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Há 10 anos, um operário era eleito presidente do Brasil

Lula venceu as eleições de 2002 em segundo turno, batendo o adversário José Serra (PSDB) com 52,4 milhões de votos

“Estava no DNA do Lula a ideia de que as instituições Judiciário, Legislativo e Executivo funcionassem a pleno e sem sobreposições. O projeto que foi eleito com ele criou uma expectativa enorme da população”, afirma Olívio Dutra

Por: Rachel Duarte, do Sul21 – Publicado em 27/10/2012, 09:16

Em parte, a grande expectativa do dia da posse se viu frustrada pela necessidade de montar alianças, mas o governo conseguiu reagir adiante e passar a propor mais (Foto: Victor Soares. Arquivo Agência Brasil)

Porto Alegre – Às 17 horas do dia 27 de outubro de 2002 encerrava a votação e a pesquisa boca-de-urna apontava: Lula era eleito presidente do Brasil. A confirmação veio em seguida e o nordestino e metalúrgico do ABC paulista entrava para a história como o primeiro presidente de esquerda a governar o país. Ao lado da esposa Marisa e dos companheiros mais próximos no Partido dos Trabalhadores, entre eles José Dirceu, Antonio Palocci e Aloizio Mercadante, Luiz Inácio Lula da Silva atendia telefonemas e abraçava amigos e familiares. Estava sendo um grande presente: na mesma data, Lula fazia aniversário.

O vídeo é um trecho do documentário “Entreatos”, de João Moreira Salles, e mostra as comemorações de Lula com os assessores, netos e os funcionários do prédio onde estava em São Bernardo. Em dado momento, ele sentou-se no chão em frente à TV, recostou a cabeça em Marisa e, provavelmente, refletiu sobre o que o esperava. “Seu amigo agora é presidente” e “Quem chorar perto de mim vai para o balaio” foram as primeiras declarações de Lula no hotel em que acompanhava a apuração.

Lula venceu as eleições de 2002 em segundo turno, batendo o adversário José Serra (PSDB) com 52,4 milhões de votos, maior votação da história do país, quebrando recordes de votação de todos os ex-presidentes brasileiros. Lula foi o primeiro civil sem formação universitária a ser eleito presidente, na 19ª eleição direta para o cargo, entre 27 já realizadas no Brasil desde 1891. Ele foi o 39º brasileiro a ocupar o posto, incluindo na soma os substitutos e integrantes das juntas militares que governaram o país.

Sem experiência administrativa, Lula herdou do presidente Fernando Henrique Cardoso um país com dificuldades econômicas. Para combatê-las, optou pela realização de programas sociais. Segundo dados do governo federal, 40 milhões de brasileiros deixaram a faixa de miséria nos dez anos que se seguiram à ascensão de Lula à Presidência da República.

“Foi um passo importante na história do país. Não foi o primeiro passo, pois mudanças já vinham acontecendo desde o governo José Sarney, quando começou a transição do regime democrático. Estagnamos com a crise do governo Collor, mas depois Itamar Franco, com seu ministro Fernando Henrique Cardoso, avançou na reforma monetária. Eu tinha algum receio de que o Lula não terminaria o mandato, em função de ser o primeiro governo dele e pela postura do PT em si, apesar de nutrir expectativas positivas em relação à sua eleição. Mas ele capitalizou o que havia sido feito em anos anteriores e propôs mudanças fundamentais que positivaram o país”, analisa a historiadora e professora do PPG em História da Unisinos, Eloisa Capovilla.

Segundo ela, não foi apenas uma ação individual que marcou a gestão de Lula. “Foi um conjunto de atitudes que colocaram o país em outro patamar. Internacionalmente, a eleição dele representou muito para a América Latina. Recordo de ter chegado ao Uruguai por ocasião de um compromisso acadêmico, uma semana após a eleição de Lula, e todos vinham me abraçar. Comemoravam. Nos surpreendeu muito (essa recepção), era algo de emocionar”, recorda.

O começo da ascensão econômico-social dos brasileiros foi fundamental para que Lula fosse conduzido a um segundo mandato em 2006. Venceu, também em segundo turno, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), com mais de 60% dos votos. Após esta eleição, Lula reforçou a intenção de um governo de coalizão, colocando o PMDB na estrutura ministerial do governo.

“A maioria legislativa não veio com o voto dos brasileiros em consonância com as ideologias do candidato a presidente, o que poderia ter aberto mais possibilidades para o encaminhamento das questões básicas no parlamento. Foi constituída pós-eleição, com alianças. Então, toda aquela expectativa a partir da eleição de um metalúrgico, eleito e reeleito, não foi concretizada a partir de uma maioria no Congresso. Isso abriu espaço, por duas vezes, à barganha política que todos nós sabemos”, fala o ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra.

A manutenção da lógica histórica do ‘toma lá da cá’, herdada dos tempos do regime militar onde os chefes de estado eram indicados, representou uma redução na força do projeto de governo esperado pela população nas eleições de Lula, acredita Olívio. “Significou uma ginástica de governança para manter o projeto fundamental que o elegeu. A potencialidade do projeto original se reduziu. A radicalidade democrática do PT e suas forças sociais foram reduzidas e o governo se tornou mais genérico e desfocado no segundo mandato. Tanto que não conseguimos, nos dois mandatos do presidente Lula, as reformas agrária, política, urbana e tributária. Era uma possibilidade que tínhamos, sendo governo”, critica Olívio.

Grandes reformas não saíram, mas houve ‘uma revolução na educação’

As grandes reformas foram um pacto social firmado por Lula no seu discurso de posse nas eleições de 2003. “As reformas da Previdência, Tributária, Política, Agrária e das Leis Trabalhistas impulsionarão um novo ciclo do desenvolvimento nacional”, disse à época.

Para o ex-líder do governo Lula e deputado federal Henrique Fontana, o mais importante significado dos dez anos da eleição de Lula foram as mudanças estruturantes conquistadas, principalmente na área da educação. “Criou-se o ProUni e foi sancionada a Lei de Cotas no ensino superior. Isto foi criticado por setores conservadores no começo e agora, que formou jovens de periferia para disputar o espaço das elites intelectuais, ninguém mais fala. O que não ocorre com as cotas. Ainda segue a polêmica em razão da reserva de vagas, o que exemplifica a complexidade da nossa sociedade para aprovação de medidas como esta. Que foi feita apenas há dez anos no país”, fala.

Para a historiadora gaúcha Eloisa Capovilla, as mudanças na educação brasileira, apesar de alguns erros em seu processo de transformação, foram significativas em comparação com outros períodos da história. “Foi uma mudança na verdade pequena até, com as cotas, o Enem, a abertura do EAD e ampliação do ensino técnico para alguns. Mas podemos considerar como uma revolução. A estrutura do ensino é que talvez não acompanhou todas estas mudanças. Com isso, ocorreram muitos erros. Principalmente nos métodos de avaliação que mensuram essa prática. Mas foi uma mudança estrutural que poderá modificar as desigualdades”, acredita.

A habilidade de negociar os interesses da base aliada foi um mérito, na opinião do ex-líder do governo Lula. “As grandes reformas são muito complexas. Eu já estou querendo ceder em mais pontos da reforma política para poder aprovar o financiamento público de campanha. Isto é o que acabamos tendo que fazer diante de um parlamento brasileiro tão fragmentado”, fala Henrique Fontana, que coordena a Reforma Política no Congresso Nacional.

Na análise do cientista político Bruno Lima Rocha, a liderança de Lula e o seu crescimento em relação ao próprio PT ao longo dos dez anos de eleição é inquestionável. “Ele se tornou um mito. Em termos de atuação política, podemos compará-lo ao (primeiro-ministro de centro-direita Donald) Tusk, na Polônia. Ele se descola da política e é muito negociador, além de pragmático. Ficar refém da herança pragmática da política é um fenômeno típico dos líderes que superam a estrutura do partido de governo, como aconteceu com Lula. E o pragmatismo leva a uma conformidade das ações a qualquer preço”, alerta. E complementa com uma crítica: “Isso pouco ou nada tem a ver com a história dos partidos populares. É uma postura de cacique, típica de partidos clássicos que o PT e Lula sempre criticaram”.

O ‘lulismo’, como foi chamado por alguns teóricos da política, é uma marca perigosa para os rumos do governo de continuidade que Lula também construiu, argumenta Bruno Lima Rocha. “A herança política de Lula não tem sucessão, como ocorre com a maioria dos ícones. Não há sucessão. O que poderá acontecer com o partido e com o governo é a grande questão. Estas são as bases de fundo do que será o futuro”.

O legado de Lula

“Estava no DNA do Lula a ideia de que as instituições Judiciário, Legislativo e Executivo funcionassem a pleno e sem sobreposições. O projeto que foi eleito com ele criou uma expectativa enorme da população”, afirma Olívio Dutra, que comemora os avanços, mas não deixa de lembrar alguns pontos não resolvidos. “Mesmo com a retirada dos 40 milhões da miséria e políticas sociais e inclusivas importantes, ainda temos mais de 16 milhões na miséria que ainda faltam ser alcançados. O acesso à terra nem na Constituinte conseguimos resolver e ainda não conseguimos solucionar o sério problema da urbanização do país”, acrescenta. Para ele, mesmo após os dez anos de Lula, “o Brasil ainda é símbolo da desigualdade. Pequenas cidades tem enormes dificuldades ainda, e solucionar isso passa pelas reformas tributária e agrária”, defende.

As questões que não teriam sido solucionadas por Lula ainda podem ser resolvidas pelo governo de Dilma Rousseff, contrapõe a historiadora Eloisa Capovilla. “Temos desenvolvimento econômico, mas a base econômica ainda é agrária. Não é mais o café ou charque, mas é o agronegócio com a soja e outras variantes. O mercado é fundamental, mas precisamos avançar para igualar a base dos pequenos agricultores. Isso também mexerá nas desigualdades sociais e pode reverter a favelização”.

A historiadora acrescenta que o legado das contas não quitadas pelo estado brasileiro com as vítimas da ditadura militar, uma vez que não houve revisão da Lei de Anistia nos governos Lula e Dilma, pode ainda ficar como dívida histórica com a sociedade. “Não houve revisão ou prisão dos torturadores. Creio que pode ser a maior cobrança em relação a estes governos. Talvez ainda tenhamos possibilidade do Brasil na Comissão da Verdade, mas creio que será muito difícil mexer nesse assunto no nosso país. Os períodos ditatoriais, incluindo a era Vargas, são passados de forma branda. Elegeram Getúlio presidente logo depois dos ocorridos em 35. Quem tem o monopólio do uso da força é o governo, a sociedade civil não tem e ainda é acusada de subversiva. A justiça também é um braço do estado, mas a própria lei é usada contra a sociedade. Talvez a Comissão da Verdade lembrará a estrutura que podemos usar para preservar o direito de se manifestar democraticamente”, diz a professora.

Henrique Fontana, por sua vez, tem uma visão positiva do legado de Luiz Inácio Lula da Silva. “Estes são aqueles momentos que seguramente serão lembrados por muitos anos para demarcar uma mudança de civilização”, diz Henrique Fontana. “Foi a eleição de um líder operário, com as condições de vida humilde e que ao chegar ao poder cumpriu os objetivos de um projeto de transformação. Fazem dez anos e ele continua forte. Mesmo em meio ao bombardeio do mensalão, ele está na linha de frente das eleições em São Paulo. E ainda acumula uma repercussão global de credibilidade para o Brasil no exterior”, conclui.

Na página do Sul21 é possível conferir vídeos que lembram a trajetória de Lula e uma declaração do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, sobre os dez anos da eleição do metalúgico.
Notícia colhida no sítio http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2012/10/ha-10-anos-um-operario-era-eleito-presidente-do-brasil/view
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Feliz aniversário querido Presidente Lula!

1945

1945

Nasce em 27 de outubro Luiz Inácio da Silva, em Vargem Comprida, localidade de Caetés, no interior de Pernambuco – na época um distrito do município de Garanhuns. O bebê é o sétimo filho de Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo, a “dona Lindu”. É registrado, porém, sete anos mais tarde e com data de nascimento diferente: 6 de outubro. Apesar da certidão, Lula comemorava o seu aniversário no dia 27……..Continue lendo

1952

A mãe de Lula e os filhos se mudam para o litoral de São Paulo, para onde o marido já havia se transferido a fim de tentar a vida como estivador no porto de Santos. Aos 7 anos, Lula se alfabetiza no Grupo Escolar Marcílio Dias e vende laranjas no cais.

1956

Se muda para a capital paulista, com a mãe e os irmãos. O pai fica no litoral, após formar uma segunda família com uma prima de dona Lindu.

1957

Começa a trabalhar em uma tinturaria de São Paulo, aos 12 anos. Atua também como engraxate e auxiliar de escritório.

1959

Tem a carteira assinada pela primeira vez, aos 14 anos. É transferido para a Fábrica de Parafusos Marte e começa o curso técnico de torneiro-mecânico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

1963

Forma-se no Senai e é admitido em uma metalúrgica, onde tem o dedo mínimo da mão esquerda esmagado por uma prensa hidráulica. Recebe uma indenização e compra um terreno para a mãe. Troca de emprego, mas é demitido por se negar a trabalhar aos sábados.

1968

Filia-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, por influência do irmão José Ferreira de Melo, o Frei Chico.

1969

Casa-se com a operária mineira Maria de Lourdes da Silva. Dois anos depois, ela engravida, mas contrai hepatite no oitavo mês de gestação. Mãe e bebê morrem durante uma cesariana.

1974

Nasce Lurian, sua primeira filha. A mãe é a enfermeira Miriam Cordeiro, namorada de Lula na época. No mesmo ano, casa-se com a então viúva Marisa Letícia da Silva e adota Marcos Cláudio, fruto do casamento anterior da mulher. O novo casal teria três filhos: Fábio Luís, Sandro Luís e Luís Cláudio.

1975

É eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, com 92% dos votos.

1978

É reeleito para a presidência do sindicato, desta vez com 98% dos votos, após liderar um movimento de reivindicação salarial que se transformou em greve.

1980

Junta-se a sindicalistas, intelectuais, católicos militantes da Teologia da Libertação e artistas para fundar, em 10 de fevereiro, o Partido dos Trabalhadores (PT). Mais tarde, o sindicato sofre intervenção devido a uma greve, e Lula fica detido nas instalações do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) paulista por 31 dias. No mesmo ano, inclui Lula em seu nome, uma vez que a legislação da época não permitia o uso de apelidos em campanhas.

1981

É condenado pela Justiça Militar a três anos e meio de prisão por incitação à desordem coletiva. Recorre e é absolvido no ano seguinte.

1982

Tenta pela primeira vez, sem sucesso, um cargo eletivo: governador de São Paulo. A eleição é vencida por Franco Montoro, do PMDB.

1984

Ao lado Ulysses Guimarães, reforça a campanha das Diretas Já.

1986 É eleito deputado federal com a maior votação do País para a Assembleia Nacional Constituinte.

1989 Candidata-se na primeira eleição direta para presidente depois do golpe militar de 1964. Perde no segundo turno paraFernando Collor de Melo, do PRN.

1994

Tenta pela segunda vez a Presidência da República, mas perde ainda no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.

1998

Perde a terceira eleição para presidente. No pleito, FHC foi reeleito no primeiro turno.

2002

Vence a eleição presidencial ao derrotar o tucano José Serra, candidato da situação. O segundo turno coincidiu com o aniversário de Lula: 27 de outubro. Ao ser diplomado, em dezembro, disse: “E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de presidente da República do meu país.”

2003

No dia 1º de janeiro, toma posse o primeiro operário a alcançar a presidência da República.

2006

É reeleito no segundo turno, ao derrotar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB.

2010

Elege sua sucessora e primeira mulher presidente do Brasil: a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que tentava pela primeira vez um cargo eletivo. Chamado de “o cara” pelo presidente americano Barack Obama, encerra o segundo mandato com aprovação pessoal recorde de 87%.

Os leitores do blog Os amigos do Presidente Lula desejam à você….Feliz Aniversário guerreiro. Nós amamos  você

Artigo colhido no sítio http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2012/10/feliz-aniversario-querido-presidente.html
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As pessoas têm que respeitar o faro político do Lula

Para Fabiano Guilherme Santos, o ex-presidente mostrou um faro político melhor do que todos os demais analistas ao insistir na candidatura de Haddad, que agora disputa o segundo turno em São Paulo. Em entrevista à Carta Maior, o professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) também fala da influência nula do julgamento do “mensalão” e analisa o impacto da CPMI do Cachoeira nos principais redutos da quadrilha. A reportagem é de Najla Passos.

Najla Passos

Brasília – É fato que as eleições municipais deste domingo (07/10) tiveram bons e maus momentos para quase todos os partidos. Para o professor Fabiano Guilherme Santos, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a correlação de forças não mudou de forma significativa.

Segundo ele, no campo conservador, o que surpreendeu foi o crescimento vertiginoso do PSD de Kassab, enquanto o PSDB encolheu e o DEM caminha para a extinção. Já no campo progressista, o fator de destaque ainda é o vigor do “efeito Lula”: o ex-presidente emplacou Haddad no segundo turno da principal cidade brasileira, ajudou a manter o fôlego do PT nas disputas das grandes cidades e a garantir a tendência de crescimento nas pequenas.

Em entrevista à Carta Maior, ele também avalia o efeito nulo do julgamento do “mensalão” nas eleições, especialmente nos municípios do ABC paulista, mais propensos a serem afetados pela pauta. E comenta, ainda, a vitória do PT em dois dos principais redutos da quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira: Goiânia e Anápolis.

As eleições deste domingo mudaram a correlação de forças dos partidos brasileiros?

Não houve grandes alterações, não. Uma coisa que surpreendeu foi o PSD, que teve um desempenho muito bom, se colocando como o quarto no ranking geral de controle de prefeituras. Substitui o DEM, que foi lá para baixo, e que, se não ganhar Salvador, estará no caminho da extinção.

– Então o PSD se consolida como a nova oposição conservadora?

O DEM está se tornando um pequeno partido, um partido nanico mesmo. O PSD teve um desempenho avassalador [sai das eleições com 493 prefeitos]. Depois do PMDB em primeiro, o PSDB em segundo e o PT em terceiro, já vem o PSD. Ultrapassou PDT, PTB, PSB, que são partidos que têm legenda, que continuam crescendo. Esse é o primeiro dado interessante. O PSD realmente se colocou como alternativa de centro-direita ao DEM.

– Mas entre os três principais partidos, a correlação de forças se manteve?

O PMDB perdeu um pouquinho de força [200 prefeituras a menos do que nas eleições passadas]. O PSDB, também [96 a menos]. Não de forma significativa, mas ambos caíram. O PSDB já vem de uma tendência de queda, embora não muito significativa, do número de prefeituras. Já o PT cresceu. Não de uma maneira avassaladora, mas cresceu [fez 67 prefeituras a mais do que em 2008].

– O PT se fortaleceu nas pequenas cidades, mas manteve a postura histórica de liderança das grandes?

O PT manteve sua trajetória de se inserir no poder local das pequenas cidades, uma trajetória que já vem de algum tempo, e esse pleito confirmou isso. Agora, em relação às grandes cidades, o resultado ainda depende em muito do segundo turno. E o PT está competindo em muitas delas [22 capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes]. Então, é preciso um olhar do segundo turno para se ter uma análise mais clara. É possível que o PT ainda se saia melhor. Mas o PSDB também, porque está competindo, principalmente em capitais [ 16 cidades polos]. Entretanto, mesmo que ele ganhe todas nas quais está competindo não terá o mesmo desempenho que nas eleições passadas.

– Então, para os partidos de oposição ao governo federal, o quadro piorou: o PSDB diminuiu um pouquinho e o DEM, bastante?

É, bastante. Pode se dizer isso. Agora o PSD do Kassab foi muito bem sucedido ao capitalizar os votos de centro-direita.

– No campo da esquerda, merece destaque o desempenho do PSB, que fez 120 prefeituras a mais do que nas eleições passadas?

Sim, o PSB cresceu muito. Teve um desempenho muito bom.

– Você tinha avaliado, em entrevista anterior, que o julgamento do “mensalão” não afetaria de forma significativa estas eleições, análise esta que se confirmou, não é?

Só para se ter uma ideia, em Osasco (SP), onde o João Paulo Cunha [condenado pelo “mensalão”] teve que retirar sua candidatura, o candidato do PT que o substituiu ganhou com mais de 60% dos votos. O PT tirou o primeiro lugar ou está no segundo turno em todas as cidades do ABC. E isso no interior de São Paulo, onde apontavam que o “mensalão” poderia fazer um estrago maior. Portanto, a alegada influência do “mensalão” não é verdadeira. O PT está muito competitivo, inclusive nestas regiões que seriam teoricamente as mais afetadas.

– Agora, uma outra coisa intrigante foi o bom desempenho do PT no curral do contraventor Carlinhos Cachoeira. O PT reelegeu o prefeito de Goiânia, elegeu o prefeito de Anápolis… Isso pode ser influência da CPMI do Cachoeira, da cassação do mandato do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM)?

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) ficou muito combalido com todas essas denúncias. E o governador do Estado tem uma ação importante nas eleições para as prefeituras. O Marconi Perillo tá muito fragilizado, e isso pode ter contado. Então, seria não tanto uma influência direta da CPMI do Cachoeira, mas sim o atar de mãos do governador.

– E o ex-presidente Lula, sai fortalecido?

Os comentaristas e cientistas políticos têm que tirar o chapéu para o Lula.

– E melhorar as análises também…

Isso, melhorar as análises, porque todo mundo falou que Lula errou ao escolher o Haddad, ao insistir no Haddad, ao lutar pelo Haddad. As pessoas têm que respeitar o faro político dele. De todas as análises políticas, a melhor foi a de Lula. O Lula dá de dez em todos eles.

– E os institutos de pesquisas?

O Ibope foi bem, mas o Datafolha teve um comportamento muito estranho.

Notícia colhida no sítio http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21035

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