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Trabalho precário foi feito para você?

Bancários do Itaú sofrem com expediente de agências de horário estendido, ficam sem almoçar, adoecem e Sindicato cobra que banco leve em conta a qualidade de vida dos funcionários

São Paulo – Em São Paulo, Osasco e região 60 agências do Itaú funcionam com horário estendido, ou seja, das 9h às 16h, das 11h às 20h ou das 11h às 19h. Algumas em shoppings e outras na rua. O que é mostrado pelo banco em propagandas como um atrativo para os clientes, tornou-se verdadeiro caos na vida dos trabalhadores e também para os não correntistas que entram nas agências após 17h e não são atendidos, por orientação do banco.

A mudança no funcionamento foi feita de forma unilateral pelo Itaú, sem consulta aos trabalhadores ou ao movimento sindical. “Se funciona a partir das 12h entramos às 11h e depois que a agência abre não temos nenhuma pausa. A agência fica aberta ininterruptamente, portanto, após 17h, mesmo quem não é correntista vai até o caixa para realizar serviços, e nós, trabalhadores, temos de comunicar a esses cidadãos que podemos atender somente clientes do Itaú”, relata uma bancária.

A dirigente sindical Valeska Pincovai alerta que é um risco para os bancários terem de enfrentar situações como essa. “Muitos, diante da negação do atendimento imposta pelo banco, são maltratados pelo cliente desinformado sobre as mazelas praticadas pelo Itaú. Além de ter de conviver com um horário imposto pelo banco, mudar toda a rotina, os funcionários ainda são forçados a esse tipo de desgaste diariamente: vender a imagem de banco sustentável e negar atendimento a quem não é cliente, mesmo com as portas abertas”, ressalta. “Exigimos que o Itaú olhe sem descaso para a vida dos trabalhadores e priorize a qualidade de vida dessas pessoas”, destaca a dirigente.

Valeska ressalta que com o Natal próximo, a dificuldade aumenta, pois o comércio é mais movimentado e faltam funcionários para dar conta do serviço. “Quem está no banco precisa se desdobrar para dar conta do recado. Por isso, exigimos que o banco contrate imediatamente”, completa.

Uma bancária relata que a agência fecha às 20h, normalmente com clientes dentro. Portanto, nesse horário, os funcionários ainda não estão liberados, pois precisam conferir documentos e numerário após a conclusão do atendimento ao público. “Muitos vão embora quase 22h. É perigoso, nos sentimos inseguros”, desabafa. “Não tem gente suficiente para trabalhar com esse funcionamento até 22h. E o banco também não paga hora extra”, completa.

Mesmo nesse quadro, somente no último ano, de setembro de 2012 a setembro de 2013, a redução foi de quase 3 mil postos de trabalho.

Valeska alerta que o os bancários que trabalharem após o expediente e não receberem hora extra devem denunciar ao Sindicato. “Registrar a saída e continuar no trabalho é fraude do ponto eletrônico, que, aliás, acabamos de renovar o acordo coletivo. Estamos de olho no Itaú.”

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Segundo um funcionário, muitos ficam sem almoçar por conta do grande fluxo de clientes. “O tempo para a refeição é de apenas 15 minutos. Mesmo assim não conseguimos sair do caixa. O Itaú se preocupa com a propaganda sobre o diferencial do horário, mas não se preocupa com os trabalhadores e essa estrutura suga totalmente o funcionário. Para funcionar assim precisamos de dois turnos, assim teríamos mais qualidade de vida.”

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Com emprego e sem família – Diante das alterações no horário de agências do Itaú, muitos bancários passaram a ver menos suas famílias, o que gera angústia também durante o horário de trabalho. “Atendimento com qualidade é feito por trabalhadores felizes, tranquilos. Quem mal vê a família trabalha angustiado, preocupado”, explica a dirigente Valeska.
“O contato com a minha família está totalmente perdido de segunda a sexta desde que alterei minha rotina no banco. Saio 10h da manhã de casa e chego entre 22h e 23h. Como o funcionário pode trabalhar feliz nesta condição? Tenho uma filha adolescente que mal vejo em casa. O Itaú está fragilizando a vida da minha família. Preciso do emprego, não tenho opção”, desabafa a bancária.

Saúde em risco – Muitos dos trabalhadores que se adaptaram ao novo horário imposto pelo Itaú, sem outra opção, enfrentam problemas de saúde. Uma das bancárias relata que toma ansiolítico para lidar com os problemas gerados pelo trabalho. “Tenho outros colegas na mesma situação. Eu acho essas propagandas sobre sustentabilidade uma farsa. Não existe sustentabilidade. Eles não deixam a realidade aparecer. Se você pegar um funcionário que trabalha nesse horário estendido, vai ver como a vida é difícil”, relata.

Dificuldades organizacionais – Outro problema enfrentado pelos bancários por conta do horário celebrado pelo banco é que ao entrar em contato com empresas para confirmar a emissão ou retirada de cheques, o expediente já está encerrado. O bancário não consegue fazer o contato e o trabalho fica para o dia seguinte, gerando acúmulo de tarefas.

Campanha continua – O fim do horário ampliado e das demissões são reivindicações que fazem parte da campanha por valorização dos funcionários. Lançada em abril deste ano, a campanha Esse cara sou eu! não teve resposta do banco sobre as exigências. O Itaú é, atualmente, a maior instituição financeira privada do Brasil.

Gisele Coutinho – 11/12/2013

Notícia colhida no sítio http://www.spbancarios.com.br/Noticias.aspx?id=6492

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