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Blogueiros de 23 países aprovam Carta de Foz do Iguaçu

Documento defende luta por liberdade de expressão, contra qualquer tipo de censura ou perseguição política dos poderes públicos e das corporações do setor, por novos marcos regulatórios da comunicação, pelo acesso universal à banda larga de qualidade e contra qualquer tentativa de cerceamento e censura na internet. Próximo encontro já está marcado para novembro de 2012, também em Foz do Iguaçu.

O 1º Encontro Mundial de Blogueiros, realizado em Foz do Iguaçu (Paraná, Brasil), nos dias 27, 28 e 29 de outubro, confirmou a força crescente das chamadas novas mídias, com seus sítios, blogs e redes sociais. Com a presença de 468 ativistas digitais, jornalistas, acadêmicos e estudantes, de 23 países e 17 estados brasileiros, o evento serviu como uma rica troca de experiências e evidenciou que as novas mídias podem ser um instrumento essencial para o fortalecimento e aperfeiçoamento da democracia.

Como principais consensos do encontro – que buscou pontos de unidade, mas preservando e valorizando a diversidade –, os participantes reafirmaram como prioridades:

– A luta pela liberdade de expressão, que não se confunde com a liberdade propalada pelos monopólios midiáticos, que castram a pluralidade informativa. O direito humano à comunicação é hoje uma questão estratégica;

– A luta contra qualquer tipo de censura ou perseguição política dos poderes públicos e das corporações do setor. Neste sentido, os participantes condenam o processo de judicialização da censura e se solidarizam com os atingidos. Na atualidade, o WikiLeaks é um caso exemplar da perseguição imposta pelo governo dos EUA e pelas corporações financeiras e empresariais;

– A luta por novos marcos regulatórios da comunicação, que incentivem os meios públicos e comunitários; impulsionem a diversidade e os veículos alternativos; coíbam os monopólios, a propriedade cruzada e o uso indevido de concessões públicas; e garantam o acesso da sociedade à comunicação democrática e plural. Com estes mesmos objetivos, os Estados nacionais devem ter o papel indutor com suas políticas públicas.

– A luta pelo acesso universal à banda larga de qualidade. A internet é estratégica para o desenvolvimento econômico, para enfrentar os problemas sociais e para a democratização da informação. O Estado deve garantir a universalização deste direito. A internet não pode ficar ao sabor dos monopólios privados.

– A luta contra qualquer tentativa de cerceamento e censura na internet. Pela neutralidade na rede e pelo incentivo aos telecentros e outras mecanismos de inclusão digital. Pelo desenvolvimento independente de tecnologias de informação e incentivo ao software livre. Contra qualquer restrição no acesso à internet, como os impostos hoje pelos EUA no seu processo de bloqueio à Cuba.

Com o objetivo de aprofundar estas reflexões, reforçar o intercâmbio de experiências e fortalecer as novas mídias sociais, os participantes também aprovaram a realização do II Encontro Mundial de Blogueiros, em novembro de 2012, na cidade de Foz do Iguaçu. Para isso, foi constituída uma comissão internacional para enraizar ainda mais este movimento, preservando sua diversidade, e para organizar o próximo encontro.

Por Marcel Gomes.

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Blogosfera enfrenta desafio de não repetir vícios da grande mídia

Para Ignácio Ramonet, do Diplô, “dispersão e a ausência de sentido mais amplo” dos conteúdos padecem como desafios a serem vencidos pelos comunicadores. Segundo o jornalista Luis Nassif, “a questão mais importante não é a tecnologia em si, que está em constante transfomação, mas os valores por trás dela”.

Foz do Iguaçu – Apesar de os novos meios de comunicação terem democratizado o acesso à informação no mundo, problemas como a “dispersão e a ausência de sentido mais amplo” dos conteúdos padecem como desafios a serem vencidos pelos comunicadores. A opinião é do jornalista e sociólogo espanhol Ignácio Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique, que participa nesta sexta-feira (28) do 1º Encontro Mundial de Blogueiros, em Foz do Iguaçu (PR). O evento acontece até sábado (29).

“Hoje a informação é superabundante e, por isso, não tem mais valor em si, é gratuita”, disse ele. “Por isso, há qualidades do jornalismo tradicional, no tratamento da informação, que não podem ser eliminadas e contribuem para qualificar o uso das novas tecnologias”.

Esse seria um papel que os jornalistas poderiam cumprir, já que atualmente “não sabem mais qual a sua função”. “Há uma crise de identidade nos meios tradicionais, que perderam o monopólio, e nos próprios jornalistas”, analisou o espanhol.

Ramonet destacou o papel das novas tecnologias ao dificultar que governos controlem a informação, “como na Tunísia e no Egito”, e colaborar para a democracia. No entanto, ressaltou que todos devem se preparar para o futuro, pois “tudo é transitório e, daqui a cinco anos, twiter, facebook e ipad talvez sejam substituídos por outras tecnologias”.

“Os antigos meios de comunicação viveram uma estabilidade por décadas. Isso não ocorre hoje. Se este evento dos blogueiros tivesse acontecido há cinco anos, estaríamos falando aqui do My Space“, disse.

Experiência brasileira
Em sua exposição, o jornalista brasileiro Luis Nassif afirmou que a blogosfera já é utilizada pelas mais diversas camadas da sociedade, da esquerda à direita. “Eu vivo uma guerra com a revista Veja, que diariamente me caluniava através de um de seus colunistas na intenet”, afirmou.

Em linha com Ignácio Ramonet, ele disse que “a questão mais importante não é a tecnologia em si, que está em constante transfomação, mas os valores por trás dela”. Nassif ainda rememorou o papel da mídia tradicional na legitimação da política econômica em diversos períodos da história brasileira.

“Na era do café, a imprensa defendia a política que beneficiava esse setor. Quem propusesse algo em outra linha, era criticado”, afirmou. Ele lembrou que o nascimento do rádio e da indústria fonográfica nas primeiras décadas do século 20 abalou o poder dominante, pois “ajudava a criar a autoestima nacional, quando a elite ainda falava francês”.

Na década de noventa, Nassif disse que novamente a política econômica foi determinada pela mídia, que se aproveita de que “a política é conduzida pelas pressões imediatas”. “É com a mídia que se consegue chegar à opinião pública”, analisou.

Segundo o jornalista, apesar do poderio ainda exercido pelos meios tradicionais, já há casos em que a blogosfera fez diferença, como quando ajudou a desmontar a operação midiática para desqualificar a operação Satiagraha da Polícia Federal, que atingiu em 2004 o banqueiro Daniel Dantas.

Por Marcel Gomes.

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Web permite democracia direta mas tem limite e preocupa ator tradicional

Em Seminário Nacional sobre Participação Social, possibilidades de ação e representação política por meio das redes sociais geram uma das discussões mais acaloradas. Para debatedores, internet é revolucionária e permite participação inédita, mas caráter por vezes ‘desorganizado’ e necessidade de incidência concreta na realidade são vistos como desafios.

BRASÍLIA – O potencial transformador e participativo dos movimentos espontâneos criados a partir da rede mundial de computadores, sem vínculo com partidos políticos e movimentos sociais tradicionais, garantiu uma das discussões mais polêmicas do 1º Seminário Nacional de Participação Popular, encerrado nesta sexta-feira (28), em Brasília.

Promovido pela Secretaria-Geral da Presidência, o seminário reuniu representantes do governo e dos movimentos sociais, majoritariamente tradicionais, para avaliarem os processos de participação social e debater perspectivas para os próximos anos.

Por isso, parte do público encarou com reservas a constatação dos conferencistas de que a rede mundial de computadores é, hoje, o terreno mais fértil para o desenvolvimento de novas formas de participação democrática.

Participantes questionaram os limites e riscos das novas mídias para a democracia, a amplitude da exclusão digital em um país desigual como o Brasil, a impossibilidade das novas mídias dialogarem com analfabetos e idosos, entre outros problemas.

“O processo que estamos vivendo exige alta carga de aprendizado, sim. Vivemos um período que permite que um grande número de pessoas gere informação e cultura, após cem anos apenas recebendo e consumindo. É claro que isso irá tirar as pessoas da sua zona de conforto. Mas não podemos deixar de encarar esse desafio”, provocou Daniela Silva, da comunidade Transparência Hacker.

Segundo ela, a internet é revolucionária, independentemente da forma como é utilizada. “Não depende de como se usa essa tecnologia, como alguns acreditam. É um meio que, por si só, permite que muito mais gente participe, fale o que pensa. Por isso é transformador e propicia um processo nunca visto antes de distribuição do poder”, afirmou.

O coordenador do curso de Comunicação Digital da Unisinos, Daniel Bittencourt, também instou os presentes a buscar compreender a legitimidade das mobilizações espontâneas que surgem na rede, descoladas de partidos políticos ou organizações tradicionais dos movimentos sociais.

Segundo ele, da Primavera Árabe à ação pela retirada dos calçados de determinada marca que usava pele animal como matéria prima, essas mobilizações pela rede significam novas formas de a sociedade tomar suas decisões.

Daniel, que foi um dos co-criadores da Wikicidades, plataforma digital que incentiva a participação dos cidadãos de Porto Alegre na tomada de decisão municipal, afirmou que o modelo de política tradicional tem um teto de participação, que pode ser rompido com a utilização das novas tecnologias. “Porto Alegre é uma cidade com 1,5 milhão de habitantes e só 15 mil participam do Orçamento Participativo”, exemplificou.

O secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez, concordou que existem limites para a política participativa. “As pessoas têm o direito, inclusive, de não se manifestarem, de preferirem ficar em casa sem sair da cadeira. Esse direito também é legítimo”, observou.

Professor da Faculdade de Comunicação da UFBA, Wilson Gomes criticou o padrão de governo eletrônico reproduzido no mundo. “No norte, existe uma verdadeira obsessão por transparência. No sul, por participação. Entretanto, os governos eletrônicos, tanto no sul quanto no norte, tanto em governos de esquerda quanto de direita, privilegiam a transparência e são fracos em participação”.

O acadêmico discutiu também qual o conceito de participação deve ser adotado em avaliações do tipo. “O que importa não é só participar, mas como qualificar a participação. A inclusão de novos atores sociais, por exemplo, já qualifica a adoção das novas mídias, porque os atores fortes, tradicionais, já têm seus espaços garantidos”.

Wilson observou, ainda, que o Estado não sabe lidar com o cidadão isolado. “O governo sabe lidar com conselhos, coletivos. Reúne representantes de um grupo, de outro, e monta um concselho. Mas como ouvir aqueles cidadãos que não estão organizados nos movimentos sociais tradicionais? É esta questão que os overnos precisam repsonder”, provocou.

O chefe do Gabinete Digital do Governo do Rio Grande do Sul, Vinícius Wu, acrescentou que o debate sobre uso e aprimoramento das novas tecnologias será a maior fonte de tensão entre governo e sociedade no futuro próximo. “É impossível, hoje, pensar em democracia sem pensar em movimentos da rede”, afirmou.

Wu saiu em defesa dos movimentos sociais, bastante representados no seminário, que contestaram o discurso da maioria de que o futuro da participação política popular está na rede de computadores. “Não podemos subestimar o poder de mobilização dos movimentos sociais brasileiros que, inclusive, diferenciam o país do restante do mundo”, afirmou.

Entretanto, propôs também que os governos discutam políticas para falar com os desorganizados, com aqueles que não foram tocados por nenhuma forma de participação tradicional.

Por Najla Passos.

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