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Confusão Carrefour-Pão de Açúcar atenta contra o interesse público

O anúncio de fusão entre o Pão de Açúcar e o grupo francês Carrefour no Brasil tem um “detalhe” fundamental e escabroso: a injeção de uma montanha de recursos públicos, por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), através da BNDESPar. Sob a alegação da hipotética criação de um “campeão nacional”, o BNDES – financiado em boa parte com dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) – entrará com até R$ 4,5 bilhões.

Como conselheiro do FAT, indicado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) para defender os interesses maiores da classe e da sociedade brasileira, não há como deixar de expressar a nossa mais ferrenha oposição à utilização de recursos do BNDES nestas mais do que nebulosas operações privadas.

Afinal, além de não condizer minimamente com os princípios do FAT, tal fusão é um verdadeiro atentado ao bom senso. Não é papel de instituições públicas, bancadas pelo suado dinheiro dos trabalhadores, fomentar o desemprego, o arrocho de salários e o fim da concorrência, que prejudicaria a todos com a prática de preços monopolistas.

Nosso compromisso como conselheiro do FAT é zelar pelo interesse do trabalhador e buscar com que os recursos ali arregimentados sejam utilizados para promover o desenvolvimento do nosso mercado interno, nunca negócios – nem negociatas – bilionárias como a que está em pauta na “fusão” do Pão de Açúcar com o Carrefour.

Enquanto a economia solidária, micro e pequenos empresários encontram imensas dificuldades para se manter, afogados pelas mais altas taxas de juros do mundo e por condições de crédito mais do que desfavoráveis – especialmente após o último arrocho dado pela equipe econômica – as torneiras do BNDES se abrem generosas para os dois gigantes. O que está em jogo é a formação de uma mega-empresa que dominará quase um terço do varejo no Brasil num setor que movimentou R$ 201,6 bilhões no ano passado. Deste “mercado”, o Pão de Açúcar respondeu por 17,9% das vendas (considerando Casas Bahia e Ponto Frio), seguido pelo Carrefour, com 14,4%.

O mais absurdo de tudo é que com todo esse volume de dinheiro público, o Pão de Açúcar nada será além de uma companhia francesa, desmentindo o argumento fantasioso de que estaria em curso uma “internacionalização de grupos nacionais”. Cambaleando na França, onde projeta uma queda de 35% em seu resultado operacional, com as vendas descendo a ladeira em função da crise que assola aquele país e a Europa, o Carrefour busca tão somente mercado. Seu faturamento anual, que alcança 12,4 bilhões de euros no Brasil – incluindo a rede Dia -, passaria para 30 bilhões de euros uma vez concretizada a fusão.

A questão de fundo a ser debatida pela sociedade é se queremos dar um cheque em branco a uma concentração predatória, que vitaminará um monstruoso monopólio no setor varejista ou se queremos um modelo de desenvolvimento que combata as desigualdades regionais, promova as economias locais, as micro e pequenas empresas, justamente as que seriam tremendamente prejudicadas – e sufocadas – caso seja consumado este verdadeiro atentado ao interesse público.

Por Quintino Severo, que é secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores

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CUT critica uso de recursos do BNDES para financiar fusão Pão de Açúcar e Carrefour

Em nota oficial, Central questiona: quem ganha com isso e qual o benefício para a sociedade?

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) é contra a utilização de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em operações de fusão de empresas do setor privado. É preciso ficar claro, de uma vez por todas, que não é papel do BNDES patrocinar negócios bilionários como o que vem sendo discutido entre os grupos varejistas Pão de Açúcar e Carrefour. Quem ganha com isso? Qual o beneficio para a sociedade? Essa concentração em verdadeiros monopólios não vai fazer com que os preços aos consumidores sejam cada vez mais elevados?

Alem disso, independentemente de se usar ou não recursos do BNDES, os trabalhadores precisam ser ouvidos sobre qualquer proposta de fusão. É preciso ter garantia de emprego, de ambiente e condições dignas de trabalho, de saúde e segurança.

O BNDES, financiado, em parte, com recursos do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, tem um papel fundamental que é ser um instrumento de financiamento de longo prazo para todos os segmentos da economia, com políticas realmente focadas nas dimensões social, regional e ambiental, como diz o site do banco. Se trata de discutir que modelo de desenvolvimento queremos para o Brasil. Ampliar os investimentos no social, na economia solidária, nas micro e pequenas empresas, no desenvolvimento regional faz parte desse debate.

Neste sentido, a CUT defende a transparência e o estabelecimento de formas de controle sobre a gestão dos recursos e mecanismos de aferição dos resultados de todas as operações realizadas pelo BNDES em termos socioeconômicos, como a geração de emprego decente, a democracia nas relações de trabalho e as contrapartidas sociais e ambientais.

Artur Henrique, presidente nacional da CUT.

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