresentou ingresso líquido de US$ 6,4 bilhões, com destaque para os investimentos estrangeiros diretos, com US$ 15,364 bilhões, elevando o saldo acumulado no ano para US$ 48,462 bilhões, o maior resultado nominal da série histórica. O valor representa 2,33% do PIB.

Com o resultado, o balanço de pagamentos do país, registrou superávit de US$ 2,8 bilhões, em dezembro, e de US$ 49,101 bilhões em todo o ano de 2010.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o déficit de 2,28% do PIB “não é nenhum absurdo” e lembrou do déficit de 2001, que foi de 4,19%. “Não é nenhum absurdo quando se compara o resultado de transações com o PIB, o que se vê é que é um número bastante acomodado na série histórica”, disse.

Segundo ele, o ponto mais importante no balanço de pagamentos é que o déficit foi completamente financiado pelos investimentos estrangeiros diretos. “Dos US$ 47,518 bilhões do déficit do ano, US$ 48,462 bilhões nós tivemos em investimentos diretos. Portanto, foi suficiente para financiar todo esse déficit”, afirmou.

Por Daniel Lima – Repórter da Agência Brasil. Edição: Lílian Beraldo.

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Investimentos estrangeiros diretos atingem recorde de US$ 48,4 bilhões em 2010

Brasília – Os investimentos estrangeiros diretos (IED), que somaram US$ 48,462 bilhões em 2010, o maior resultado nominal da série histórica, iniciada em 1947, foram suficientes para cobrir o déficit em transações correntes de US$ 47,518 bilhões do ano. Só em dezembro, segundo o Banco Central, a conta financeira apresentou ingresso líquido de US$ 6,4 bilhões, com destaque para os investimentos estrangeiros diretos de US$ 15,364 bilhões, também o maior da série histórica para meses de dezembro.

Parte desse resultado se deve a algumas operações esperadas para o início de 2011, mas que terminaram se materializando em 2010. Desses US$ 15,364 bilhões, aproximadamente US$ 7,1 bilhões fazem parte da venda do capital da empresa de petróleo Rapsol para a chinesa Sinopec, confirmou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.

“Essa operação trouxe um montante expressivo de recursos. Mesmo excluindo essa operação, há ainda um montante significativo de investimentos estrangeiros diretos que durante o ano fluiu bem”, disse.

Outros setores que contribuíram para a elevação dos investimentos estrangeiros diretos foram o extrativo mineral, no valor de US$ 1 bilhão, e a metalurgia, com US$ 1 bilhão.

“Temos alguma concentração, ao longo do ano, em petróleo e gás, petroquímicos e extração de minerais metálicos, mas o restante está muito difuso setorialmente”, enfatizou Altamir Lopes.

Ele destacou que a expectativa do BC era de um volume de US$ 38 bilhões em investimentos estrangeiros diretos. Os números, entretanto, ficaram US$ 10 bilhões acima dessa estimativa.

Para 2011, a expectativa é que o investimento estrangeiro direto some US$ 45 bilhões com um déficit em transações correntes de US$ 64 bilhões. A estimativa para janeiro é que o IED feche em US$ 2 bilhões e o déficit em transações correntes em US$ 5,5 bilhões.

Altamir Lopes anunciou ainda que a entrada de moeda estrangeiros no país continua significativa em 2011. Segundo o balanço divulgado por ele, o fluxo cambial até o dia 21 estava positivo em US$ 9,2 bilhões.

Por Daniel Lima – Repórter da Agência Brasil. Edição: Lílian Beraldo.

NOTÍCIAS COLHIDAS NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.

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