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Movimento dos garis supera desafio de construção de sua autonomia política

Adital

Desde o início, a paralisação das atividades dos garis cariocas dava sinais de ser um movimento diferente. Enfrentando a Prefeitura do Rio de Janeiro e a própria entidade representativa, o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município, a greve da categoria tinha o desafio de mostrar que essa gente oprimida era capaz de construir um processo político autônomo e lutar pela parte que lhe cabia.

“A gente não quer ver a cidade suja. A gente é gari. Mas com um salário desse a gente vai comer o quê? Lixo?”, afirma Marcelo Américo, 34 anos, gari do bairro Guadalupe. A resposta veio em forma de uma consciência política e participação direta dos trabalhadores.

Deixaram as redes sociais da Internet, onde começou a articulação para paralisar as atividades, e foram para as ruas em manifestações criativas e descontraídas, criando uma greve vitoriosa em pleno Carnaval do Rio de Janeiro, um dos maiores do mundo, e período de maior visibilidade internacional da cidade.

Os garis conseguiram construir por meio da organização popular uma importante mediação para o diálogo com a sociedade. Na festa, as ruas da cidade ficaram completamente tomadas de gente e a limpeza dos profissionais era fundamental para a cosmética dos festejos.

Diante da negativa do próprio Sindicato, comandado há anos pelo mesmo grupo político e que não legitimava a paralisação das atividades da categoria; do Poder Público, que tentava desqualificar e criminalizar a iniciativa; e da imprensa corporativa, que destacava o acúmulo de lixo na cidade em detrimento da reivindicação trabalhista, os garis respondiam com atos criativos e assembleias diárias.

Reivindicações conquistadas

Ao não cederem às demissões e ameaças, e acelerarem o enfrentamento com agendamento de atos diários, os garis criaram um clima de confiança fundamental para que a luta por seus direitos fosse o elemento central de criação de um pacto de classe e da adesão de outros setores à causa.

O movimento de greve ocorreu de 1º a 08 de março e, com a instauração de um processo de participação real dos trabalhadores, os garis alcançaram aumento de 37% no salário-base, que passou de R$ 802 para R$ 1.100. Além disso, conseguiram ampliação do valor do tíquete-alimentação de R$ 12 para R$ 20 diários, pagamento de horas extras e adicional de 40% por insalubridade, plano odontológico e outros benefícios, contrariando uma proposta inicial distante das necessidades da categoria.

Os que limpam o lixo das ruas e calçadas diariamente fazem o trabalho mais sujo e um dos menos valorizado na nossa sociedade, apesar do uniforme laranja fluorescente, são invisíveis para boa parte das pessoas. Moram em favelas, são em sua maioria negros e têm um sindicato que não representa suas reais necessidades. Pressão popular que arrefeceu as bases que antes pareciam inflexíveis.

Com informações e fotos da Mídia NINJA.

Notícia colhida no sítio http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=79762

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