As manifestações massivas de juventude ocorridas no último mês no Brasil, ainda que com forte disputa da direita organizada, explicitaram três questões centrais necessárias de serem respondidas para podermos avançar rumo a uma verdadeira transformação social em nosso país: ampliar as possibilidades de participação direta da população na política, em especial da juventude; garantir maior presença do Estado, através de serviços públicos acessíveis e de qualidade, com destaque para o transporte, educação e saúde; e a urgente democratização dos meios de comunicação.
A juventude da CUT, em conjunto com partidos de esquerda e diversos movimentos sociais, esteve presente na grande maioria desses atos, inclusive construindo alguns desde o início. A nossa presença foi impulsionada pela legitimidade da reivindicação inicial: a luta pela revogação do aumento da tarifa, que sabemos que pesa no bolso da juventude trabalhadora e estudante. Fomos pras ruas reivindicando uma inversão da lógica dos transportes, priorizando o transporte público coletivo, pressionando os governos para o necessário enfrentamento com os empresários do transporte que precisam ter seus lucros diminuídos para uma baixa da tarifa, ao invés dos cortes de investimentos públicos em outras áreas. E fizemos nossa luta com muita solidariedade entre os movimentos sociais, mostrando nossas caras, bandeiras, e identificando nossos alvos comuns: o grande poder econômico, o agro negócio, as oligarquias midiáticas, a direita organizada, os grupos neonazistas.
As saídas aos protestos até agora foram muito positivas: conquistamos o passe livre estudantil em Porto Alegre e Goiânia, a revogação do aumento das tarifas em dezenas de cidades, e, principalmente, obtivemos como resposta da presidenta Dilma uma convocação geral ao país por um plebiscito pela reforma política.
A reforma política é uma bandeira histórica da CUT e dos movimentos sociais. É essencial acabar com a influência do poder econômico nas eleições, colocando um fim ao financiamento privado de campanha. Além disso, é preciso democratizar também a política representativa através da paridade entre homens e mulheres nas listas preordenadas pelos partidos. Outra questão colocada é de avançarmos também nos instrumentos de participação direta, através de tramitações mais céleres para os projetos de lei de iniciativa popular, mais consultas, plebiscitos e referendos para grandes temas de interesse nacional.
Compreendemos que a reforma política é essencial e pode ser a mola propulsora que possibilitará avançar em uma série de reivindicações históricas da classe trabalhadora, mas desde já afirmamos que é necessário ir além.
Por isso, neste 11 de julho estaremos nas ruas com uma pauta de onze pontos:
1) Transporte público de qualidade;
2) Reforma política com realização de plebiscito popular;
3) Reforma urbana;
4) Redução da jornada de trabalho para 40 horas;
5) Democratização dos meios de comunicação;
6) 10% do PIB para a educação pública;
7) Saúde pública e universal;
8) Pelo fim das terceirizações: contra a PEC 4330;
9) Contra os leilões do petróleo;
10) Pela Reforma Agrária; e
11) Pelo fim do fator previdenciário!
Nesse mesmo dia denunciaremos: a repressão e a criminalização das lutas e dos movimentos sociais; O genocídio da juventude negra e dos povos indígenas;
A impunidade dos torturadores da ditadura. E afirmaremos nossa posição contra:
A aprovação das propostas do estatuto do nascituro; Contra a redução da maioridade penal; e Contra o projeto de “Cura Gay”.
Já dizia o poeta que “caminhante, não há caminho, o caminho se faz caminhando”. E será caminhando nas ruas, lado a lado com milhares de jovens, estudantes, trabalhadores/as, sem teto, artistas e militantes que vamos avançar na nossa luta por uma sociedade socialista!
Juventude trabalhadora: todos e todas às ruas no dia 11 de julho!
Escrito por: Alfredo Santos Jr., secretário Nacional de Juventude da CUT
Artigo colhido no sítio http://www.cut.org.br/ponto-de-vista/artigos/4864/11-de-julho-toda-juventude-trabalhadora-nas-ruas