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Por 11:51 Sem categoria

De salários, bônus dos executivos e tarefa dos eleitos na Previ

Os funcionários acompanham há dois anos um debate que reflete a falta de propostas e de percepção do que é essencial na gestão de R$ 170 bilhões, que é a redução da discussão sobre Previ ao tema único: remuneração de seus diretores.

Tenta-se provar uma inverdade ao participante de que a remuneração da diretoria pode levar o fundo de pensão ao fundo do poço. O que é falso. Isto, além de ser um erro grosseiro querer tratar os dirigentes da Previ – eleitos e indicados – como párias, e não como funcionários do BB numa função para a qual foi designado ou eleito.

Não há como concordar com visão de que os responsáveis pela gestão do patrimônio pertencente a mais de 180 mil participantes, que envolve mais de 400 mil pessoas, quando considerados dependentes, e compromisso de mais de 70 anos somente para o Plano 1, tenham de abdicar de direitos e ainda mais, querer que sejam tratados de forma diferenciada de outros de mesmo posto na empresa, ou seja, com salários menores. Definitivamente, é não pensar que temos de ter na Previ os melhores nomes, os mais preparados. Além do compromisso de gerir bem o nosso patrimônio.

A defesa dos que veem na remuneração dos executivos da Previ um problema capaz de pô-la à bancarrota reflete tão somente a falta de visão e de capacidade para entender o universo que envolve sua gestão. Pois não são os salários e, sim erros de decisão sobre investimentos, na política de alocação e no planejamento de longo prazo que impactam a saúde financeira do plano e, por consequência, a vida de cada um dos participantes.

Pensar a Previ para além dos dias atuais demanda aprofundamento e conhecimento para opinar sobre sua missão. E, quando não há nem profundidade nem percepção para compreender o que verdadeiramente impacta na gestão de bilhões de reais, debates como o que sido posto com centro – a remuneração dos diretores – assumem relevância extrema por quem os defendem, numa tentativa de esconder fragilidades e falta de conteúdo.

O Pregador e a Prática

É fácil atirar pedras, mas para jogá-las, há de haver coerência no que cobra e no que faz ou fez quando se esteve em postos de comando.

Numa comparação simples, temos de um lado a Anabb, associação na qual, muitos do que criticam a remuneração na Previ foram diretores. A Anabb tem ativos em 2013 de pouco mais de R$ 61 milhões, comparativamente aos R$ 170 bilhões de ativos da Previ. A Anabb é uma entidade associativa com funções, sem nenhum desmerecimento, de menor responsabilidade que a Previ, que tem patrimônio milhões de vezes maior e mais complexa.

Os diretores da Anabb são remunerados com salários de executivos do BB e todas as vantagens que são pagas no banco, valores pagos com dinheiro dos associados. Enquanto isso, querem que na Previ a remuneração seja diminuída em relação às pessoas de cargos equivalentes no BB. Onde está a coerência? Por que será que não foi feito o mesmo quando estiveram como dirigentes a Anabb? Por que não se abriu ou se abre a discussão sobre os salários pagos naquela entidade e dos valores recebidos quando estiveram dirigindo a entidade.

Tarefa dos eleitos na Previ
Parece-me que o papel dos representantes eleitos deva ser de propor política de gestão e ações de longo prazo para nosso fundo de pensão. 

A mesma cobrança que se faz dos representantes indicados pelo banco, deve ser feita aos eleitos, tanto no que diz respeito ao quesito compromisso, como ao que diz respeito ao preparo para enfrentar e entender as necessidades e estratégias que possam assegurar os benefícios de todos os participantes.

A continuidade de um debate estéril, sem conteúdo, sem impactos para o plano no longo prazo, não pode ser tarefa principal dos que têm a missão de administrar a Previ, representando os participantes.

Preocupa-me que dirigentes eleitos não aumentem o horizonte de compreensão para entender a responsabilidade do que é administrar patrimônio de tal monta, pois ao priorizar temas sem relevância, demonstra-se inabilidade para avaliar e discutir com os associados aquilo que é relevante na gestão de um fundo de pensão, que é a forma de gerir seus investimentos e de melhorar os benefícios em compromisso de toda a vida.

Para finalizar o custo de pessoal da Previ, incluindo os mais 600 funcionários cedidos representa pouco mais de 0,09% do patrimônio do nosso fundo de pensão. Pare é pense. Apenas Vale do Rio Doce, representa mais de 20% do patrimônio da Previ; as empresas do setor elétrico 12%, Banco do Brasil outros 5%, Embraer outros 2%, entre outras.

O que deve receber maior importância na discussão com cada participante?

Francisco Alexandre
Ex-diretor de administração eleito da Previ 2003-2010

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